O novo coronavírus e seus impactos econômicos e sociais

14/04/20

Artigo

+Por Gonzaga Patriota

Deputado federal Gonzaga Patriota

O mundo inteiro está focado em um só assunto: a pandemia do Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Apesar de a doença ter se originado na China, todos os dias milhares de novas contaminações e mortes em decorrência do vírus são registrados em quase todos os países do mundo.

O vírus é uma variação que faz parte da família coronavírus. De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, em 1960, foi à primeira vez que o coronavírus foi detectado. Sendo assim, os cientistas já conhecem o vírus, mas não sabem o que pode ter causado a mutação dele. Até então, as variações conhecidas eram SARS-CoV e MERS-CoV. A doença provocada pelo novo coronavírus foi nomeada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de Covid-19.

Os primeiros casos de Covid-19 foram identificados na cidade de Wuhan, na China, no dia 31 de dezembro de 2019. A princípio, a doença era tratada como um tipo de pneumonia. Os primeiros infectados tinham algum tipo de relação com um mercado local de frutos do mar, o que levantou a suspeita de que a infecção tinha relação com os animais marinhos. Ainda não existe a certeza de que, de fato, a transmissão ocorreu só de um animal marinho, por isso, outros bichos entraram na lista de possíveis suspeitos, como cobras e morcegos.

A cronologia do coronavírus Covid-19 revela uma rápida disseminação mundial, com isso, a OMS decretou emergência de saúde pública de interesse internacional, no fim do mês de janeiro passado. A medida é tomada quando um evento com implicações para a saúde pública ocorre de maneira inesperada e supera as fronteiras do país inicialmente afetado, demandando uma ação internacional imediata.

O Brasil está registrando hoje mais de 1.000 mortes e mais de 20.000 infectados, por coronavírus, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. A taxa de letalidade vem crescendo a cada boletim médico e, chegou a 5%.

Os sintomas do coronavírus são bem parecidos com o da gripe e, por isso, podem ser confundidos. Os infectados podem apresentar coriza, dor de cabeça, dor de garganta, febre, tosse seca e dificuldade para respirar, sendo os últimos três, os principais sintomas. Em relação à prevenção, ainda não há nenhum tratamento específico para o Covid-19 e, nem mesmo uma vacina, por isso, a melhor maneira de evitar o contágio é com higienização, das mãos e, quando possível, de todo o corpo. É recomendado lavar as mãos com água e sabão e, não se esquecer de esfregar entre os dedos, pulsos e antebraços por, pelos menos, 20 segundos e reforçar a limpeza com álcool gel. Também é importante evitar tocar os olhos, nariz e boca, o ideal, é usar um lenço para fazê-lo.

Sempre que a pessoa for tossir, deve cobrir a boca com a parte interna do braço. Desinfete as superfícies que for usar, como mesa de trabalho e, objetos, principalmente o celular. E claro, evitar sair de casa ou viajar, principalmente de avião e, para locais com alto índice de casos.

A pandemia está causando danos à saúde física e mental de muitos, está impactando a economia e, com tudo isso, tem nos movimentado para buscar soluções. O que mais precisamos no momento é parar de olhar somente para o agora e nos concentrar em medidas preventivas que nos permitam mais segurança para começarmos a mudar o nosso presente e o nosso futuro.

As medidas implementadas de isolamento e/ou quarentena para impedir o avanço do vírus, nos países mais afetados, provocaram a interrupção das atividades normais das pessoas, desmobilizando recursos. Isso impactou negativamente na produção, no consumo corrente e nos investimentos. Portanto, a gravidade dos efeitos econômicos da Covid-19 deve-se à sua capacidade de gerar, ao mesmo tempo, choque negativo na oferta e na demanda agregada mundial. Ademais, há uma enorme pressão sobre os recursos (físicos e humanos) na área de saúde, com o aumento dos casos de pessoas infectadas, sobretudo, no pico da pandemia, o que requer uma espécie de economia de guerra, nesse segmento. Em virtude disso, muitos governos estão adotando medidas para combater a crise instalada pelo novo coronavírus.

Em Pernambuco, por exemplo, o governador Paulo Câmara tomou uma séria de medidas, para o enfrentamento da situação: 1) Anunciou o lançamento do cartão alimentação para estudantes da rede pública estadual, com investimentos na ordem de R$ 12 milhões, o repasse de R$ 50 irá beneficiar cerca de 240 mil estudantes, em todas as regiões do Estado 2) A garantia de pensão integral para famílias de servidores da saúde e serviços essenciais, vítimas do novo Coronavírus; 3) O lançamento de um pacote para reduzir as despesas de custeio, que incluem: energia elétrica, água, material de consumo, contrato com fornecedores, entre outros.

O Governo de Pernambuco, através da Secretaria da Fazenda, na busca por alternativas para reduzir os efeitos da crise na economia estadual, provocada pela pandemia do novo Coronavírus, tomou uma série de medidas que está impactando diretamente sobre o setor produtivo. Entre as deliberações constantes do pacote estão a prorrogação de prazos relativos ao cumprimento de obrigações tributárias e contestações, suspensão de execuções fiscais e notificações de débitos. No Decreto, o Governador prorrogou para 30 de junho os prazos vencidos a partir de 21 de março de 2020, relativos ao cumprimento de obrigações tributárias acessórias previstas na Legislação Estadual e à contestação do débito constante. O texto também determina a suspensão, pelo mesmo período, da emissão de Notificação de Débito sem Penalidade e, dos procedimentos que visem ao descredenciamento dos contribuintes do ICMS, relativos às diversas sistemáticas especiais de tributação.

Já o Governo Federal anunciou uma série de medidas econômicas e regulatórias para fazer frente ao impacto da pandemia de coronavírus, de dimensões crescentes e ainda incertas, que tem paralisado atividades no mundo todo e elevado os temores de recessão. O conjunto de iniciativas já anunciadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro e pelo Banco Central, inclui: afrouxamento da meta fiscal; apoio à população mais vulnerável; Redução de jornada com corte de salário e suspensão de contrato; auxílio para trabalhadores informais e autônomos; Prorrogação do pagamento de tributos e contribuições; apoio financeiro a Estados; socorro ao setor aéreo, de turismo e de eventos; ampliação da liquidez nos mercados; ajuda do BNDES e bancos públicos; apoio a pequenas e médias empresas; adiamento do reajuste dos remédios; adiamento do prazo da declaração do Imposto de Renda; linha de crédito com recursos de fundos constitucionais; novos saques do FGTS, a partir de 15 de junho; isenção do pagamento de conta de luz de clientes de baixa renda, dentre outros.

Deus queira que não, mas isto é apenas o princípio de uma pandemia que atinge o Planeta, cabendo aos seus povos: cuidados, cuidados e cuidados.

+Gonzaga Patriota é Contador, Advogado, Administrador de Empresas e Jornalista, pós-graduado em Ciência Política e Mestre em Ciência Política e Políticas Públicas e Governo e Doutor em Direito Civil, pela Universidade Federal da Argentina.

A polêmica continua: A ABC alerta contra o uso precipitado da cloroquina

14/04/20

 (Foto: Gerard Julien/AFP
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Foto: Gerard Julien/AFP
A busca pela cura da doença causada pelo novo coronavírus segue sem novidades. Apesar de, ao longo da semana passada, a cloroquina aparecer no centro de discussões como possível tratamento da doença, a eficácia do remédio não está comprovada. Para prestar esclarecimentos sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no combate à Covid-19, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Academia Nacional de Medicina (ANM) publicaram nota conjuta nesse domingo (12), com posicionamento sobre o uso da substância.
O texto que começou a circular nas redes sociais é verídico e alerta para “o uso precipitado de um medicamento baseado apenas em resultados preliminares pode trazer consequências graves e irreparáveis”. A carta, assinada pelos presidentes das duas entidades, foi divulgada na íntegra no site oficial da ABC.
O texto também menciona que não há comprovação científica de benefício no uso de cloroquina e reforça os relatos de efeitos colaterais potencialmente significativos, restringindo o uso.
“A ABC e a ANM alertam que o uso indiscriminado da CQ e HCQ, no atual momento, não está apoiado em achados científicos robustos e publicados nas melhores revistas cientificas mundiais. Assim, enquanto não estiverem disponíveis os resultados dos estudos clínicos que estão sendo conduzidos em todo o mundo com esses dois medicamentos, testando número adequado de pacientes, de acordo com as melhores práticas cientificas, seus usos no tratamento de pacientes portadores da Covid-19 devem ser restritos a recomendações de especialistas com consentimento do paciente ou de sua família e cuidadoso acompanhamento médico”.

A música de qualidade perde o cantor e compositor Moraes Moreira

Com Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão, Moraes Moreira  integrou a banda Novos Baianos de 1969 até 1975

DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM
Moraes Moreira morreu aos 72 anos em sua casa no Rio de Janeiro – Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem
O cantor e compositor Antonio Carlos Moraes, conhecido como Moraes Moreira, morreu nesta segunda-feira (13) aos 72 anos, em sua casa na Gávea, no Rio de Janeiro. Segundo a assessoria, o cantor teve um infarto agudo no miocárdio e não sobreviveu. A notícia foi confirmada pelo Correio 24h, da Bahia, parceiro do JC, através do também cantor e compositor Paulinho Boca de Cantor, amigo do artista e integrante dos Novos Baianos.
Muito emocionado, Paulinho mal conseguia falar e contou ao Correio que ele faleceu durante o sono. A causa da morte de Moraes ainda não foi informada. Também não há informação sobre quando e onde será o sepultamento.»
Vida e obra
Nascido Antônio Carlos Moreira Pires na cidade de Ituaçu, Moraes começou a carreira tocando sanfona em festas de São João. Na adolescência, aprendeu a tocar violão enquanto estudava em Caculé. Depois, se mudou para Salvador e conheceu Tom Zé. Formou com Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão os Novos Baianos, ficando com o grupo de 1969 até 1975.
Com Luiz Galvão, compôs a maioria das canções do grupo, que é responsável por um dos discos mais icônicos da música brasileira, Acabou Chorare, de 1972. Três anos depois, saiu em carreira solo, lançando mais de vinte discos.
Lamento de internautas
Nas redes sociais, várias pessoas lamentaram a notícia. Em tom de tristeza, usuários do Twitter publicam trechos de músicas e mensagens de saudade na rede social que, no momento em que esta matéria está sendo publicada, tem o nome “Moraes Moreira” como o assunto mais comentado do Brasil.
Escute essa canção que é pra tocar no rádio. No rádio do seu coração. Você me sintoniza e a gente então se liga nesta estação.
Último show de Moraes Moreira com os Novos Baianos no Recife
O Novos Baianos representou, além do legado musical, a possibilidade de encarar a vida por outro prisma, mais leve, baseado no amor, na alegria, no poder transformador da música e da coletividade. E, por isso, continua a fascinar novas gerações, como comprovou o último show que fizeram no Recife, em fevereiro de 2020, durante a prévia carnavalesca Enquanto Isso Na Sala da Justiça.
Parte de uma série de apresentações que a banda estava fazendo com grande parte de sua formação original, incluindo, além de Moraes Moreira, Baby do Brasil, Paulinho Boca de Cantor, Pepeu Gomes e Luiz Galvão, o show marcou o retorno da banda após um hiato de três anos sem tocar na cidade. No Enquanto Isso na Sala da Justiça, o reencontro com os fãs foi catártico, apesar dos problemas técnicos que dificultaram a audição para uma parte do público.
As inevitáveis marcas do tempo nos corpos dos músicos (Luiz Galvão estava claramente debilitado quando foi levado ao palco para receber os aplausos) não diminuíam a empolgação que eles demonstravam em estar juntos novamente e trocando com o público. A audiência era majoritariamente formada por pessoas entre 20 e 40 anos, o que demonstra o caráter atemporal da música e da mensagem dos Novos Baianos. Sucessos como A Menina Dança, Mistério do Planeta, Preta, Pretinha e Acabou Chorare foram cantados de forma quase catártica pela plateia.
Moraes Moreira, enérgico, mostrava que, aos 72 anos, ainda amava estar no palco, função à qual se dedicou pela maior parte de sua vida. Com os companheiros de estrada e de comunidade alternativa, mantinha-se como um símbolo de uma possibilidade de vida que se pautava por uma ideologia baseada no amor e na coletividade, um contraponto revolucionário, ainda mais quando colocada no contexto de fundação dos Novos Baianos, no final dos anos 1960, em plena ditadura militar.