18/08/23
Ascom Alepe
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Os parlamentares da Comissão de Educação da Alepe aprovaram, nesta quinta, o Projeto de Resolução que propõe inscrever o militar e político Gregório Bezerra (foto) no Livro do Panteão dos Heróis e das Heroínas de Pernambuco – Fernando Santa Cruz. A proposta, apresentada pelo deputado João Paulo, do PT, recebeu o parecer favorável do relator e presidente do Colegiado, Waldemar Borges, do PSB. O socialista destacou o fato de Gregório ter dedicado a vida a um ideal e ter demonstrado coerência ao longo dos anos. Contou também ter presenciado, ainda criança, a cena que fez de Gregório Bezerra um dos mártires da ditadura militar em Pernambuco.
“Eu tive a oportunidade, eu era muito criança, de ver esse homem ser arrastado nas ruas de Casa Forte, por uma corda. Um grupo de soldados no entorno dele, batendo nele e a multidão atônita vendo aquele ato de selvageria. E eu, uma criança, sem entender nada daquilo. Depois eu vim entender o que cada ator daquela cena significava. Portanto, posso dizer que esse Gregório de fato é um herói. Me honra muito poder ser o relator dessa matéria.”
O deputado João Paulo disse que se sente inspirado por Gregório Bezerra. “Ele deixou um legado que sempre nos inspirou muito. Acho que vossa excelência, como eu e outros, sempre nos inspiramos muito na coragem, na ousadia, na resistência e também nos sonhos. De que tenhamos um mundo onde todos possam viver dignamente com emprego, com saúde, com cultura. Na verdade, as pessoas possam ser felizes.”
Gregório Lourenço Bezerra nasceu em Panelas, município do Agreste pernambucano, em 1900. Aos quatro anos, começou a trabalhar na lavoura de cana-de-açúcar. Aos nove, já havia perdido pai e mãe e migrou para o Recife para morar com a família dos fazendeiros que o empregavam com a promessa não cumprida de poder estudar. Gregório precisou morar na rua e se abrigava entre os túmulos do cemitério de Santo Amaro, na região central da cidade. Só conseguiu se alfabetizar aos 25 anos.
Ele trabalhou como carregador de bagagens, jornaleiro e operário. Começou a se interessar por política quando, ainda jornaleiro, ouvia a leitura de parte dos periódicos feita por seus colegas de profissão. Foi preso quatro vezes e passou ao todo 22 anos detido por motivos políticos. Em 1922, se alistou no Exército e posteriormente entrou para a Escola de Sargentos.
Filiou-se ao PCB – Partido Comunista Brasileiro – em 1930. Participou da Intentona Comunista, em 1935. Elegeu-se deputado estadual mais votado de Pernambuco em 1946 e teve o mandato cassado dois anos depois por ser comunista. Com o golpe militar de 1964, foi preso, submetido à violência e exibido à população, incitada a linchá-lo. Gregório eternizou no livro “Memórias” o registro de sua trajetória dedicada à luta pelos direitos da classe trabalhadora. Ele morreu em 1983.