07/11/23
Imprensa PCR
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Orquestra Sinfônica do Recife e Aria Social fazem história com concerto sob a regência de uma mulher pela primeira vez em 70 anos e a grandiosidade da Missa Armorial de Capiba
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A Orquestra Sinfônica do Recife (OSR) e o Aria Social serão protagonistas de um feito histórico nos próximos dias 7 e 8 de novembro, no Teatro de Santa Isabel, quando, pela primeira vez em 73 anos, uma mulher subirá ao pódio para reger o conjunto musical. A maestrina Rosemary Oliveira, vice-presidente do Aria Social, irá conduzir 67 músicos da orquestra e 58 jovens do coro do Aria Social, apresentando “Missa Armorial”, obra pouco conhecida do compositor pernambucano Capiba, além de três árias de Bodas de Fígaro, de Mozart. A apresentação contará com solos dos cantores líricos Rodrigo Lins e Gleyce Vieira, integrantes do Aria Social.
A maestrina Rosemary Oliveira, repetirá o feito da gaúcha Joanídia Sodré (1903-1975), a primeira maestrina do Brasil e da América do Sul, única mulher a reger a OSR, em concerto realizado em setembro de 1950. O convite para Rosemary reger a orquestra partiu do diretor artístico e maestro titular da OSR, Lanfranco Marcelletti Jr., que se encantou com a qualidade artística e musical da maestrina ao assistir ao musical “Capiba, pelas ruas eu vou”, comemorativo aos 30 anos do Aria Social e que teve mais de 10 mil espectadores. No musical, foi apresentada parte da ópera “Missa Armorial”, composição do pernambucano Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba, que é cantada em latim e tem uma melodia que une baião, xote e xaxado. No concerto dos dias 7 e 8 de novembro, a obra será apresentada de forma completa.
“Ter Lanfranco Marcelletti Jr. na plateia já foi emocionante e, após o espetáculo, receber o convite para reger um concerto oficial da OSR é a realização de um sonho. Fui muito bem recebida pela orquestra e tenho muita gratidão pelo reconhecimento ao meu trabalho e pela oportunidade que a OSR abre para o Projeto Aria Social mostrar nosso trabalho”, diz Rosemary.
Para a presidente do Aria Social, Cecília Brennand, o concerto é um momento ímpar na trajetória do projeto que já impactou a vida de 10 mil pessoas, entre crianças, jovens e suas famílias, transformando e profissionalizando vidas por meio da arte.“Estou muito feliz com esse convite da Orquestra Sinfônica do Recife. A ‘Missa Armorial’ é uma obra-prima do compositor pernambucano Capiba, e jamais foi apresentada de uma forma tão grandiosa com a OSR com quase 70 músicos e com 58 coristas do projeto Aria, o qual foi preparado pela própria Rosemary e coreografado por Ana Emília Freire”, diz Cecília Brennand.
Regente, musicoterapeuta, multi-instrumentista e professora de música, Rosemary despertou o interesse pela música quando começou a estudar violão aos 13 anos. Bacharel em Música e licenciada em educação musical, ela é formada em violão clássico pelo Conservatório Pernambucano de Música, mestranda em Regência pela Universidade do Texas (EUA) e tem passagens por masterclasses na França, Áustria, Alemanha e Estados Unidos. Quando voltou dos Estados Unidos, foi convidada pela presidente do Aria Social, Cecília Brennand, a inserir e coordenar a música no Projeto Aria Social, onde atua há 19 anos. O projeto é sediado em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. Ali, foi “fisgada” pela missão de incluir as crianças e jovens na sociedade por meio da música e arte.
Sob a batuta de Rosemary, além de “Missa Armorial”, de Capiba, a OSR executará as árias “Se vuol ballare”, “Voi, Chhe Sapete” e “Cinque…diece…venti…trenta”, de Bodas de Fígaro, de Mozart. O coral do Aria Social, com 58 integrantes a partir de 17 anos, adiciona um componente visual especial ao concerto: enquanto cantam, os componentes executam movimentos de dança coreografados por Ana Emília Freire, e cuidadosamente escolhidos para não impactarem no desempenho vocal. O figurino é de Beth Gaudêncio, figurinista oficial do Aria.
“Como grupo, estamos muito felizes em receber a maestrina. Rosemary é muito competente, tem uma regência muito segura e, desde o primeiro ensaio, tudo flui perfeitamente, funcionando de maneira orgânica, com os naipes cooperando entre si. Para mim, em especial, é muito significativo pois nunca fui regida por uma mulher”, afirma a violinista Andressa D’Ávila, há 20 anos na OSR, que conta com quatro mulheres em seus 67 integrantes. Ela destaca a participação do coro do Aria Social. “Já na primeira música que ensaiamos, batemos palmas para eles. Como orquestra, estamos acostumados a tocar com coros profissionais, e eles chegaram aqui superafinados e bem trabalhados. Muitos vieram falar conosco sobre a emoção de se apresentarem pela primeira vez com a Orquestra Sinfônica do Recife. Mas é uma troca, uma confluência, porque para nós é um prazer muito grande recebê-los. Vai ser um concerto lindo e histórico”, completa Andressa.
O momento é especial para todos os envolvidos, como destacam Rodrigo Lins e Gleicy Vieira, os solistas do concerto. Alunos e professores do Aria Social, eles estão na fase final do curso de Bacharelado em Música/Canto na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e participam, pela primeira vez, de um concerto da OSR.
Rodrigo Lins, 27 anos, é aluno e professor do Aria Social e desde 2019 trabalha no projeto como orientador vocal, ensaiador e cantor solista. “Tem sido uma honra para mim fazer parte deste momento histórico, principalmente nessa posição. É um momento superimportante para a nossa maestrina, para o projeto e para a história da música no Recife. E para mim, muito especial também porque é a primeira vez que eu canto com uma orquestra sinfônica. Agradeço muito a Rose e ao Aria Social. Eu não estaria onde estou e nem estaria pensando como penso agora, se não fosse por ela e pelo Aria”, diz o barítono.
Gleicy Vieira, 34 anos, é aluna e trabalha no Aria há cerca de um ano e se apaixonou pela atuação do projeto social, que possibilita o acesso à música para pessoas em situação de vulnerabilidade. “É uma grande honra e alegria, um momento marcante para a minha carreira tanto como professora, por ver o coro dando conta muito bem de tudo que preparamos, e também como solista, porque já participei de concertos com orquestras, mas é a primeira vez com a Sinfônica do Recife. Sabemos o quanto é difícil para a mulher galgar alguns espaços e ver uma mulher como Rosemary, que pega as pessoas pela mão e mostra que o sonho delas é possível, nessa posição é maravilhoso. Ela representa as mulheres de um modo geral e eu me sinto inspirada por ela”, diz a soprano Gleicy, que também foi aluna do Conservatório Pernambucano de Música.
As apresentações da OSR são gratuitas e abertas ao público, no Teatro de Santa Isabel, sempre a partir das 20h. Os ingressos serão distribuídos no site https://conecta.recife.pe.gov.br/ e na bilheteria do Teatro, a partir do dia 6 de novembro.
Sobre a OSR – A Orquestra Sinfônica do Recife, considerada a mais antiga do Brasil em atividade ininterrupta, foi fundada em 30 de julho de 1930, por Walter Cox, pelo compositor Ernani Braga e por Vicente Fittipaldi, seu primeiro maestro. À época, denominava-se Orquestra Sinfônica de Concertos Populares e só em 1949, quando vinculou-se à gestão municipal, passou a ter o nome atual. Em 2018, foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da capital pernambucana, a partir de proposição da Câmara do Recife, sancionada pelo poder público municipal. Realiza concertos regularmente, divididos em oficiais, especiais, multimídias, populares (ao ar livre) e comunitários (que proporcionam à população a oportunidade de desfrutar de música clássica em suas próprias comunidades, promovendo a inclusão e uma aproximação entre expressões eruditas e populares).
Sobre o Aria – O Aria Espaço de Dança e Arte foi criado em 1991 pela bailarina Cecília Brennand com o objetivo de abrigar e integrar todas as artes e contribuir para sua democratização cultural. Em 2004, foi transformado em Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), tipo de instituição sem fins lucrativos, e passou a se chamar Aria Social, com ênfase na formação completa de bailarinos cantores, na introdução do universo da dança, da música e do empreendedorismo social com as mães artesãs dos alunos do projeto.,.
O projeto tem como missão promover a transformação humana através da arte-educação, oferecendo a formação e profissionalização na música e na dança a crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, atendendo 520 crianças e jovens a partir de 6 anos de idade Além de apoiar as famílias desses alunos, oferecendo capacitação em técnicas de artesanato e fomentando o empreendedorismo social, por meio do projeto Casa de Maria, fundado em 2017.
Fotos: Divulgação