Futebol de Pernambuco: Torcidas organizadas do Sport, Náutico e Santa Cruz são alvo de operação

15/11/23

Por Adelmo Lucena

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Jovem, Fanáutico e Inferno Coral continuaram atuando mesmo após o TJPE determinar a extinção oficial delas

 (Foto: Divulgação/PCPE)

 (Foto: Divulgação/PCPE)

Torcidas organizadas do Sport, Náutico e Santa Cruz foram alvo da Operação Camisa 12, da Polícia Civil de Pernambuco, nesta terça (14).
De acordo com a delegada Gabriella Nishida, elas não possuem mais o CNPJ ativo e utilizavam CPFs de membros das torcidas organizadas e CNPJs de empresas laranjas.
“Tudo para comercializar produtos não autorizados, produtos falsificados, de comercialização irregular. Fora isso, também, não faziam a emissão da nota fiscal dessas vendas”, informou.  
Segundo a corporação, a Fanáutico, a Jovem e  a Inferno Coral estão sendo investigadas desde janeiro por venderem produtos dos times de futebol falsificados e sem notas fiscais.
Na ação, os agentes cumpriram cinco mandados de busca e apreensão domiciliar. Também foi determinado o bloqueio de domínios e contas eletrônicas.Tudo isso foi expedido pela 13ª Vara Criminal da Capital.
Durante o cumprimento dos mandados, uma pessoa foi levada para a delegacia por portar uma substância entorpecente.
Na execução foram empregados 50 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães, além de dez auditores fiscais da Secretaria da Fazenda de Pernambuco.
A investigação tinha como objetivo identificar e desarticular a Associação Criminosa voltada à prática dos crimes contra a propriedade intelectual de organizações esportivas e de sonegação fiscal.
Análise
De acordo com, o delegado Raul Junges, a operação foi realizada para “asfixiar” economicamente essas torcidas.
Durante a ação, foram aprendidos artefatos usados nas brigas entre essas supostas agremiações.
“Apreendemos artefatos explosivos e bolas de gude que são usadas para a confecção desses materiais”, disse.
O delegado afirmou que houve casos recentes em que pessoas ficaram feridas.
“Teve um rapaz que perdeu a visão por causa de um desses artefatos”, afirmou.
Também foram aprendidos barrotes de madeira, que seriam usados em brigas.
Vídeos divulgados pela polícia mostram também sacolas com camisas que eram vendidas ilegalmente pelas torcidas.
Diretor da Secretaria da Fazenda de Pernambuco (Sefaz-PE), Antônio Emery afirmou que está sendo feito um levantamento a respeito dos prejuízos causados pelas torcidas aos cofres públicos.
“Isso será feito em um segundo momento da ação”, observou.
Emery disse que foram apreendidas ao menos sete maquinetas de cartão de crédito com integrantes das torcidas.
“Elas são usadas de forma irregular. Essas torcidas não existem mais nem tem CNPJ. Atuam comercialmente de forma ilegal prejudicando os clubes, os três maiores do estado”, disse.
Ele explicou que Sport, Náutico e Santa Cruz  deixam de arrecadar por causa dessas torcidas.
“Há prejuízos para todos os envolvidos e para a sociedade”,  afirmou.
Banidas
Em 18 de fevereiro de 2020, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) acatou o pedido do Governo do Estado e determinou a extinção das torcidas Fanáutico, Jovem e Inferno Coral. 
Segundo o TJPE, a sentença do juiz Augusto Sampaio Angelim ordenou a extinção dos Cadastros Nacionais de Pessoa Jurídica (CNPJ) das organizações.
Na decisão do juiz são mencionados reportagens e até livros que comprovam o comportamento violento de torcidas organizadas no Brasil e no mundo.
A solicitação do governo foi feita após um arrastão no dia 3 de fevereiro de 2020, que interrompeu a festa de 106 anos de fundação do Santa Cruz, que estava sendo realizada no pátio de mesmo nome, localizada no centro do Recife. Na ocasião, houve tumulto, disparo de balas de borracha pela Polícia Militar e detenções.
Um dia após a confusão na fundação, foi registrada uma briga em uma estação de metrô do Recife, antes de uma partida do Sport.
Na solicitação à Justiça, o Governo de Pernambuco citou os “episódios constantes de violência, vandalismo e brigas”.
No pedido, assinado pelo Procurador-Geral do Estado, Ernani Medicis, também foi solicitado, em definitivo, “a proibição do acesso, permanência ou reuniões das torcidas organizadas dentro e fora dos estádios”.

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