Por Uol
O escritor Olavo de Carvalho, considerado o guru da família Bolsonaro, criticou Jair Bolsonaro (sem partido) ontem (18) no Facebook após a última coletiva do presidente, quando anunciou um comitê, ao lado de Dias Toffoli, presidente do STF, para combater o coronavírus.
“Desde o início do seu mandato, aconselhei ao presidente que desarmasse os seus inimigos antes de tentar resolver qualquer ‘problema nacional’. Ele fez exatamente o oposto”, começou Olavo, na rede social.
“Deu ouvidos a generais isentistas, dando tempo a que os inimigos se fortalecessem enquanto ele se desgastava em lacrações teatrais. Lamento. Agora talvez seja tarde para reagir.”
Para o escritor, Bolsonaro não enfraqueceu os seus inimigos e ainda adaptou-se ao sistema, o que pode ser um suicídio político. “Que é que o Bolsonaro fez contra qualquer dos seus inimigos? Nada. Nada nunca. Só lhes deu umas agulhadinhas, irritando-os em vez de enfraquecê-los. Eleito para derrubar o sistema, o Bolsonaro, aconselhado por generais e políticos medrosos, preferiu adaptar-se a ele. Suicídio”, completou.
Mais cedo, Bolsonaro reafirmou algumas ideias do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “Teremos dias duros, mas serão menos difíceis se cada um se preocupar com seus parentes”, contou.
Ele ainda acrescentou, em outro momento: “O momento é de grande preocupação, é de gravidade”. Ao mesmo tempo, Bolsonaro disse que seu governo “está ganhando” e cobrou elogios ao ele mesmo na imprensa. O presidente respondia uma pergunta da TV Globo a respeito dos panelaços contra seu governo realizados na noite de terça-feira em capitais do país.
Segundo o presidente, “se o time ganha, parabéns a todos”. “Se o time perde, o primeiro a ser demitido é o técnico. O nosso time está ganhando. Se o time está ganhando, vamos elogiar o seu técnico, o seu técnico chama-se Jair Bolsonaro.”
À noite, em pronunciamento no Palácio do Planalto para falar do novo coronavírus, o presidente fez uma série de acenos ao Legislativo e ao Judiciário para tentar mostrar “harmonia” entre os poderes. “Nossa União é que dará o norte que o Brasil precisa”, disse Bolsonaro.
Além de sentar ao lado de Toffoli, Bolsonaro enalteceu o trabalho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em votações relevantes para o governo no Congresso, como a aprovação de estado de calamidade pública, que ocorreu esta noite.