CPI aciona PGR: Emails apontam que Bolsonaro recebeu pedras preciosas

07/08/23

Por Jamildo Melo

blogfolhadosertao.com.br

 

No documento enviado à PGR, parlamentares questionam se o ex-presidente cometeu o crime de peculato e afirmam que as pedras preciosas não constam na relação de 1.055 itens recebidos oficialmente por ele nos quatro anos de mandato
EVARISTO SA / AFP
CPI do 8 de janeiro quer investigar emails que indicam que Bolsonaro havia recebido pedras preciosas ano passado sem registrá-las no sistema do governo – FOTO: EVARISTO SA / AFP

A CPI do 8 de janeiro pede que a PGR (Procuradoria-Geral da República) investigue a origem e o paradeiro de possíveis pedras preciosas entregues ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Teófilo Otoni (MG) no final de outubro do ano passado. Emails trocados entre funcionários da ajudância de ordens da Presidência indicam que o ex-mandatário teria recebido um envelope e uma caixa com pedras preciosas para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, durante sua passagem pela cidade.

Nos documentos em poder da CPI, o ex-assessor Cleiton Henrique Holzschuk relata que, a pedido do tenente-coronel Mauro Cid, um dos principais auxiliares de Bolsonaro, “as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele [Cid]”. Holzschuk também afirma que o “Sgt Furriel” –referindo-se ao sargento Marcos Vinícius Pereira Furriel— estaria “ciente do assunto” e que poderia tirar dúvidas.

Cid é alvo de investigações no STF (Supremo Tribunal Federal) e em outras instâncias, incluindo no caso das joias enviadas ao ex-mandatário por autoridades da Arábia Saudita. O militar está preso desde o início de maio por determinação do ministro Alexandre de Moraes.

No documento enviado à PGR, parlamentares questionam se o ex-presidente cometeu o crime de peculato e afirmam que as pedras preciosas não constam na relação de 1.055 itens recebidos oficialmente por ele nos quatro anos de mandato. Eles também mencionam que Bolsonaro estava fazendo campanha em Teófilo Otoni no dia do recebimento das pedras preciosas, 4 dias antes do segundo turno das Eleições Presidenciais de 2023.

O advogado Josino Correia Junior, morador de Teófilo Otoni, afirmou à Folha que foi ele quem deu o presente a Bolsonaro durante a passagem do então candidato à reeleição pela cidade. Correia disse que quis presentear o ex-presidente com um souvenir da cidade e que as pedras são semipreciosas e custaram R$ 400. Ele também gravou um vídeo afirmando que as pedras são provenientes de exploração legal.

De acordo com Correia, o conjunto entregue a Bolsonaro é composto de topázios azuis, citrinos (pedra amarela) e prasiolitas (verde), acondicionadas em um estojo. Ele disse que seu filho caçula também presenteou Bolsonaro com alguns cristais e ametistas de um acervo pessoal.

A deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ), que levantou o tema na CPI, afirma que o email diz “pedras preciosas”, e não “semipreciosas”, e que não há garantias nem de que sejam as mesmas pedras, nem de que o advogado esteja falando a verdade.

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