27/01/23
Por Bruno Brito
blogfolhadosertao.com.br
Ele ocupava a cadeira número 1 da Academia Pernambucana de Letras desde o ano de 1980
—
Escritor e poeta Olímpio Bonald Neto
O escritor, poeta e advogado Olimpio Bonald Neto, morreu aos 90 anos na noite desta quinta-feira (26/01) no Hospital Esperança, na cidade de Olinda, de causas naturais. Ele estava internado há mais de 10 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Membro da Academia Pernambucana de Letras (APL), Neto ocupava a cadeira número 1 desde o ano de 1980, quando foi eleito no dia 20 de maio. Uma das suas principais obras é o livro Bacamarte, pólvora e povo, publicada em 1978.
O escritor também era membro do Instituto Histórico de Olinda, da União Brasileira de Escritores e da Associação de Imprensa de Pernambuco.
Olimpio Bonald Neto era casado com Zenaide Monteiro Pedrosa e deixa três filhos adultos: Olímpio Junior, Katiane Pedrosa e Bruno Pedrosa.
O velório do corpo será realizado pela família e amigos das 10h às 11h desta sexta (27/10), na sala do crematório do cemitério Morada da Paz em Paulista/PE, localizado na Av. Rodolfo Aureliano, 2118, na Vila Torres Galvão.
Além de escritor e poeta, Olimpio Bonald Neto era advogado trabalhista e professor universitário. Fundou o curso de turismo na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).
Olimpio escreveu 13 obras na área de antropologia sobre a cultura pernambucana e brasileira. Entre os títulos, destaque para os livros: Bacamarte, pólvora e povo; A arte do entalhe – tradição artística olindense; Os caboclos de lança – azougados guerreiros de Ogum; Gigantes foliões em Pernambuco; O homem da meia-noite; Caboclos de lança e Artistas de Pernambuco. Como poeta, escreveu 10 livros. Participou de diversas coletâneas literárias e também escreveu vários ensaios.
A carreira literária foi reconhecida e prestigiada com vários prêmios. Olimpio Neto foi agraciado com diversas homenagens, como a Comenda da Ordem dos Guararapes do Estado de Pernambuco, o Prêmio de contos da Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco em 1957, o Prêmio de Antropologia cultural da Fundação Joaquim Nabuco em 1960, o Prêmio de poesia da União Brasileira de Escritores em 1966, o Prêmio Geraldo de Andrade, de ensaio, da Academia Pernambucana de Letras, pelo livro Bacamarte, pólvora e povo, de 1978, e foi eleito Presidente Emérito da União Brasileira de Escritores – Seção Pernambuco em 23 de julho de 2009.
Livro Bacamarte, pólvora e povo
A partir de pesquisa minuciosa de Olimpio Bonald Neto nasce Bacamarte, pólvora e povo, única literatura escrita sobre a tradição bacamarteira, manifestação folclórica, antropológica e sociológica do Nordeste. O livro resgata a história do povo bacamarteiro, que desde os fins do século XIX integra a memória cultural pernambucana, sendo hoje considerado um patrimônio vivo. De forma sensível, Olimpio Bonald retrata a origem do Bacamarte e as lutas enfrentadas para consolidar suas tradições, desde o manuseio da pólvora e os tipos de armas até o reconhecimento pelo Exército brasileiro de seu uso como elemento do folclore.