22/08/23
JC
blogfolhadosertao.com.br
Força-tarefa do Congresso Nacional visitou o Centro de Manutenção de Cavaleiro (CMC), a grande oficina mecânica do Metrô do Recife
Estarrecedora.Essa foi a definição dos políticos que foram ver de perto o sucateamento do Metrô do Recife nesta segunda-feira (21/8), durante visita de uma força-tarefa – vamos chamar assim – do Congresso Nacional, que contou também com a presença de deputados estaduais. Além de sucateado, o sistema está parado fora dos horários de pico devido a uma greve dos metroviários desde o dia 11/8.
O grupo visitou as instalações da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife, especialmente o Centro de Manutenção de Cavaleiro (CMC), onde existe um verdadeiro ‘cemitério de trens’ velhos – composições fora de operação por falta de manutenção e que passaram a ter peças retiradas para uso nos trens que ainda operam.
A entrada da imprensa, no entanto, não foi autorizada, restando aos jornalistas a percepção dos políticos. A comitiva foi proposta pelo senador pernambucano e presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal, Humberto Costa (PT), e realizada em parceria com a Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados, representada pelo deputado pernambucano Túlio Gadêlha (Rede).
“Vimos uma situação estarrecedora, de um sucateamento que foi realizado nos últimos dois governos antes da gestão do presidente Lula, com a redução de recursos para custeio e investimentos”, resumiu o senador Humberto Costa.
“Mas, ao mesmo tempo, vimos um potencial muito grande, tanto pela expertise de seus funcionários quanto pela infraestrutura do sistema, que é muito grande e tem muita capacidade”, disse.
SISTEMA PRECISA DE QUASE R$ 2 BILHÕES PARA SE REERGUER
O fundo do poço a que chegou o Metrô do Recife é tão grande que o sistema precisaria de R$ 1,8 bilhão para se reerguer e voltar a operar bem. Números apresentados à força-tarefa indicam que esse valor seria para aquisição de 20 novos trens, recuperação dos que ainda operam (atualmente são apenas 12 composições), requalificação da rede férrea onde rodam os trens e da estrutura física do sistema (estações de passageiros e subestações de energia).
Somente a aquisição de novos trens custaria R$ 900 milhões. O restante do valor, que totalizam R$ 866 milhões, seria para as outras intervenções. O sistema está operando atualmente com apenas 12 trens e transportando apenas 176 mil passageiros por dia. Já foram 25 trens em operação e 400 mil pessoas transportadas diariamente.
CONFIRA OS VALORES DE INVESTIMENTO POR ÁREA:
Total necessário: R$ 1,8 bilhão
Aquisição de 20 novos trens: R$ 900 milhões
Recuperação da via permanente (rede férrea onde circulam os trens): R$ 245 milhões
Recuperação do material rodante (trens e veículos de manutenção): R$ 304 milhões
Recuperação e requalificação das edificações do sistema (estações): R$ 51 milhões
Recuperação e requalificação dos sistemas físicos (subestações de energia): 260 milhões
“De fato, a situação é muito grave. Esse processo autofágico que vive o metrô, com os carros que não têm mais condições de operar tendo suas peças retiradas para serem usadas nos que ainda rodam, é muito danoso. Reduz muito a quantidade de composições, o que gera insegurança sobre os horários dos trens e aumenta a quantidade de passageiros por carro, gerando muito desconforto”, alertou o deputado federal Túlio Gadêlha.
LUTA CONTRA PRIVATIZAÇÃO EM SEGUNDO PLANO. URGENTE É RECUPERAR O METRÔ
Na visão da força-tarefa política, a visita às instalações do Metrô do Recife deixou claro que, agora, o momento é de buscar a reestruturação do sistema. A briga contra a privatização – a CBTU segue no Plano Nacional de Desestatização (PND), embora o metrô pernambucano tenha sido incluído para estudos no Novo PAC – deve ficar para um segundo momento.