Morre, aos 88 anos, Raminho de Oxóssi, que comandava Noite dos Tambores Silenciosos

09/12/24

Adelmo Lucena/DP

http://blogfolhdosertao.com.br

Raminho de Oxóssi morreu neste domingo (8) e a informação foi repassada através de suas redes sociais

 (Foto: Reprodução/YouTube)

Foto: Reprodução/YouTube
Severino Martiniano da Silva, mais conhecido como Raminho de Oxóssi, que conduzia a Noite dos Tambores Silenciosos, no Recife, morreu neste domingo (8), aos 88 anos. O local e a causa da morte não foram divulgados.
A informação sobre o falecimento foi divulgada na página do Instagram de Raminho de Oxóssi através de uma nota de falecimento.
“Hoje somos tomados por uma tristeza profunda, ainda incrédulos com a partida ao Orun do nosso Olorí Egbé Pai Raminho, patrimônio do Estado de Pernambuco, não era apenas uma referência religiosa, ele é e sempre será o maior da nossa nação, do nosso estado”, diz a nota de falecimento.
“Agradecemos por, absolutamente, tudo, nosso Pai que os deuses recebam o senhor com a reverência equivalente à magnitude da sua existência no Ayé, não serão poucas. Nós te amamos sempre, para sempre, e levaremos seu nome com orgulho para onde formos e onde pisarmos. Com amor, seu Egbé”, conclui a nota de pesar.
 
Quem foi Raminho de Oxóssi
Pai Raminho, como também era chamado, nasceu no Recife em 1936 e iniciou no candomblé aos dez anos de idade, no Pátio do Terço, no bairro de São José, no Recife, pelas Tias do Sítio de Pai Adão. Aos 20 anos, ele trouxe para Pernambuco o culto Jeje, que cultua os Voduns.
Ele comandou um dos maiores terreiros de Pernambuco, a Roça Oxum Opará e o Oxóssi Ibualama em Vila Popular, em Olinda. Também foi babalorixá da Nação Jeje Nagô e implantou em Pernambuco este formato de religiosidade que virou referência.
Além disso, Raminho de Oxóssi fundou o Afoxé mais antigo em funcionamento, o Ará Odé, que estava presente no Carnaval do Estado. Este leva para as ruas a cultura africana e luta contra o racismo.
Por mais de 30 anos, protagonizou a Procissão de Oxalá, as Águas de Oxalá ou Lavagem do Bonfim de Olinda, que arrastava mais de 10 mil pessoas às ladeiras da cidade.
Raminho de Oxóssi era mestre das  tradições culturais de matriz africana no estado e dava continuidade às tradições trazidas pelas Tias do Terço (Sinhá Yáyá Tia Bernardina), que organizaram a comunidade negra do Pátio do Terço, no bairro de São José.
Raminho celebrava a tradicional  Noite dos Tambores Silenciosos no Pátio do Terço, sempre realizado nas segundas feiras de Carnaval, marcado pelo encontro de batuqueiros de vários grupos de Maracatu Nação.

Deixe um comentário