18/06/23
Por Machado Freire
blogfolhadosertao.com.br
1- Aliados e apoiadores da oposição eram chamados de comunistas pelas oligarquias, criando um “clima” de medo no Sertão .
2- O MDB ideológico transformou-se numa ” sigla de aluguel” num total desrespeito às lideranças históricas que combateram a ditadura.
Campanha de Gonzaga Patriota para Prefeito de Salgueiro em 1976
Marcos Freire, Jarbas Vasconcelos e Roberto Freire
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O Movimento Democrático Brasileiro – MDB, teve uma importância fundamental durante a resistência e combate à ditadura militar de 1964, contribuindo de forma determinante para a retomada da democracia no País. O partido que fazia oposição ao regime de chumbo, enfrentou a Aliança Renovadora Nacional (e depois o PDS) diante de um quadro adverso, com perseguições, prisões, mortes e o sumiço de militantes de esquerda, chamados de comunistas.
Em Pernambuco, o MDB de Marcos Freire, Jarbas Vasconcelos, Mansueto de Lavor, Fernando Lyra, Cristina Tavares , Roberto Freire e Gonzaga Patriota contava com o apoio de setores da Igreja de Dom Helder Câmara , de Dom Francisco Austregésilo de Mesquita (Afogados da Ingazeira), Dom José Rodrigues ( de Juazeiro da Bahia) e dos camponeses da Zona da Mata, liderados por Francisco Julião.
Ao longo da luta dos trabalhadores e estudantes, o MDB foi criando alguns núcleos de resistência aos coronéis aliados da Arena, beneficiários do sistema na condição de representantes do governo dos generais que “usaram e abusaram” durante mais de 20 anos de opressão. A cidade de Salgueiro, por ser a mais central do Estado e particularmente do Sertão, era sempre visitada pelas lideranças de esquerda que vez por outra se encontravam com as bases visando maior articulação em busca da liberdade, a partir da luta pelas Diretas Já e o voto para prefeitos das capitais.
Com os avanços conquistados nas ruas e nas urnas ( na eleição para o Senado e Prefeitos das capitais), o poder dominante impôs a figura odiosa do instituto da sublegenda. Foi ai que surgiram a Arena 1 e a Arena 2, que eram a mesma coisa e contribuíam para aumentar ainda mais o “poder de fogo’ das oligarquias que tinham direito a crédito dos bancos oficiais (Bandepe, Caixa, BB e BNB) e a Sudene. Muitos desses “clientes” não honravam os compromissos.
Em Salgueiro, o sistema contava como o apoio dos políticos com origem nas famílias Sá e Sampaio, que sempre levaram vantagem na política local desde os tempos da “República Velha” , do Estado Novo, da Ditadura de Vargas, etc. As duas famílias ainda fingem ser oponentes, mas se entrelaçaram por toda vida.
O MDB começou a “respirar” depois das primeiras vitórias alcançadas nas urnas. O ex-padre Mansueto de Lavor – nascido em Serrita, foi eleito primeiro deputado estadual da oposição no Sertão numa dobradinha para deputado federal com Roberto Freire, com base em Olinda. O advogado Gonzaga Patriota – filho de Sertânia e radicado em Salgueiro (onde chegou como funcionário da Rede Ferroviária Federal-Refesa) fundou o diretório do MDB e junto com um grupo de jovens trabalhou para expandir o movimento das oposições, criando diretórios do partido em todos os municípios do Sertão Central e da Região.
Além de Gonzaga Patriota, do seu irmão -e também advogado e ex-vereador Alvinho Patriota, o movimento de esquerda em Salgueiro contou com a participação dos saudosos Antonio Lopes Basílio, José Berlamino Ângelo (eleito primeiro vereador do MDB em Salgueiro), Abmael Pereira de Lucena, José Alves e o advogado Deusdete Severino Silva. Alguns históricos que podem ser lembrados como “raizes da esquerda” em Salgueiro encontram-se: João José de Souza (João da ótica) Geraldo do Bode, Francisco Pedro dos Anjos (Chico Pedro) e Machado Freire, além de algumas dezenas de cidadãos e cidadãs que não podem ser citados para evitar retaliações de seus familiares que por ventura ocupam cargos públicos. O ranço político persiste, apesar da queda (oficial) da ditadura.
Participação de Alvinho Patriota
O MDB/PMDB contou com a participação efetiva do advogado Alvinho Patriota em um bom período -antes e depois da redemocratização do País. Nas eleições de 1982, numa disputa desigual onde teve como vice a doméstica Clarinha como candidata a vice-prefeita (primeira mulher a participar de uma disputa para o Executivo no município). O partido somou 1.086 votos para a majoritária e elegeu o comerciário José Belarmino Ângelo (Paubrica) para o primeiro vereador emedebista de Salgueiro.
Já no pleito municipal de 1988 (com os partidos de oposição divididos) Alvinho Patriota foi indicado pela maioria dos convencionais para disputar a Prefeitura de Salgueiro e obteve 1.853 votos. A divisão dos partidos de oposição (Creuza Pereira, Alvinho Patriota, José Barbosa e Antonio Nelson) contribuiu para a vitória de Cornélio Parente Muniz, filiado ao PDS, levando-o a conquistar o segundo mandato de prefeito.
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Desacreditado no País inteiro, o PMDB de Marcos Freire, Jarbas Vasconcelos e Dr, Ulisses Guimarães, entre outras lideranças históricas no Brasil e em Pernambuco – a agremiação à qual eram filiados os deputados sertanejos históricos Mansueto de Lavor e Gonzaga Patriota foi seriamente prejudicado com as alianças e flexibilizações ocorridas a partir do governo de José Sarney, considerado o “rei da inflação”.
Claro que o crescimento do Partido dos Trabalhadores – PT, dividiu as esquerdas obrigando emedebistas históricos a migrarem para o PSB, PDT e PCdoB, entre outros partidos que se aliaram formal e informalmente ao PT.
O PMDB desfigurou-se e desqualificou-se ao ponto de ter como lideranças nacionais as figuras de Renan Calheiros , Eduardo Cunha e Fernando Bezerra Coelho. No PMDB de Salgueiro a situação não poderia ser diferente: nas eleições de 2016, o partido teve como candidato a prefeito o comerciante do ramo de funerária (sem nenhum histórico político em sua vida) Clebel Cordeiro, que teve como vice o desembargador aposentado Chico Sampaio, reconhecidamente como de direita e filiado ao DEM, partido que sucedeu o PDS e a Arena.
Apesar da vitória da chapa majoritária, o PMDB e o DEM elegeram apenas dois vereadores: Pedro de Compadre (PMDB) e Augusto Matias, pelo DEM. Já na eleição de 2020 – quando Clebel Cordeiro perdeu a reeleição numa revanche com Marcones Sá (que obteve uma maioria de 426 votos), o PMDB não apresentou nenhum candidato a vereador, uma prova inequívoca de que a agremiação que tinha sido controlada na maioria do Sertão pela família de Petrolina era “meramente cartorial”, tanto que o hoje deputado estadual Jarbas Filho – filho do senador licenciado Jarbas Vasconcelos, foi eleito pelo Partido Socialista Brasileiro – PSB.
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Jarbas Filho fecha parceria com prefeito de Salgueiro
Folhape
O deputado estadual Jarbas Filho (PSB) esteve nesta quinta-feira (15/6) na cidade de Salgueiro, Sertão Central, sua mais nova base eleitoral. A convite do prefeito Marcones Sá (PSB), o parlamentar participou da entrega do Parque Dr. Assis, uma homenagem ao falecido médico conceituado do município.
Com um espaço de convivência, parque infantil e anfiteatro, o novo equipamento da cidade foi construído pelo Grupo Rocha e repassado aos cuidados da Prefeitura de Salgueiro. Durante a inauguração, Marcones Sá apresentou o deputado aos salgueirenses. O parlamentar aproveitou a oportunidade para cumprir sua primeira agenda na cidade e reafirmar sua parceria com o gestor.
“Estou muito feliz com essa nova parceria. Venho cumprir minha primeira agenda em Salgueiro e garanto que estaremos aqui muitas outras vezes. Aqui, o povo é simpático, hospitaleiro e pode contar com meu trabalho e dedicação. Eu e o prefeito Marcones Sá vamos fazer muito por esse povo”, afirmou o deputado.
Nota da Redação:
Prefeito não conta com o apoio (total) do seu grupo na Câmara de Vereadores
Trata-se de mais uma definição de que o MDB morreu e permanece insepulto e que o prefeito de Salgueiro não continuará sem contar com uma “legítima” representação do Município na Assembleia Legislativa, sem desmerecer , em nenhuma hipótese, o deputado Jarbas Filho que recebe agora, o apoio do prefeito Marcones Sá.
O que se tem a registrar, a propósito do novo fato é que embora esteja no terceiro mandato -e que seu grupo (dividido na Câmara Municipal) não consegue reunir condições políticas para eleger um representante legítimo do município (ou de sua ala política) no Legislativo estadual. E a cada eleição a situação se torna mais difícil.
Basta ver que pleito passado a vereadora Eliane Alves – apoiada pele prefeito para deputada estadual, não obteve a votação suficiente para a conquista de um mandato. A parlamentar não contou com o apoio total do grupo e de sua bancada na Casa Epitácio Alencar.