Municípios vinculados ao Cisape aderem à paralisação e mobilização contra a grave queda nos repasses do FPM para as prefeituras

23/08/23

Por Cidinha Medrado

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O Cisape – Consórcio Intermunicipal do Araripe, em nome do presidente Raimundinho Saraiva (Prefeito de Exu) publicou uma nota comunicando que todos os municípios consorciados, Afrânio, Araripina, Bodocó, Dormentes, Exu, Granito, Ipubi, Ouricuri, Moreilândia, Parnamirim, Santa Cruz, Santa Filomena e Trindade, vão aderir à paralisação e mobilização contra a grave queda nos repasses do FPM – Fundo de Participação dos Municípios para as prefeituras, que nos últimos meses enfrentam dificuldades financeiras por causa das quedas nos repasses.

“Diante desse cenário, o CISAPE vem a público prestar solidariedade aos movimentos municipalistas que estão se articulando em vários municípios, de vários estados brasileiros, que no próximo dia 30 de agosto vão suspender suas atividades como forma de protesto e sensibilização. A iniciativa conta com o apoio de entidades municipalistas, como Associação Municipalista de Pernambuco – AMUPE e outras prefeituras, que deverão se mobilizar com faixas de protestos estendidas nas fachadas de suas sedes e publicações explicativas em suas redes sociais”, diz a nota.

A paralisação não incluirá os serviços essenciais prestados pelas prefeituras, o objetivo é fazer com que o Governo Federal e o Congresso Nacional atentem para a situação dos municípios, que beira a um colapso. Em julho, a queda no FPM chegou a 34% em relação ao mesmo período do ano passado e o primeiro repasse de agosto foi 20,32% menor que os R$ 8,8 bilhões repassados no mesmo período de 2022, considerando como principais causas para a redução, a menor arrecadação do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e o aumento das restituições do Imposto de Renda.

Estudos realizados pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), afirma que 51% dos municípios estão no vermelho neste semestre devido à diminuição de receitas e aumento das despesas. Além da queda de 23,54% no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), neste mês de agosto, os municípios também amargam retenção das emendas parlamentares e atraso no repasse dos royalties de minerais e petróleo. Os municípios pernambucanos, em defendem o aumento de 1.5% no FPM sugerido PEC 25/2022.

Fiscalização do Tribunal de Contas constata que 47% dos municípios do Estado têm falta de alguma vacina

23/08/23

Por Cyntia Leite

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A fiscalização, realizada entre junho e julho deste ano, durou 40 dias e foi motivada pelas baixas coberturas vacinais entre crianças

RENATO RAMOS/JC IMAGEM

A fiscalização, realizada entre junho e julho deste ano, durou 40 dias e foi motivada pelas baixas coberturas vacinais.

Os resultados da operação foram divulgados nesta terça-feira (22), em coletiva de imprensa, na sede do TCE, no bairro da Boa Vista, Centro do Recife.

A blitz, entre outros indicadores, verificou a disponibilidade de quatro imunizantes, voltados a crianças no primeiro ano de vida.

Segundo a vistoria do TCE, há unidades básicas de saúde (UBSs) de saúde sem alguma destas vacinas: pneumocócica, tríplice viral, pentavalente e poliomielite. Para todas elas, por sinal, Pernambuco ficou abaixo da meta estabelecida, de imunizar 95% das crianças até 1 ano de idade.

Preocupa o fato de que, entre os 184 municípios avaliados, 47% apresentavam, no momento da vistoria, falta de alguma das quatro vacinas incluídas na análise.

A reportagem do JC consultou, na tarde desta terça-feira (22), o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). Foi verificado que, em 2022 e em 2023 (até o momento), Pernambuco não atingiu meta de cobertura vacinal de crianças para as quatro vacinas. Em 2022, as taxas variaram entre 51,17% e 80,43%; neste ano, de 51,97% a 54,54%.

“A grande motivação para a auditoria foi a queda na vacinação. Nosso objetivo é mostrar as causas aos gestores estaduais e municipais, especialmente pela falta de um trabalho de busca ativa. Esse é o ponto de maior importância na nossa fiscalização”, destacou o presidente Ranilson Ramos.

A blitz do TCE revelou que 69% dos municípios pernambucanos não realizam procedimento de busca ativa de crianças que ainda não estavam imunizadas contra as doenças.

“As unidades básicas de saúde possuem o controle das crianças que foram ou não vacinadas. Esse é o principal quesito que precisa ser melhorado para um avanço na imunização de nossas crianças“, frisou Ranilson.

O presidente acrescentou que uma das prioridades atuais do TCE é avaliar as políticas públicas voltadas ao atendimento à primeira infância.

Durante 40 dias, as equipes de auditoria do Departamento de Economia e Saúde e de Controle Externo Regional do TCE visitaram 1.662 unidades básicas de saúde em todos os 184 municípios. Foram observados itens como equipamentos, estrutura física, armazenamento de vacinas e profissionais envolvidos.

Com a fiscalização, o TCE traçou um panorama da vacinação em Pernambuco e classificou cada município por meio do Índice de Fiscalização do Programa Nacional de Imunizações (IFPNI), um indicador criado pelo próprio órgão estadual.

Dentro do IFPNI, os municípios foram classificados nos níveis satisfatório, moderado, grave ou crítico, conforme a situação encontrada nas salas de vacinação.

O índice varia em uma escala que vai de zero a 100 e reflete a adequação do município na execução do PNI.

IFPNI não considera a cobertura vacinal de cada município, mas analisa pontos que influenciam diretamente no alcance da taxa de imunização, como na qualidade do serviço prestado à população.

Os itens analisados se referem à estrutura física das salas de vacina, equipamento de refrigeração, processos de trabalho e equipes de saúde.

De acordo com o levantamento:

  • 23 municípios se enquadram no nível satisfatório de execução do PNI
  • 70 estão no nível moderado
  • 71 no grave
  • 20 no nível crítico

Os 10 municípios com os melhores resultados (classificação satisfatória) no Índice de Fiscalização do Programa Nacional de Imunizações (IFPNI):

  1. Santa Cruz – 93,74
  2. Lagoa dos Gatos – 91,89
  3. Cupira – 91,62
  4. São Vicente Férrer – 91,52
  5. Brejinho – 90,99
  6. Lagoa do Ouro – 90,62
  7. Poção – 90,62
  8. Solidão – 90,36
  9. Carpina – 89,91
  10. Bom Conselho – 89,82

Os 10 municípios com os piores resultados (classificação crítica) no Índice de Fiscalização do Programa Nacional de Imunizações (IFPNI):

  1. Chã de Alegria – 34,53
  2. Moreno – 38,40
  3. Ilha de Itamaracá – 41,45
  4. Canhotinho – 41,83
  5. Sairé – 41,94
  6. Xexéu – 42,41
  7. Orocó – 43,56
  8. Toritama – 44,21
  9. Buíque – 45,56
  10. Nazaré da Mata – 45,81
O QUE DIZ A SECRETARIA DE SAÚDE DE PERNAMBUCO

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde, por meio do Programa Estadual de Imunização, informa ao JC que é responsável pelo envio de imunobiológicos e insumos para os 184 municípios pernambucanos e Fernando Noronha, através das 12 Gerências Regionais de Saúde.

“Não há notícia formal de desabastecimento total de imunobiológicos”, diz.

A SES-PE também “reforça que toda queixa formal enviada pelos municípios é repassada ao Ministério da Saúde (MS), que faz reserva técnica estratégica para atender a demanda emergencial”.

Além disso, a pasta ressalta que, “no ano de 2022, houve desabastecimento, a nível nacional, de vacinas do calendário básico, como pentavalente e triplíce viral”.

Dessa maneira, a SES-PE acrescenta que, “a partir da contratação de novos fornecedores, o abastecimento vem sendo gradualmente normalizado, inclusive, com nova apresentação do frasco (doses) da vacina tríplice viral, facilitando a execução das ações dos municípios na operacionalização da vacinação, com diminuição de perdas e desperdícios de doses”.

PF intima Bolsonaro para depor em inquérito que apura discussão sobre golpe

23/08/23

Por: Renato Souza – Correio Braziliense

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Em grupos de mensagens, empresários defenderam golpe caso Lula ganhasse as eleições
Bolsonaro deve depor na quinta-feira (31/08) por pedir aos aliados que compartilhassem mensagens contra o TSE (foto: Ed Alves/CB/DA.Press)
Bolsonaro deve depor na quinta-feira (31/08) por pedir aos aliados que compartilhassem mensagens contra o TSE (foto: Ed Alves/CB/DA.Press)

A Polícia Federal intimou, nesta terça-feira (22), o ex-presidente Jair Bolsonaro para prestar depoimento em um inquérito que apura tentativa de golpe de Estado. O político é citado em algumas conversas e foram identificadas mensagens compartilhadas por ele que estariam incentivando atos antidemocráticos.

O ex-presidente deve depor na quinta-feira (31), em Brasília, de acordo com fontes da corporação ouvidas pelo Correio. Os investigadores encontraram mensagens de empresários incentivando e discutindo financiamento para um golpe de Estado. O inquérito corre sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Em uma das mensagens compartilhadas, o ex-presidente estaria questionando a integridade das urnas, sem provas e teria solicitado que seus contatos repassassem a mensagem, a fim de difundir as acusações em larga escala.

 

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo, arquivou investigações contra os empresários Afrânio Barreira Filho, José Isaac Peres, José Koury Junior, Ivan Wrobel, Marco Aurélio Raymundo e Luiz André Tissot. No entanto, concedeu mais dois meses para que a corporação investigue Luciano Hang e Meyer Joseph Nigri. Hang é acusado de ter ligação com Bolsonaro.

 

Contas Públicas: Câmara aprova o novo arcabouço fiscal

23/08/23

Agência O Globo

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Nova regra vai substituir o teto de gastos, criado em 2016 e que funcionou com várias exceções
Desenhado pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com a participação de técnicos de outras pastas, como as de Planejamento e Gestão, o novo arcabouço fiscal foi aprovado na Câmara 379 votos a favor e 64 contrários, e vai agora para a sanção presidencial.

O conjunto de regras vai permitir que o governo tenha recursos para programas sociais e para manter funcionando a máquina pública sem que haja um descontrole de gastos e um excesso de endividamento.

Manter as contas públicas em ordem é fundamental para que se aumente a confiança dos investidores na economia brasileira e, assim, haja espaço para o Banco Central continuar o ciclo de redução da taxa de juros do país, permitindo um maior crescimento econômico e a geração de mais empregos.

Entenda a seguir os principais pontos do projeto.

O que é e para que serve o novo arcabouço fiscal
O novo arcabouço vai substituir o teto de gastos, criado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), que impede o crescimento das despesas federais acima da inflação, ou seja, na prática congelando o tamanho da máquina pública e dos investimentos do governo.

Introduzido na Constituição brasileira em 2016, desde então o teto de gastos teve exceções aprovada por sete propostas de emendas constitucionais (PECs) que permitiram aumentos de despesas — o que, na visão de seus críticos, evidencia como o regime era excessivamente rígido.

A PEC da Transição, aprovada no fim do ano passado, previu o fim do teto de gastos e a criação de uma nova regra fiscal que seria instituída como lei, sem necessidade de previsão constitucional.

A nova âncora fiscal permitirá que os gastos públicos cresçam entre 0,6% e 2,5% acima da inflação. O objetivo de estabelecer uma banda para o avanço dos gatos é criar um mecanismo anticíclico: quando a economia estiver crescendo menos, o governo terá espaço para ampliar as despesas. Em tempos de bonança, a alta dos gastos fica mais limitada.

Como vai funcionar a nova regra
Na elaboração do Orçamento da União, as despesas poderão crescer num ritmo acima da inflação registrada no ano anterior. Mas essa expansão será atrelada ao aumento da arrecadação do governo. O governo só poderá gastar a mais o equivalente a 70% do incremento real (descontada a inflação) da arrecadação no ano anterior, dentro de uma faixa que garantirá ampliação das despesas entre 0,6% e 2,5% acima da inflação a cada ano.

Metas para contas públicas no azul

O encontro entre receitas e despesas da União perseguirão uma meta a cada ano. Atualmente, esse resultado (diferença entre despesas e receitas, sem contar o pagamento de juros) está negativo: a previsão é que o país terá déficit fiscal primário de 2,2% do PIB este ano.

O objetivo do novo arcabouço é sair do vermelho e zerar o déficit fiscal em 2024 e produzir, a partir de 2025, resultados positivos, no azul. Essas metas terão um intervalo de cumprimento em percentual do PIB. O texto prevê um superávit de 0,5% do PIB em 2025 e de 1% em 2026. A meta estará cumprida se oscilar 0,25 ponto percentual do PIB para cima ou para baixo.

Caso o resultado fique abaixo do piso da meta, os gastos no ano seguinte só poderão crescer o equivalente a até 50% da alta real da receita em vez de 70%. Se o resultado ficar acima do limite da meta, o excedente será usado para investimentos públicos, como obras de infraestrutura, saneamento e habitação. Estão sob as regras as despesas dos Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Haverá um piso para investimentos públicos
Atualmente, as restrições impostas pelo teto vêm reduzindo a parcela livre do Orçamento para investimentos. Com o novo arcabouço, haverá um mínimo de gastos desse tipo. A Fazenda propôs um piso de cerca de R$ 75 bilhões, atualizado anualmente pela inflação, mas o texto aprovado na Câmara definiu esse patamar em 0,6% do PIB, o que em 2024 representará algo em torno de R$ 60 bilhões.

O governo poderá gastar mais que isso se conseguir ampliar espaço no Orçamento sem desobedecer os critérios estabelecidos no arcabouço.

Gastos em 2024
Com o novo arcabouço, o crescimento das despesas em 2024 vai considerar, primeiramente, a arrecadação acumulada entre julho de 2022 e junho de 2023.

Depois será feita uma comparação entre a arrecadação de 2023 e o projetado para 2024. A diferença entre esses dois indicadores, se positiva, vira aumento real de despesas, limitado a 2,5%.

A cada Orçamento, o índice de inflação (IPCA) usado para corrigir os gastos será o acumulado num período de 12 meses até junho do ano anterior. Se o IPCA do ano fechado for maior, a diferença pode se tornar aumento de despesas.

Gatilhos obrigam ajustes se meta for descumprida
Na primeira rodada na Câmara, foram acrescentadas medidas de ajuste caso a meta fiscal do ano, fixada no início de cada governo, não seja cumprida.

Se isso acontecer por um ano, o governo fica proibido de: criar cargos ou funções que impliquem em aumento de despesas; alterar estrutura de carreiras do funcionalismo que possam elevar o gasto com pessoal; criar ou elevar auxílios para servidores públicos; conceder ou ampliar incentivos fiscais a empresas e setores econômicos.

Se o descumprimento da meta fiscal ocorrer por dois anos seguidos, além das restrições anteriores, o governo ficará proibido de conceder reajuste salarial ao funcionalismo e realizar concursos para a contratação de novos servidores. O presidente Lula conseguiu garantir que o reajuste do salário mínimo, que afeta benefícios do INSS, ficará preservado, fora das sanções previstas em caso de descumprimento da meta.

Presidente poderá propor ajustes ao Congresso
Em caso de descumprimento da meta e acionamento dos gatilhos, o presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional, acompanhada de um projeto de lei, propondo medidas de aumento de receitas ou de corte de gastos. Se as medidas forem suficientes para corrigir o rumo, os efeitos dos gatilhos serão reduzidos ou retirados.

Despesas obrigatórias não poderão superar 95%
Os deputados também incluíram um outro gatilho no arcabouço para forçar o equilíbrio fiscal. Quando as despesas obrigatórias (como salários, benefícios e repasses constitucionais com saúde e educação) atingirem 95% dos gastos totais, serão acionados todos os mecanismos de ajuste previstos para o caso de descumprimento da meta. Atualmente, as despesas obrigatórias são cerca de 90% do Orçamento.

Contingenciamentos ao longo do ano
A Câmara também mudou a proposta para a dinâmica de contingenciamento de gastos ao longo do ano, caso o monitoramento das despesas aponte que o governo está se distanciando da meta estabelecida. A União terá de bloquear na mesma proporção gastos com investimentos, custeio da máquina pública e emendas parlamentares.

Atualmente, é feito um relatório a cada dois meses para verificar se a meta fiscal está sendo cumprida. Se não estiver, o governo define quais gastos vai bloquear para garantir o cumprimento. Para o novo arcabouço, a Fazenda propôs relatórios de avaliação trimestrais, em março, junho e setembro, sem obrigação de contingenciamento.

Mas os deputados mantiveram os relatórios bimestrais, com contingenciamento linear obrigatório em caso de descumprimento, mas com limites. Será preciso preservar um nível mínimo de despesas discricionárias (que não são obrigatórias) consideradas necessárias ao funcionamento da máquina pública. A cada ano, será definido esse nível mínimo.

Descumprimento de meta pode levar a punição

O relator também fez alterações na forma como o presidente da República será punido se descumprir as metas fiscais. Atualmente, isso é considerado um crime de responsabilidade, passível de impeachment a ser decidido pelo Congresso. O governo propôs que o descumprimento da meta não mais caracterize crime de responsabilidade, mas os deputados mantiveram algum tipo de responsabilização do governante.

Só será considerado crime de responsabilidade o descumprimento da meta sem que o governo tenha feito contingenciamentos, respeitando os limites estabelecidos na lei, ou tenha autorizado gastos como a criação de cargos e auxílios em meio a um cenário de descumprimento do objetivo fiscal do ano.

Raquel Lyra envia para a Alepe pacote fiscal DescomplicaPE, com redução do IPVA, programa Divida Zero e ajustes nas regras do ICMS

23/08/23

ImprensaPE

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Além de dois projetos de lei enviados para apreciação dos deputados estaduais, pacote contará com Decreto da governadora que modifica a sistemática de substituição tributária em favor da indústria e do comércio

 

 

O Poder Executivo encaminhou para a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe) na noite desta terça-feira (22) o pacote de justiça fiscal Descomplica PE, composto por dois projetos que congregam uma série de modificações na sistemática tributária estadual com o objetivo de simplificar, desburocratizar e modernizar a cobrança de tributos estaduais, um dos compromissos da nova gestão.

Também compõe o Descomplica PE um Decreto estadual assinado pela governadora, que será publicado no Diário Oficial desta quarta-feira, modificando a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com a eliminação da cobrança antecipada para a indústria e revogação das Margens de Valor Agregado (MVA) para uma série de atividades econômicas vinculadas ao comércio. Com o decreto, as empresas do setor industrial que se enquadram nas especificações não estarão mais obrigadas a recolher o ICMS antecipadamente, melhorando os seus fluxos de caixa.

Em relação às modificações legislativas, o Governo do Estado está propondo dois projetos de lei, um ordinário e outro complementar. Em relação ao primeiro, que possui um amplo arcabouço de alterações distribuído em 47 páginas, as principais modificações são relativas ao ICMS e ao Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), com foco no realinhamento de alíquotas, adequações prévias à Reforma Tributária, diminuição de multas e juros, maior parcelamento de dívidas e facilitação da participação dos contribuintes nos processos de pagamentos de dívidas e no cumprimento das suas obrigações acessórias. (autorregulação – programa Coopera). Para se adequarem às normas tributárias e estarem vigentes a partir de janeiro de 2024, os projetos precisam ser sancionados até o final de setembro e por isso tramitarão em regime de urgência.

De acordo com a governadora Raquel Lyra, a essência do pacote de justiça fiscal enviado à Assembleia é facilitar a relação dos contribuintes com o Governo, reduzindo multas, ampliando parcelamento e fortalecendo a pactuação federativa com os municípios. “Nós temos o compromisso de trabalhar para somar forças com o setor produtivo, buscando caminhos que facilitem os negócios em Pernambuco. O Descomplica PE garante uma nova perspectiva na relação da Fazenda com o contribuinte, desburocratizando, reduzindo multas e abrindo a possibilidade de todos ficarem quites através do Dívida Zero, além de preparar o futuro de Pernambuco perante as modificações que virão com a Reforma Tributária”, registra.

A proposta governamental inclui ajustes na legislação do ICMS ainda referentes às leis complementares federais 192 e 194, ambas de 2022, que modificaram alíquotas relativas a produtos como combustíveis, energia elétrica e serviços de telecomunicação. Em relação a esses itens, não haverá qualquer modificação: as alterações são apenas adequações à nova legislação federal. A alíquota modal do ICMS (que não se adequa a vários produtos, como gasolina, óleo diesel, álcool combustível e cesta básica) passa a ser 20,5%, medida considerada fundamental em vista das alterações previstas na Reforma Tributária, que utilizará a média de arrecadação de 2024 a 2028 como parâmetro para compensações de possíveis perdas para os estados e municípios. Com a Reforma, o ICMS será substituído pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), arrecadado e distribuído por um conselho federativo nacional. Caso a média dos próximos quatro anos seja abaixo das expectativas, a arrecadação do Estado poderá ser prejudicada num prazo de 50 anos.

Segundo o secretário da Fazenda, Wilson José de Paula, o impacto anual caso não seja realizada a adequação na alíquota modal do ICMS será de R$ 2,8 bilhões. “A adequação é importante porque não podemos deixar que a fotografia dos próximos cinco anos esteja descalibrada da realidade. Isso resultaria em prejuízos para Pernambuco por várias décadas. O nosso pacote de justiça fiscal estabelece uma nova relação entre a Fazenda e o contribuinte, fortalecendo uma relação de confiança. Além disso, estamos garantindo o menor IPVA do Nordeste, com vários avanços para o contribuinte”, afirma. Como a arrecadação do ICMS é distribuída com os municípios (25%), a medida também atende demanda da pactuação federativa em meio às dificuldades fiscais enfrentadas pelas prefeituras atualmente.

O Descomplica PE estabelece alterações também no IPVA, que terá em Pernambuco a menor alíquota do Nordeste: 2,4% para automóveis. Outras novidades são o parcelamento da cota do imposto de três para dez parcelas, a possibilidade de parcelamento da dívida em até 60 meses, a limitação das multas em até 15% (atualmente é 100%) do valor do imposto e a ampliação das isenções para portadores de síndrome de down, mototaxistas e transporte escolar com sete passageiros, já incluindo o condutor. A proposta do Governo de Pernambuco também reduz a alíquota para automóveis de até R$ 100 mil movidos a Gás Natural (GNV) para 1,5%, desde que com equipamentos comprados e instalados no território pernambucano.

DÍVIDA ZERO – Além do projeto ordinário, a outra matéria proposta pelo Executivo é um projeto de lei complementar que estabelece para este ano a implantação do Dívida Zero, um Programa Especial de Recuperação de Créditos Tributários para todos os impostos estaduais – o ICMS, o IPVA e o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de quaisquer Bens ou Direitos (ICD). O Dívida Zero garante redução de multas em 90%, de juros em 95% e o parcelamento das dívidas em até sessenta meses. A oportunidade para o contribuinte ficar em dia com a Fazenda permitirá um incremento de arrecadação previsto em cerca de R$ 250 milhões ainda em 2023.

PRINCIPAIS MUDANÇAS:

ICMS
– Parcelamento do crédito tributário relativo ao ICMS será desburocratizado por meio da retirada de regras proibitivas e limitativas
– Instituição do Programa de Autorregularização e Conformidade Tributária – Coopera, consistindo basicamente em estimular a autorregularização dos contribuintes do ICMS mediante a adoção de medidas que assegurem a sua espontaneidade
– Modificação das regras relativas ao ressarcimento, com vistas a facilitar e agilizar a devolução do imposto antecipado a maior pelo contribuinte
– Ajuste da alíquota modal para 20,5%, a partir de 1º de janeiro de 2024.

IPVA
– Para automóveis, alíquota passa para 2,4%
– Ampliação de 3 para 10 a quantidade de cotas para pagamento do imposto
– Aplicação de benefícios fiscais, em especial aqueles concedidos a pessoas com deficiência, antes mesmo da conclusão da análise do processo de reconhecimento dos mencionados benefícios pela Secretaria da Fazenda
– Automóvel movido a gás natural, cujo valor da respectiva base de cálculo seja igual ou inferior a R$ 100 mil, passa de 2,5% para 1,5%
– Isenção para veículo destinado ao transporte escolar com capacidade superior a 7 (sete) passageiros
– Isenção para portadores de síndrome de down
– Isenção para motocicleta e veículo similar utilizados na categoria táxi
– Multa de 100% é substituída por multa de 0,25% do valor do imposto, por dia de atraso, tendo por limite máximo de 15%. A medida beneficiará, aproximadamente, 690 mil contribuintes e 837 mil veículos

Sobre o Processo Administrativo Tributário
– Relativamente ao imposto declarado pelo contribuinte, será feita a substituição das atuais multas de 40% e 60% pela multa de 0,25% do valor do imposto, por dia de atraso, tendo por limite máximo 15%
– A atualização monetária dos tributos estaduais será limitada, calculada com base na variação do Índice de Preços ao Consumidor – IPCA, ao valor da taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic
– A taxa de juros de 1% ao mês será substituída pelo resultado da diferença positiva entre a taxa Selic e a atualização monetária

Sobre os créditos não tributários
– Multas relativas ao descumprimento de obrigação tributária principal serão reduzidas a apenas três
– Limite de cotas para parcelamento do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos – ICD passará de 12 para 60

foto: Janaína Pepeu/Secom

Citado em relatório do Coaf, ourives Heitor Cunha diz não saber motivo de transferência para Mauro Cid


Segundo a PF, indícios contra pessoas próximas a Bolsonaro surgiram a partir de material encontrado no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid — Foto: Reprodução/Jornal Nacional

Segundo a PF, indícios contra pessoas próximas a Bolsonaro surgiram a partir de material encontrado no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid — Foto: Reprodução/Jornal Nacional

O ourives citado no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por fazer uma transferência bancária para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), confirmou ao g1 ter feito o depósito, mas disse não poder fornecer provas a pedido da Polícia Federal. Heitor Garcia Cunha, que é joalheiro e dono de uma loja de aparelhos eletrônicos, em Goiânia, disse não saber o motivo da transação.

“Não tenho nada a ver, não o conheço, nunca o vi, não sei quem é. Fiquei sabendo agora”, afirma.

O documento, que foi obtido pelo jornal O Globo, detalha que Heitor depositou uma parcela única de R$ 20.520 para Mauro Cid, em 2022. O g1 tentou na tarde desta segunda-feira (21) falar com o advogado Cezar Roberto Bitencourt, que representa o tenente-coronel, para solicitar um posicionamento, mas não obteve sucesso até a última atualização desta reportagem.

Oficial com mais de 20 anos de Exército, Mauro Cesar Barbosa Cid ocupou o cargo de ajudante de ordens do ex-presidente nos quatro anos de mandato. O tenente-coronel é investigado pela Polícia Federal (PF) suspeito de desviar e tentar vender ilegalmente as joias e relógios presenteados por delegações estrangeiras à Presidência da República em viagens oficiais.

Heitor é ourives, dono de uma banca especializada na venda de aparelhos eletrônicos no Hipercamelódromo OK, no Setor Campinas, e foi citado pelo relatório do Coaf. Em entrevista ao g1, ele confirmou que realizou o depósito para Mauro Cid em junho de 2022, mas detalha que recebeu os dados de terceiros e que não se lembra o motivo da transação.

“Tudo é um mal entendido de um depósito que eu fiz para conta de uma pessoa que outra pessoa me passou os dados”, afirma.

O joalheiro conta que não tem nenhuma participação no “esquema” e que, inclusive, desconhece o tenente-coronel. “Uma pessoa me passou a conta para fazer o depósito para fazer o pagamento para ele”, disse. Heitor alega ainda que essa é uma prática “normal” de qualquer comerciante, que, segundo ele, recebe a chave Pix para fazer pagamentos no dia-a-dia.

Questionado se a transação foi realizada para a banca no camelódromo ou algum serviço de joalheria e o motivo dela, o Heitor afirmou que não se lembra, mas que entregou os comprovantes e conversas para a Polícia Federal (PF). Além disso, informou que prestou depoimento e contou a história, que, para ele, é um um mal entendido envolvendo o nome dele.

O caso das joias

A venda ilegal de joias dadas como presentes ao ex-presidente Jair Bolsonaro durante o mandato dele é alvo de investigações da Polícia Federal (PF).

No dia 11 de agosto, uma operação da PF cumpriu mandados de busca e apreensão envolvendo pessoas ligadas ao ex-presidente, como o advogado Frederick Wassef, que já defendeu a família Bolsonaro, e o ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid.

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