Miguel Arraes – Compromisso popular

23/08/20

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Foto: Josenildo Tenório

 

Por João Campos*

Miguel Arraes ao lado do povo

 

Nesse último 13 de agosto, fez 15 anos da morte do ex-governador Miguel Arraes, meu bisavô. Por uma infeliz coincidência, é também a data da morte do meu pai, há seis anos. São datas idênticas, mas de anos diferentes. Devo aos dois, com muita honra e muito orgulho, a minha formação pessoal e política.

Lembro bem que na minha infância costumava ir com meus pais visitar Dr. Arraes, na Rua do Chacon, no bairro de Casa Forte, no Recife. Guardo na memória a imagem do meu pai conversando com o avô e de vez em quando uma sonora gargalhada quebrava o silêncio do terraço onde os dois costumavam falar sobre política.

Dr. Arraes foi deputado estadual, federal, prefeito do Recife e três vezes governador de Pernambuco. Meu pai trilhou um caminho na política que o levou a sentar duas vezes na cadeira de governador, depois de ter sido deputado estadual, federal e ministro.

Os dois juntos, avô e neto, deixaram, cada qual no seu tempo, traços marcantes de uma política pública voltada para a população, em geral. Mas, com uma prioridade clara para os mais necessitados.
Dr. Arraes, como prefeito, criou o Movimento de Cultura Popular – um programa para educar jovens e adultos pobres da periferia do Recife, que tiveram também os primeiros contatos com a pintura, a poesia e o teatro. Foi, por exemplo, no MCP, que o saudoso ator global José Wilker, morador na época de Olinda, viveu suas primeiras experiências artísticas.

Como prefeito, Miguel Arraes também instalou chafarizes na periferia do Recife para evitar longas caminhadas dos moradores pobres em busca de água. E coordenou os trabalhos do traçado urbano do bairro da Imbiribeira, abriu as avenidas Sul, Abdias de Carvalho, Conselheiro Aguiar, concluiu a Avenida Norte e pavimentou com concreto a Avenida Boa Viagem.

Como governador, ampliou o MCP e sentou, na mesma mesa, trabalhadores da cana de açúcar e usineiros, celebrando uma negociação entre patrões e empregados que ficou conhecida como o “Acordo do Campo”. Foi esse pacto que regularizou os salários dos canavieiros e estabeleceu regras trabalhistas, distensionando assim os conflitos sociais que tanta violência geraram.

Em abril de 1964, o governador Miguel Arraes teve o mandato interrompido pelo golpe militar e se exilou na Argélia com a família. Só retornou a Pernambuco no fim da década de 70. E governou o Estado por mais dois mandatos, sempre de olho nas ações que priorizavam a população mais pobre de Pernambuco.

Criou programas de irrigação e de eletrificação rural de pequenas prioridades, abriu linhas de crédito agrícola e criou o programa Chapéu de Palha, até hoje em funcionamento, e que garante emprego e renda para os trabalhadores rurais da Zona da Mata durante a entressafra da cana-de-açúcar. Que orgulho sinto do meu bisavô Miguel Arraes, que dedicou a vida dele aos mais pobres deste Estado, um contingente que forma a maioria da sua população.

*João Campos é engenheiro e deputado federal

Centenária banda dePife de Riacho do Meio faz campanha para gravar primeiro CD

23/08/20
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Grupo está junto há quatro anos e quer produzir primeiro CD de sua existência
 
 O distrito de Riacho do Meio -localizado a menos de 15 quilômetros  da sede do município  de São José do Egito preserva,   a duras penas (sem o apoio do poder público),   uma banda de pífano que nasceu há mais de cem anos, contribuindo direta e diretamente para fortalecer o refrão de que esta é a terra “berço da Poesia” (e da cultura, por extensão).
 A história da Banda de Pife (assim mesmo)  de Riacho do Meio se confunde com a história de todas as bandas de pífano criadas  das redondezas, delas que sucumbiram e outras que sobrevivem com dificuldades. Conta-se que devido a efervescência musical da época em que os grupos eram formados, eles   foram se misturando (reversando)  no intuito de não deixar a tradição acabar de uma vez.
 No caso de São José do Egito, onde a cultura está no sangue  e na alma desta parte importante do Pajeú,  existem no momento a Banda de Pife de Riacho do Meio (  que  leva o nome do distrito  onde nasceu)  e a  Cicero David, que recebeu o nome do criador  e dirigente,  cuja história e trajetória também  tem uma história a ser  contada e comemorada,  na medida em que deve  ser preservada e admirada  por todos.
A falta de apoio do poder público é inquestionável e indesejável, segundo os pifeiros e zabumbeiros, ao lembrarem que a coisa é tão amarga que  o vereador Alberto Loló  colocou uma emenda buscando recursos para a banda, em 2017, mas a Prefeitura não liberou nenhum real até o momento.
A Banda de Pife de Riacho do Meio  tem seus “altos e baixos”,  mas nos  últimos quatro anos se mantém  ativa, participando de apresentações em festivais, na tradicional Festa Universitária, novenas, leilões e festas tradicionais como são João e do padroeiro do município.
Formação:   Os integrantes  do grupo são o Mestre Zeca do Pife, Ciço do Pife, Daniel (Dié) na zabumba, José Mendes na caixa e Paulo (preto)  no triângulo.  O caçula – Ciço do Pife  (21 anos) , Mestre Zeca vai completar 80 em novembro,Dié 51 ,Paulo ,  50 e Preto 82 anos.
Apoio: Há  alguns meses,  o grupo  vem se “mexendo”  na busca de  recursos para  produzir  o primeiro CD de sua história, numa mobilização  de fazer dó,  batendo de porta em porta, culminando com abertura  de uma conta na Caixa:  Agência 1296 –  conta poupança 23 733. 2 – operação 013 – Cícero Sebastião S. Santos.