09/05/20
Por Valor Econômico/blogfolhadosertao.com
Sebastião Oliveira pertence ao grupo “centrão” que passou a integrar a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Sebastião Oliveira, um dos investigados na operação “contorno”.
Integrante do grupo “Centrão” – que passou a integrar a base do Governo Federal e responsável pela indicação ao presidente Jair Bolsonaro o nome do novo diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), o deputado Sebastião Oliveira (PL-PE) foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (8)– suspeito de integrar esquema ilícito justamente no setor de infraestrutura.
Os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão em seu apartamento funcional, e Brasília, e em dois de seus imóveis – um em Recife (PE) e outro em Serra Talhada (PE). As irregularidades se referem ao período em que ele foi secretário de Transportes em Pernambuco.
A autonomia da PF foi o centro da mais grave crise política do governo Bolsonaro, aberta com o pedido de demissão do ex-ministro Sergio Moro. Ele acusou o presidente de tentar interferir nos trabalhos da corporação e acessar relatórios sigilosos de inteligência.
Na semana seguinte, Bolsonaro inaugurou uma nova fase na relação com o Centrão, escolhendo Fernando de Araújo Leão para o comando do Dnocs- e mirando a eleição de um aliado à presidência da Câmara em 2021. A nomeação, apesar de intermediada pelo líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), ocorreu a partir de uma indicação de Oliveira.
Nesta sexta-feira, a PF vasculhou o apartamento do parlamentar em busca de documentos que possam auxiliar nas investigações sobre desvios de dinheiro público da obra de requalificação da BR-101, no trecho do Contorno Viário da região metropolitana de Recife (PE).
Pelo menos R$ 2 milhões teriam sido desviados da obra, que vinha sendo realizada com materiais de baixa qualidade e pouca durabilidade, especialmente relacionados ao asfalto, conforme apontaram auditorias dos tribunais de contas do Estado e da União. Do valor total do contrato da obra, R$ 191 milhões, a maior parte dos repasses era feita pelo governo federal ao Estado.
Na primeira etapa da operação, em novembro passado, a PF encontrou evidências de participação da Secretaria de Transportes do Estado no esquema, com ilegalidades praticadas na gestão de Oliveira.
Na ocasião, documentos apreendidos revelaram evidências como contratação de empresa fantasma e evolução patrimonial, por parte de ex-servidores do DER, incompatível com suas remunerações.
Além das buscas nos imóveis do deputado, dois servidores do Departamento de Estradas e Rodagens de Pernambuco (DER-PE) foram presos. Serão apurados os crimes de corrupção, organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato, cujas penas somadas podem ultrapassar 40 anos de prisão.