Governo do Estado garante ações em defesa do ramal Salgueiro-Suape na Transnordestina

09/05/23
Ascom Alepe
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O Governo do Estado está comprometido com a construção do traçado completo da Ferrovia Transnordestina,  incluindo o ramal Salgueiro – Suape. A garantia foi dada pelo secretário de Desenvolvimento Econômico  de Pernambuco,  Guilherme Cavalcanti. Ele participou da reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Transnordestina, nesta segunda, para responder perguntas formuladas pelo Colegiado. O ramal Salgueiro-Suape foi retirado do projeto no final do ano passado, a partir da assinatura de um aditivo do contrato entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres, ANTT, e a empresa privada Transnordestina Logística SA.

Guilherme Cavalcanti acredita que há interesse do Governo Federal em manter Suape no projeto e espera para os próximos meses a formulação de um novo modelo que permita a retomada das obras. “Nós estamos fazendo uma defesa muito forte, e estamos sendo irredutíveis, no trecho que liga Salgueiro ao Porto de Suape. Nós já temos ciência de todos os caminhos e possibilidades que estão postos à mesa e vamos agora defender aquilo que é melhor para o Estado de Pernambuco. Estou convicto de que muito em breve vamos estar anunciando a retomada de uma estratégia ferroviária para o país como um todo, e não apenas o atendimento casuístico do interesse de fulano ou de sicrano.”

O secretário esclareceu também que o estudo de viabilidade da obra usado para embasar a mudança de traçado não aponta necessariamente para a exclusão do eixo até Suape. Segundo ele, a decisão foi uma dentre as várias possibilidades apontadas no documento, que analisava a viabilidade do empreendimento do ponto de vista do parceiro privado. A Secretaria entende ainda que não há necessidade de manter a construção paralisada até a conclusão do chamado encontro de contas, parte do processo de apuração,  pelo Tribunal de Contas da União, de possíveis irregularidades no que já foi  executado da obra.

Em Pernambuco, segundo o mapa de execução apresentado durante a reunião, a obra está concluída até Custódia, no Sertão do Moxotó, e o túnel de passagem no município de Salgueiro, no Sertão Central, também foi escavado. O orçamento estimado para implantar a linha até Suape é de aproximadamente 5 bilhões de reais.

Coordenador da Frente Parlamentar em defesa da Transnordestina, o deputado João Paulo, do PT, pretende debater o tema com a bancada federal pernambucana na próxima segunda-feira, na Assembleia. “Nós tivemos aqui já grandes esclarecimentos, eu acho que hoje fechou aqui uma grande unidade do Parlamento com o Governo do Estado na defesa da Transnordestina, e também vamos nos deslocar para Salgueiro, para que a gente possa fazer uma reunião com audiência lá, para ouvir a região”.

A reunião desta segunda-feira contou com a participação de representantes sindicais de Petroleiros, Ferroviários e Metroviários, e do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura.

A Democracia está de LUTO: Rita Lee, rainha do rock brasileiro, morre aos 75 anos

09/05/23

Por G1

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Rita Lee, rainha do rock brasileiro, morre aos 75 anos; relembre carreira

Rita Lee, uma das maiores cantoras e compositoras da história da música brasileira, morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos. Ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e vinha fazendo tratamentos contra a doença.

A família da cantora divulgou um comunicado nas redes sociais dela: “Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”. O velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira (10), das 10h às 17h.

Rita, a padroeira da liberdade
Rita Lee em foto de março de 1969 — Foto: Estadão Conteúdo/Arquivo
Rita Lee em foto de março de 1969 — Foto: Estadão Conteúdo/Arquivo

 

Rita ajudou a incorporar a revolução do rock à explosão criativa do tropicalismo, formou a banda brasileira de rock mais cultuada no mundo, os Mutantes, e criou canções na carreira solo com enorme apelo popular sem perder a liberdade e a irreverência.

Sempre moderna, Rita foi referência de criatividade e independência feminina durante os quase 60 anos de carreira. O título de “rainha do rock brasileiro” veio quase naturalmente, mas ela achava “cafona” – preferia “padroeira da liberdade”.

Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. O pai, Charles Jones, era dentista e filho de imigrantes dos EUA. A mãe, a italiana Romilda Padula, era pianista, e incentivou a filha a estudar o instrumento e a cantar com as irmãs.

Aos 16 anos, Rita integrou um trio vocal feminino, as Teenage Singers, e fez apresentações amadoras em festas de escolas. O cantor e produtor Tony Campello descobriu as cantoras e as chamou para participar de gravações como backing vocals.

Os Mutantes
Os Mutantes, grupo formado por Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sergio Dias, com Gilberto Gil em foto de março de 1972 — Foto: Acervo Estadão Conteúdo

Os Mutantes, grupo formado por Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sergio Dias, com Gilberto Gil em foto de março de 1972 — Foto: Acervo Estadão Conteúdo

 

Em 1964 ela entrou em um grupo de rock chamado Six Sided Rockers que, depois de algumas mudanças de formações e de nomes, deu origem aos Mutantes em 1966. O grupo foi formado inicialmente por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias.

Eles foram fundamentais no tropicalismo, ao unir a psicodelia aos ritmos locais, e se tornaram o grupo brasileiro com maior reconhecimento entre músicos de rock do mundo, idolatrados por Kurt Cobain, David Byrne, Jack White, Beck e outros.

O trio acompanhou Gilberto Gil em “Domingo no parque” no 3º Festival de Música Popular Brasileira da Record, em 1967, e Caetano Veloso em “É proibido proibir” no 3º Festival Internacional da Canção, da Globo em 1968, dois marcos da tropicália.

Os Mutantes também participaram do álbum “Tropicália ou Panis et Circensis”, de 1968, a gravação fundamental do movimento.

Ela fez parte dos Mutantes no período mais relevante e criativo da banda, de 1966 a 1972. Gravou “Os Mutantes” (68), “Mutantes” (69), “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado” (70), “Jardim Elétrico” (71) e “Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz” (72).

O fim do relacionamento com Arnaldo Baptista coincidiu com a saída dela dos Mutantes. O primeiro álbum solo foi “Build up”, ainda antes de deixar a banda, em 1970. Ela também lançou “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”, em 1972, ainda gravado com o grupo.

A carreira solo
Rita Lee durante gravação do especial 'Mulher 80', exibido na Globo em 1979 — Foto: Nelson Di Rago/TV Globo/Arquivo

Rita Lee durante gravação do especial ‘Mulher 80’, exibido na Globo em 1979 — Foto: Nelson Di Rago/TV Globo/Arquivo

A carreira pós-Mutantes tomou forma com o grupo Tutti Frutti, no qual ela gravou cinco álbuns, com destaque para “Fruto proibido”, de 1975, que tinha a música “Agora só falta você”.

A partir de 1979, ela começou a trabalhar em parceria com o marido Roberto de Carvalho, e se firmou de vez na carreira solo. Ela escreveu e gravou canções de pop-rock com grande sucesso.

Um dos álbuns mais bem sucedidos foi “Rita Lee”, de 1979, com “Mania de Você”, “Chega mais” e “Doce Vampiro”. No disco de mesmo título do ano seguinte, ela segue na direção mais pop e faz ainda mais sucesso com “Lança perfume” e “Baila comigo”.

Ela era uma roqueira popular antes e depois de o gênero se tornar um fenômeno comercial no Brasil em meados dos anos 80. Entre os álbuns de destaque estiveram “Saúde” (1981) e “Rita e Roberto” (1985), com o qual os dois subiram ao palco do primeiro Rock in Rio.

Adeus a Rita Lee: relembre parcerias inesquecíveis da rainha do rock brasileiro

Adeus a Rita Lee: relembre parcerias inesquecíveis da rainha do rock brasileiro

Entre 1991 ela começou um período de quatro anos separada de Roberto de Carvalho. O retorno foi em 1995, na turnê do álbum “A marca da Zorra”, quando ela também abriu os shows dos Rolling Stones no Brasil. No ano seguinte, eles se casaram no civil após 20 anos juntos.

Em 1996, ela caiu da varanda do seu sítio, sob efeito de remédios, e quebrou o recôndito maxilar. Rita começou a tentar largar o álcool e as drogas, mas disse ao “Fantástico” que só conseguiu fazer isso em janeiro de 2006.

Em 2001, RIta Lee ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa com “3001”. Ela ainda teria mais cinco indicações ao prêmio, e receberia em 2022 o prêmio de Excelência Musical pelo conjunto da obra.

Em 2012, ela anunciou que deixaria de fazer shows por causa da fragilidade física. “Me aposento dos shows, mas da música nunca”, ela escreveu no Twitter.

Em 28 de janeiro daquele ano, no Festival de Verão de Sergipe, ela fez o show anunciado como último da carreira, quando ela discutiu com um policial. Ela foi acusada de desacato à autoridade, levada à delegacia e liberada em seguida.

Rita Lee realmente nunca mais fez uma turnê. Mas ainda fez um show no Distrito Federal no fim de 2012, em que abaixou a calça para o público, e cantou no aniversário de São Paulo em 2013, ovacionada pelo público de sua cidade.

Seu último álbum de canções inéditas em estúdio saiu em abril de 2012. “Reza” era, então, seu primeiro trabalho de inéditas em nove anos. A faixa-título foi a música de trabalho, definida por ela como “reza de proteção de invejas, raivas e pragas”.

Ao todo foram 40 álbuns, sendo 6 dos Mutantes, 34 na carreira solo.

As autobiografias
A cantora e compositora Rita Lee posa na noite de lançamento de sua autobiografia na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, região central de São Paulo — Foto: Ale Frata/Código19/Estadão Conteúdo

A cantora e compositora Rita Lee posa na noite de lançamento de sua autobiografia na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, região central de São Paulo — Foto: Ale Frata/Código19/Estadão Conteúdo

Em 2016, ela lançou “Rita Lee: uma autobiografia”. Uma das revelações do livro foi que ela foi abusada sexualmente aos seis anos de idade por um técnico que foi consertar uma máquina de costura de sua mãe em casa.

No livro, um sucesso de vendas, ela também falou com sinceridade sobre episódios da carreira, como quando foi expulsa dos Mutantes em 1972, e da vida pessoal, como a luta contra o alcoolismo.

Além da autobiografia, Rita Lee tem uma longa trajetória como escritora. A série “Dr. Alex” é de 1983, mas foi relançada em 2019 e 2020 e tem foco na luta pela causa animal e ambiental da cantora. Em março de 2023, ela anunciou “Outra Autobiografia”, que está em pré-venda.

Ela também escreveu “Amiga Ursa: Uma história triste, mas com final feliz” na literatura infantil. “FavoRita”, “Dropz”, “Storynhas” e “Rita Lírica” são outros livros escritos pela cantora.

Na TV, Rita participou das novelas “Top Model”, “Malu Mulher”, “Vamp” e “Celebridade” em participações especiais.

Diagnóstico de câncer

Em maio de 2021, Rita Lee foi diagnosticada com câncer de pulmão. Ela seguiu tratamentos de imunoterapia e radioterapia.

Quatro meses depois, ela lançou o último single da carreira, “Changes”, em parceria com o marido Roberto de Carvalho e o produtor Gui Boratto.

Em abril de 2022, seu filho Beto Lee escreveu que ela estava curada do câncer.

Nos últimos anos, ela viveu em um sítio no interior de São Paulo com a família. Ela deixa três filhos: Roberto, João e Antônio.

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Codevasf : Deputado bispo da Universal direcionou R$ 2,3 milhões em verba pública para asfaltar fazenda ligada à Igreja

09/05/23

Por Patrik Camporez — Brasília

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O deputado Márcio Marinho, imagem da fazenda Nova Canãa, na Bahia, e das obras de pavimentação no local
O deputado Márcio Marinho, imagem da fazenda Nova Canãa, na Bahia, e das obras de pavimentação no local Reprodução/Instagram

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) usou dinheiro público para pavimentar um conjunto de ruas dentro de uma fazenda privada ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, na cidade de Irecê, no interior da Bahia. A obra, concluída em abril do ano passado, custou R$ 2,3 milhões e abrange uma área de 25 mil metros quadrados, o equivalente a três campos de futebol. Os recursos foram enviados a pedido do deputado Márcio Marinho (Republicanos-BA), que é bispo da igreja, por meio de uma emenda da bancada da Bahia destinada à estatal.

Ao GLOBO, Marinho afirmou ter apresentado o pedido para realizar a obra diretamente à presidência da Codevasf, o que foi atendido. “Como de praxe, quando se trata do encaminhamento de recursos para realização de obras, foi enviado ofício à Codevasf diretamente”, disse o deputado, em nota. A emenda parlamentar é um instrumento por meio do qual deputados e senadores podem destinar verbas do Orçamento da União aos seus redutos eleitorais.

‘Não se repetirá’

Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) concluída no fim de março apontou irregularidades no uso de recursos do Orçamento para asfaltar a propriedade privada. Em resposta aos auditores, a Codevasf justificou o investimento ao afirmar que a instituição beneficiada pela obra presta serviços de caráter social e sem fins lucrativos, o que, na visão da estatal, “assemelha-se a caráter público”. Informou, contudo, que “tal tipo de situação não se repetirá” e alterou procedimentos internos para evitar que novos gastos sejam autorizados em áreas que não sejam públicas. A CGU informou que ainda analisa as respostas dadas pela estatal para o asfaltamento de ruas em propriedade privada para decidir quais medidas irá tomar.

O local tque teve as ruas asfaltadas com recursos da União é a Fazenda Canaã, que está em nome da Associação Beneficente Projeto Nordeste, instituição que tem bispos da Universal como presidente e como vice-presidente. Além de vias pavimentadas, a área tem piscina, campo de futebol, playground e quadra esportiva. O local abriga um projeto que oferece atividades educacionais e esportivas a crianças da região e é mantido pelo Instituto Ressoar, braço social da Record TV, emissora do bispo Edir Macedo, fundador da igreja.

Questionada, a Universal informou apoiar o projeto, mas não ser a responsável pela fazenda. O Instituto Ressoar e a Associação Beneficiente Projeto Nordeste, por sua vez, não responderam aos questionamentos feitos pela reportagem.

A história da Fazenda Canaã e as atividades desenvolvidas nela, contudo, estão diretamente ligadas aos líderes da Universal. A propriedade de 500 hectares foi adquirida ainda na década de 1990 pelo sobrinho de Edir, o ex-prefeito do Rio e atualmente deputado Marcello Crivella (Republicanos-RJ), bispo licenciado da igreja. A ideia dos religiosos era usar a área para ajudar a amenizar o problema da fome na região.

Em entrevistas dadas na época, Crivella afirmou ter se inspirado na experiência de kibutzes israelense para desenvolver um projeto de produção de alimentos na Fazenda Canaã. Em declaração publicada no site da própria Universal sobre a iniciativa, ele conta ter trazido ao Brasil especialistas do país do Oriente Médio para ensinar técnicas de plantio, além de ter importado os equipamentos de irrigação usados nas plantações. Crivella costuma explorar imagens do projeto em suas campanhas eleitorais.

Procurado, o deputado não respondeu sobre o uso de recursos públicos para asfaltar a propriedade. Em nota, afirmou apenas já ter doado “cerca de R$ 52 milhões para o Projeto Canaã” por meio de recursos próprios.

Márcio Marinho e o presidente da Codevasf, Marcelo Moreira — Foto: Reprodução/Instagram

Márcio Marinho e o presidente da Codevasf, Marcelo Moreira — Foto: Reprodução/Instagram

 

Segundo dados da Receita Federal, a associação que hoje consta como proprietária da Fazenda Canaã é presidida pelo bispo Sérgio Corrêa. Ele consta ainda como administrador de duas redes de rádio que transmitem cultos da Universal. Procurado desde a semana passada por e-mail e telefone, Corrêa não retornou.

A Universal também está vinculada ao Republicanos, partido de Marinho e de Crivella. A legenda foi criada em 2005 para funcionar como um braço político da igreja e deu sustentação ao governo de Jair Bolsonaro ao lado do PP e do PL.

 Funcionário realiza serviço de pavimentação: custo de R$ 2,3 milhões — Foto: Reprodução/Codevasf

Funcionário realiza serviço de pavimentação: custo de R$ 2,3 milhões — Foto: Reprodução/Codevasf

Máquinas e carros

O asfaltamento das ruas não foi o único investimento de dinheiro público na propriedade privada ligada à igreja. Em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, a Codevasf doou uma série de equipamentos para a associação dirigida pelos bispos da Universal. A lista inclui uma retroescavadeira, duas caminhonetes e um van que, somados, chegam a R$ 658,5 mil.

Além disso, em novembro do mesmo ano, a associação recebeu da estatal dois carros populares, modelo Ford Ka, por cerca de R$ 60 mil cada um e doou à entidade.

Procurada pelo GLOBO, a Codevasf informou que a avaliação técnica e jurídica da companhia entendeu que “a associação atende a todos os requisitos e exigências legais para o recebimento de bens ou recursos públicos”. Os veículos de pequeno porte, segundo a estatal, são empregados pelas instituições beneficiadas em atividades de suporte administrativo. Sobre a pavimentação das vias, a empresa manteve a justificativa dada à CGU e afirmou, em nota, entender que os “beneficiários finais da obra são a população atendida pelas atividades da entidade”, diz a companhia.

Leia Mais:

Raquel Lyra recebe lideranças de povos indígenas pernambucanos e acolhe suas demandas voltadas à educação

09/05/23

Imprensa PE

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A governadora Raquel Lyra recebeu (foto), , nesta segunda-feira (8), no Palácio do Campo das Princesas, representantes de diversos povos indígenas para dialogar sobre as necessidades das comunidades nas quais esses grupos vivem. Na ocasião, a gestora ouviu os pedidos das lideranças, focados na pauta da educação, e conversou sobre possíveis caminhos para solucionar os problemas apresentados. O deputado federal Túlio Gadêlha também esteve presente na reunião.
 
“Das demandas apresentadas hoje, algumas são simples de se resolver e outras nem tanto, mas uma coisa eu garanto, aqui os povos indígenas de Pernambuco vão ter voz. A gente vai andar pelas escolas indígenas e não vai deixar nenhuma para trás. Vamos buscar cada estudante com dificuldade de chegar à sala de aula. Vamos construir as soluções de cada área, planejando a educação como um todo e especialmente a educação indígena”, afirmou a governadora.
 
Entre as reivindicações feitas pelo grupo estão a criação de uma política específica para transporte escolar indígena, a formação da categoria de professor escolar indígena, melhorias na estrutura da rede escolar e recuperação das estradas para deslocamento das populações. 
 
“Fico muito satisfeito em estar aqui no Palácio com os povos indígenas, pois eu nunca vi uma governadora receber esse grupo tão importante para o nosso País e para Pernambuco no começo de uma gestão”, ressaltou Túlio Gadêlha, que entregou um documento elencando outros temas relevantes para a população originária.
 
Neguinho Truká, que esteve na reunião, comentou a importância dos pedidos feitos à Raquel, que podem vir a beneficiar todos os povos indígenas de Pernambuco. “A gente defende a criação de uma política de educação indígena no Estado que atenda ao nosso desenvolvimento. Esperamos a compreensão da sociedade pernambucana em relação aos nossos povos”, ressaltou. O secretário estadual da Casa Civil, Túlio Vilaça, também acompanhou o evento.
 
Fotos: Hesíodo Góes/Secom

Em áudio, Bolsonaro chama suspeito de fraudar vacinação contra Covid de ‘segundo irmão’

09/05/23

Por Fantástico

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Em áudio, Bolsonaro chama suspeito de fraudar vacinação contra Covid de 'segundo irmão'

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou um áudio pouco antes das eleições de 2022 chamando Ailton Gonçalves Moraes Barros, apontado como operador das fraudes em cartões de vacinação em Duque de Caxias (RJ), de “segundo irmão”Ouça acima.

O áudio foi revelado pelo jornal “Extra” e obtido pelo Fantástico. O ex-major Ailton Barros foi preso na quarta-feira (3) durante operação da Polícia Federal contra falsificação de cartões de vacina contra a Covid-19. Ao todo, seis pessoas foram presas na ação.

Barros é apontado como homem de confiança de Bolsonaro. Ele acompanhava o ex-presidente em viagens e apoiou o ex-presidente nas últimas eleições. O ex-major também foi votar com o presidente nas eleições.

Um pouco antes, em campanha para deputado estadual, recebeu o áudio.

“Ailton, você sabe, você um velho colega meu, paraquedista. Tu é meu segundo irmão, né? Primeiro é o Hélio Negão, depois é você. Tu sabe o carinho que tenho contigo, da nossa amizade. Eu nem posso declarar meu voto, né? Mas você é um cara que eu gostaria muito que tivesse sucesso aí no Rio, tá ok?”, disse.

Expulso do Exército em 2008, Barros tem uma extensa ficha na Justiça Militar. Ele é réu em 13 processos, com anotações como tentativa de abuso sexual, diversos episódios de violência contra militares, atropelamento e desacato a superiores.

Barros também chegou a ser preso administrativamente sete vezes. Desde a expulsão do Exército, a esposa dele passou a receber, dentro da lei, uma pensão integral. Atualmente o valor é de R$ 22,8 mil.

 

Torres diz à PF que queria combater crimes eleitorais e que viagem à Bahia foi ideia do diretor-geral

09/05/23
Por Márcio Falcão, TV Globo — Brasília
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Anderson Torres presta depoimento à PF
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres afirmou em depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira (8) que jamais interferiu nos planejamentos operacionais da Polícia Rodoviária Federal durante as eleições presidenciais de 2022 e que sua única preocupação era com o combate a crimes eleitorais, independentemente de candidato ou partido.

No depoimento de cerca de duas horas no inquérito que apura a atuação da PRF nas eleições do ano passado, o ex-ministro respondeu a todas as perguntas. Há suspeita de que a PRF tenha agido para dificultar o acesso de eleitores às urnas, principalmente no Nordeste.

A PF também apura uma viagem do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro à Bahia, às vésperas do segundo turno.

Torres afirmou à PF que a ideia da viagem partiu do diretor-geral da instituição, Márcio Nunes, que o convidou para visitar a obra da Superintendência no estado.

Ele também negou ter determinado à superintendência da PF da Bahia que atuasse em conjunto com a PRF na fiscalização comum de rodovias.

Investigadores avaliam se a presença de Torres na Bahia representou pressão do governo Bolsonaro à superintendência regional para favorecer o então presidente da República com o uso da máquina.

Em relação à ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar, que apresentou diretamente ao ex-ministro um mapeamento de inteligência sobre o resultado do primeiro turno das eleições do ano passado, Torres disse que recebeu o boletim de inteligência, mas não compartilhou nem com a PRF nem com a superintendência.

Santa Cruz vence Iguatu (CE) no Arruda e começa bem a Série D

09/05/23
Por G1
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Com gol de Pipico, Tricolor conquista a primeira vitória na competição
  • Resumão

    Com o apoio de mais de 13 mil torcedores, o Santa Cruz inicia bem a Série D, vencendo o Iguatu-CE por 1 a 0. Pipico, autor no único gol da partida, marcou no início do segundo tempo.

     

    Melhores momentos de Santa Cruz 1 x 0 Iguatu, pela Série D

    Melhores momentos de Santa Cruz 1 x 0 Iguatu, pela Série D

  • Como fica?

    Com a vitória, o Santa Cruz soma três pontos e entra no G4, assumindo a terceira posição, empatando em pontos com Sousa (1º) e Nacional de Patos (2º), mas ficando atrás por conta do saldo de gols. Já o Iguatu está em sexto, sem pontuar.

  • Agenda

    O Tricolor volta a campo às 17h do próximo domingo, contra o Potiguar de Mossoró, em Mossoró em estádio ainda a definir. Já o Iguatu vai receber o Nacional de Patos no sábado, às 16h, no Morenão, no Ceará.

  • Primeiro tempo

    O Santa Cruz começou o primeiro tempo apressado. Com marcação intensa e transição rápida, o Tricolor impedia o avanço do Iguatu, que tinha as suas bolas interceptadas por Pingo no meio de campo. Controlando as ações, a equipe do técnico Felipe Conceição fez boas triangulações com Nadson, Chiquinho e Pipico. Para sair o gol, faltou capricho no último passe para dar boas condições de finalização. Pela equipe cearense, as chances criadas foram em sua maioria de bola parada, chegando através de escanteio. De susto para Michael, Regineldo mandou perto da bola. Mas o placar terminou zerado.

  • Segundo tempo

    Tentando manter o mesmo ímpeto da etapa inicial, o Santa Cruz queria marcar um gol já no início para acalmar os ânimos. Mas por muito pouco que o marcador não era alterado pelo lado oposto… Ze Love assustou os tricolores presentes quando cabeceou no canto direito de Michael, que fez a defesa. Na sequência, aproveitando a troca de passes perigosa que o Iguatu fazia na entrada da área, o goleiro Marcelo tentou sair, mas chutou direto para Lucas Silva, que achou Pipico na área. O camisa 9 mergulhou cabeceando, direcionando a bola para o fundo das redes, aos oito minutos. Apesar de continuar criando as chances, o Santa não conseguia ampliar o placar. Na reta final, o Iguatu – com o efeito das mudanças – começou a ganhar mais campo e assustar, levando muito perigo a Michael, mas não conseguiu converter em gols e não alterou o resultado final.

  • Que presente!

    Antes de o jogo iniciar, um torcedor mirim invadiu o gramado com um cartaz: “Pipico, hoje é meu aniversário. Me dá sua camisa de presente por favor. Sou seu fã”. O atacante coral demonstrou surpresa ao ver o torcedor em campo, mas retribuiu com um abraço, falou algo e pediu calma aos seguranças que iam a seu encontro. Na sequência, a criança foi levada de volta às sociais do Arruda – provavelmente com a promessa de que o pedido seria cumprido. Mais do que a camisa, o atacante fez o gol da vitória, que certamente deixou o garoto feliz.

    Criança invade campo do Arruda e pede camisa a ídolo Pipico, do Santa Cruz

    Criança invade campo do Arruda e pede camisa a ídolo Pipico, do Santa Cruz

  • Os problemas de sempre…

    Parte dos torcedores que foram ao Arruda na noite desta segunda-feira para prestigiar a estreia do Santa Cruz na Série D do Campeonato Brasileiro contra o Iguatu-CE sofreram para entrar no estádioO fotógrafo Aldo Carneiro, da Pernambuco Press, registrou o tumulto na entrada das sociais. Em outros setores, os relatos eram parecidos. Pelas redes sociais, algumas pessoas falaram que só conseguiram entrar aos 40 minutos do primeiro tempo. O clube ainda não tem um posicionamento oficial, mas informou que quem é responsável pela gerência de entrada é uma empresa terceirizada. O clube deve apurar junto à instituição.

Ex-número 2 da Saúde, coronel Elcio Franco discutiu golpe com amigo de Bolsonaro, diz CNN Brasil

09/05/23
Por Agência O Globo
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Mensagens constam em inquérito da PF que prendeu assessores do ex-presidente por fraude em cartão de vacina

Élcio Franco
Ex-número 2 do Ministério da Saúde do governo Jair Bolsonaro (PL), o coronel Antonio Elcio Franco Filho aparece em mensagens obtidas pela Polícia Federal discutindo formas de promover um golpe de Estado no Brasil, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os áudios foram revelados nesta segunda-feira (8) pela CNN Brasil.

As mensagens constam no inquérito da PF que investiga um esquema para fraudar registros de vacinação contra a Covid-19. Nos áudios, Elcio Franco conversa com Ailton Barros, ex-major e amigo de Bolsonaro.

Outros áudios com teor golpista de Ailton já haviam sido revelados na semana passada. Ele e o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens e braço-direito de Bolsonaro, foram presos pela suspeita de envolvimento no esquema de fraudes.

Nas novas mensagens, Elcio Franco e Ailton conversam em meados de dezembro de 2022 sobre mobilizar 1,5 mil homens para participar da tentativa de golpe. Em um dos diálogos, eles reclamam da resistência do comandante do Exército da ocasião, Freire Gomes, de aderir ao plano golpista.

“O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome à frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele tá mostrando. Ele tá com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o quê? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria? Ele tá indo pra pior hipótese. E qual, qual é a pior hipótese?”, escreveu o coronel Franco.

Além de trabalhar no Ministério da Saúde na gestão do general a atual deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), Elcio Franco foi assessor do ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto — candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022. O coronel e Braga Netto ainda não se manifestaram a respeito do conteúdo dos áudios.

Em outro trecho obtido pela PF, Ailton diz a Franco:

“(É preciso convencer) o general Pimentel. Esse alto comando de mer* que não quer fazer as p*, é preciso convencer o comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia a prender o Alexandre de Moraes. Vamos organizar, desenvolver, instruir e equipar 1.500 homens”, fala Ailton Barros a Elcio Franco.

Também nesta segunda-feira, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União requereu a suspensão do pagamento da pensão mensal de R$ 22 mil do Exército à “viúva” do ex-major Ailton Barros. Na representação, o subprocurador-geral Lucas Furtado pede que seja apurado se a pensão por “morte ficta” paga à mulher do ex-militar após sua exclusão da corporação ainda é vigente no ordenamento jurídico atual.

“Se o Estado estivesse quebrado, nunca teria acesso a R$ 3 bilhões de crédito”, diz Paulo Câmara

09/05/23
Folhape
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Presidente do Banco do Nordeste visitou a Folha de Pernambuco nesta segunda-feira (8)
O presidente do Banco do Nordeste (BNB) e ex-governador de Pernambuco, Paulo Câmara, afirmou, em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, na manhã desta segunda-feira (8), que o fato de a governadora Raquel Lyra (PSDB) ter conseguido acesso a um empréstimo de R$ 3,4 bilhões de instituições financeiras é mais uma prova de que ele não deixou o estado numa situação difícil, como alega a gestora.
“Se o Estado estivesse quebrado, nunca teria acesso a R$ 3 bilhões de crédito. Ninguém empresta a um estado quebrado. Pernambuco está recebendo R$ 3 bilhões de investimentos porque está organizado, porque deixou as contas em dia, porque tem capacidade de investimentos e tem projetos”, lembrou o ex-governador.

Para Câmara, não é preciso muito para se comprovar a situação em que ele deixou o Estado, no final do ano passado.

“É só olhar os números, é só ver como foi deixado Pernambuco 31 de dezembro de 2022, comparar com outros governos para ver o quanto nós avançamos e ao mesmo tempo saber que não existem benesses nessa área de finanças”, disse.

Ainda de acordo com ele, Pernambuco vai receber o investimento se tiver competência, porque não precisa passar por outros trâmites efetivamente, pois está com as contas organizadas. “Ninguém recebe R$ 3 bi com contas desorganizadas. Com certeza”, assegurou.

Bolsonaro poderia ter evitado 350 mil mortes de Covid, diz Mandetta

Por: Correio Braziliense
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Em balanço retrospectivo do enfrentamento da pandemia pelo governo Bolsonaro, Mandetta afirma que o ex-presidente fez tudo o que um chefe de estado não deveria (Crédito: Isac Nóbrega/PR)

Em balanço retrospectivo do enfrentamento da pandemia pelo governo Bolsonaro, Mandetta afirma que o ex-presidente fez tudo o que um chefe de estado não deveria (Crédito: Isac Nóbrega/PR)

“Poderíamos ter evitado metade dos mortos. Se tivesse feito a campanha direitinho, falando todos a mesma língua, diminuindo a velocidade de transmissão, teríamos tido um resultado muito melhor”, avalia Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, em sua primeira entrevista após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter decretado o fim da emergência sanitária mundial.

Pela estimativa de Mandetta, dos cerca de 700 mil óbitos ocorridos no Brasil – que representam 10% dos registros no mundo – as mortes de 350 mil pessoas por Covid-19 poderiam ter sido evitadas se o governo Jair Bolsonaro não tivesse politizado o enfrentamento da doença e desmantelado a coordenação unificada do Ministério da Saúde no combate à pandemia.

Em balanço retrospectivo do enfrentamento da pandemia pelo governo federal, Mandetta afirma que Bolsonaro fez tudo o que um chefe de estado não deveria, naquele cenário de pandemia, se quisesse salvar vidas. “Quando iniciamos o enfrentamento, tivemos alguns princípios: proteger a vida incondicionalmente, manter a coordenação do enfrentamento no Ministério da Saúde, usando o SUS como meio e a ciência para decidir. Eram os pilares de nossa estratégia” , afirma Mandetta.
“Mas a ideia dele (Bolsonaro) era retirar o Ministério da Saúde do enfrentamento, deixando isso a cargo de governadores e prefeitos, ficando o presidente como crítico e oposição, transformando a vida de governadores e prefeitos num inferno”, avalia o ex-ministro.
“As pessoas acham que ele é louco, mas foi decisão política, com começo, meio e fim. Foi decisão deliberada e consciente, porque informei por escrito e avisei qual era a projeção de mortes nesse cenário de confusão informacional e de falta de coordenação de Brasília, caso fosse adotada a tese da imunidade de rebanho, dentro da máxima do Paulo Guedes de que entre economia e saúde, ficaria com a economia”, revela Mandetta.
A primeira providência de Jair Bolsonaro, depois da exoneração de Mandetta – e na sequência, a saída de Nelson Teich – foi desmantelar a estrutura unificada no Ministério da Saúde sob o Sistema Único de Saúde (SUS), com um grupo técnico de pesquisadores e profissionais das maiores instituições brasileiras, em contato permanente com os principais centros de pesquisa do mundo, para o embasamento do processo decisório.
Também a estrutura de comunicação permanente com a sociedade, para esclarecimento devido, evitando o charlatanismo nas mídias digitais, foi interrompido. A imprensa brasileira precisou se organizar em consórcio para acompanhar e divulgar as estatísticas da Covid-19, o que era papel do Ministério da Saúde.
“Fizeram uma intervenção militar no Ministério da Saúde, com o que tem de mais desqualificado no Exército, o pessoal de logística. Se o Exército tem generais da área da saúde, por que não colocaram um deles? Porque queriam uma pessoa servil, que sem compromisso com o combate à Covid-19”, afirma o ex-ministro.
“Foi uma decisão política que levou muitas pessoas à morte. E não foi decisão política tomada sem ter sido avisado. Fizemos três cenários, e o cenário mais pessimista que projetamos, foi exatamente aquele que Bolsonaro escolheu: o caos informacional e a desarticulação do sistema de saúde. Bolsonaro foi para esse cenário de forma completamente consciente. E eu mandei por escrito”, diz Mandetta.
Caos nos estados
Sem consenso em Brasília, os entes federados já não trabalhavam juntos. Governadores e prefeitos bolsonaristas adotavam a narrativa negacionista em confronto com governadores e prefeitos que seguiam as orientações científicas.
O grau de politização no trato à doença transbordou para diversas instituições brasileiras, inclusive o Conselho Federal de Medicina, que, em tese, foi criado para zelar pela boa prática médica.
“Chegamos ao fundo do poço.O Conselho Federal de Medicina, valida essa narrativa negacionista e cria dois tipos de médicos na ponta: aquele que dava cloroquina e aquele que não dava. Politizaram a própria prática médica”, assinala Mandetta.
Atraso das vacinas
Depois de ignorar as oportunidades de adquirir de laboratórios internacionais as vacinas mais rapidamente, também a imunização foi politizada e Jair Bolsonaro iniciou a pregação contra as vacinas. “Politizaram a vacina, porque acharam que haveria imunidade de rebanho. Não adotaram a minha recomendação, que era de comprar a vacina cedo. Eu assinei e induzi a Fiocruz ao acordo de cooperação com a Oxford e disse vamos apoiar o Butantã com a China. Senão não teríamos tido vacina”, relembra Mandetta, registrando que na segunda onda da Covid-19, morreram, entre 31 de dezembro e 31 de julho, quase 380 mil pessoas.
“Foi um número absurdo de óbitos no primeiro semestre de 2021”, aponta ele. “E foi aquela barbaridade, aquela vergonha de Manaus. E o que fazem? Vão para Manaus e mandaram grupos de pacientes para todas as capitais brasileiras. Os pacientes com a cepa delta”, diz ele, explicando que uma mudinha da cepa foi colocada em cada lugar de concentração humana no Brasil.
“Foi o nosso desespero. Curitiba, São Paulo ficaram quase sem oxigênio. Não existe país no mundo em condições de produzir oxigênio para o país todo com consumo 38 vezes maior do que a média. Foi nosso maior pesadelo. Chegaram a morrer 4.500 pessoas em um único dia”, aponta.
Erros no plano internacional
No plano internacional, também houve erros, aponta Mandetta. A começar pela falta de transparência e de informações no momento em que a doença foi detectada em Wuhan, na China.
“A Orgnização Mundial de Saúde (OMS) fez algo atípico: considerou uma emergência para a cidade de Wuhan e um alerta internacional. Mas o mundo estava sob a indefinição: não sabia se estava diante de um vírus que não iria sair daquela região, não conhecia a velocidade de propagação os números de contágio”, diz Mandetta.
Quando a Itália entrou em colapso, a China parou de exportar e começaram a faltar insumos como máscaras, agulha e outros, em todo o mundo. “Foi erro mundial concentrar na economia de escala a compra de elementos essenciais de um único país”, diz Mandetta.
Sistematização de erros e acertos
Para Mandetta, o momento agora é de o Ministério da Saúde promover congressos e reuniões de trabalho para sistematizar a experiência, identificando erros e acertos no enfrentamento da Covid-19, de modo a deixar a contribuição para as gerações futuras no enfrentamento das pandemias que virão.
“É uma questão de tempo”, diz o ex-ministro, que também aponta para o histórico precário das determinantes sociais em saúde no Brasil. “A Covid-19 foi doença infecciosa que ingressou no país pelas classes ricas, diferentemente do que normalmente acontece. Mas sabíamos que seria uma questão de tempo para alcançar as nossas fragilidades”, diz Mandetta.
“Quando vem uma doença assim, ela cobra um preço enorme da falta de políticas públicas para que as pessoas tenham moradias Como vamos falar de higiene com o Rio de Janeiro, que tem 40% das pessoas em área de exclusão social absoluta, sem saneamento? E nós falando em isolamento para famílias que vivem em casas de 20m2, sem pia para lavar mão. Essa lição, as nossas determinantes sociais em saúde seguem como nosso ponto fraco”, diz ele.

Erros cometidos no enfrentamento da pandemia

No Brasil
1. Jair Bolsonaro desmantelou o comando do enfrentamento à Covid-19 que em princípio fora centralizado no Ministério da Saúde. Com a centralização do processo de tomada de decisões, pretendia-se garantir que o Ministério da Saúde, governadores, prefeitos em interação com a sociedade, prestassem a mesma orientação, evitando ruídos. Nesse comando centralizado estruturado por Mandetta, havia a participação de representantes dos conselhos nacional de secretários estaduais e municipais da saúde; pesquisadores e técnicos das maiores instituições nacionais, em interlocução permanente com centros internacionais de pesquisa, para a tomada de decisão forte e embasada do ponto de vista científico. Jair Bolsonaro fez intervenção militar no Ministério da Saúde e desarticulou toda a estrutura;
2. Interrupção do diálogo aberto com a sociedade, em coletivas e boletins diários promovidos em princípio pelo Ministério da Saúde, para esclarecer as práticas ao enfrentamento, dentro da compreensão o vírus ataca a sociedade, o que requer o engajamento de todos;
3. Interrupção da divulgação das estatísticas da doença, o que foi assumido pelo consórcio de imprensa, função que seria do Ministério da Saúde. Dentro da estratégia de desqualificar a gravidade da doença, ajudou a disseminar narrativas falsas, até mesmo relacionadas ao registro de óbitos;
4. Ao adotar o negacionismo trumpista em relação à gravidade da Covid-19, desinformava a população sobre as formas de evitar o contágio – como o uso da máscara, lavar as mãos, não aglomerar;
5. Politização extrema do enfrentamento da doença, dentro da falsa tese de promover a imunidade de rebanho, não através da vacinação, mas pelo livre contágio, o que levou a mais mortes, à medida em que, sem controlar a velocidade da transmissão, o sistema de saúde colapsou em vários estados;
6. Jogou as populações contra prefeitos e governadores que, na ausência da coordenação do Ministério da Saúde , faziam o enfrentamento: estimulou ao descumprimento das medidas de proteção; atacou todas as medidas que destinavam-se a reduzir a velocidade da transmissão do vírus, promovendo aglomerações e defendendo o não uso de máscara; demorou a adquirir as vacinas e atacou essa forma de imunização.
Erros no plano internacional
1. Falta de transparência internacional no momento em que foi detectada a doença; o mundo teve pouca informação até a doença alcançar a Itália e colapsar o sistema de saúde;
2.Concentração mundial da compra de itens essenciais á saúde – máscaras, agulhas, em único país, no caso, a China, que respondia, por exemplo, por 94% da produção mundial de máscaras; um quinto da produção de respiradores, além de insumos para a produção de vacinas. Ao interromper a exportação para dar conta da demanda interna, o enfrentamento em todo o mundo foi afetado.