03/12/25 -http://blogfolhadosertao.com.br – Por Rodrigo Fernandes -JC
Na Refinaria Abreu e Lima, governadora buscou reverter ausência em palanque de Lula em agosto e criticou gestão anterior diante de João Campos

A governadora Raquel Lyra (PSD) aproveitou a cerimônia de inauguração da ampliação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Ipojuca, nesta terça-feira (2), para reforçar sua aproximação com o presidente Lula e enviar recados diretos à oposição, em especial ao grupo do prefeito do Recife, João Campos (PSB), que estava presente no evento, ainda que sem citá-lo diretamente.
Este foi o primeiro encontro público entre Raquel e Lula em um palanque no estado após a polêmica ausência da governadora nas agendas presidenciais ocorridas em agosto. Na época, a governadora não prestigiou o petista em eventos em Goiana e no Recife, abrindo espaço para que João se apresentasse como principal aliado do mandatário em Pernambuco.
Diante de um palanque de alta carga simbólica, Raquel fez questão de abrir o discurso lembrando que era seu aniversário de 47 anos e que escolheu comemorar a data ao lado do presidente.
“O senhor podia ter escolhido qualquer dia do ano para vir pra refinaria e escolheu a data do meu aniversário, e sou grata por isso. Tomei café da manhã com os meninos, eles estão de férias e eu vim embora para cá para passar o dia com o senhor para falar sobre parceria e solidariedade”, disse a governadora.
O discurso afetuoso em tom de gratidão foi interpretado como uma tentativa de recuperar o desgaste gerado no episódio de agosto e mostrar que ela também tem espaço ao lado de Lula, mesmo com João Campos presente e politicamente fortalecido junto ao governo federal.

Governadora Raquel Lyra na visita presidencial na Refinaria Abreu e Lima – Gabriel Ferreira/Jc ImagemAlém de fazer afagos em Lula, Raquel também usou o discurso para enviar recados políticos.
“Obrigada, presidente, por não desistir da refinaria, por não desistir de Pernambuco, por não desistir de tantas obras paralisadas, que nós encontramos mais de 400 em Pernambuco em janeiro de 2023. Mas a gente, como o senhor, não foi buscar culpados, fomos buscar só trabalhar. E obras paralisadas há muito tempo hoje viram realidade em Pernambuco”, afirmou, citando a barragem de Panelas 2, que entregaria horas depois ao lado do presidente após anos de paralisação.
Ao citar ações do seu governo, Raquel também mirou gestões anteriores. Sem pronunciar nomes ou partidos, ela fez críticas aos governos do PSB, hoje comandado a nível nacional por João Campos.
“A gente fazia reunião aqui e via essa região ter 40, 50 mil empregos de carteira assinada, e depois a gente viu essa região derrubar os empregos, a violência crescer e a fome crescer, o desalento social de órfãos de Suape, porque os investimentos que aconteceram no passado passaram muito tempo sem acontecer de novo. Mas Deus tem sempre um propósito para tudo”, disse Raquel.
‘Não vim tirar retrato’
Durante o discurso, a governadora mencionou nominalmente os ministros Rui Costa e Waldez Góes, numa demonstração de proximidade com figuras-chave do governo federal. E voltou a alfinetar João Campos ao reforçar que sua prioridade não é comunicação, mas entrega.
“Eu não vim aqui para tirar retrato nem para fazer um filme bonito. Eu vim aqui para fazer transformação, para deixar minha contribuição pra população do nosso estado, para fazer junto e para fazer diferente”, declarou.
No desfecho do evento, Raquel entregou a Lula uma bandeira de Pernambuco e pediu que registrassem uma foto dos dois segurando o símbolo estadual. O gesto foi acompanhado de uma última sinalização política, interpretada como resposta às tensões recentes com a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), cuja oposição está alinhada ao grupo de João Campos.
“Eleição se disputa na urna. Agora é a hora de cuidar do povo, de não deixar ninguém para trás”, declarou, sendo aplaudida pelo público, formado majoritariamente por trabalhadores da refinaria. Raquel Lyra ainda ganhou um “parabéns para você” da plateia, que foi acompanhado pelas autoridades no palanque.