03/05/23
Por Vinicius Lucena
blogfolhadosertao.com.br
– PF descobriu no clube um esquema envolvendo autorizações de CACs (Caçadores, atiradores e colecionadores) de forma ilegal
-Armas apreendidas numa operação da Polícia Federal foram entregues para uso provisório da Polícia Militar de Pernambuco nesta terça-feira (2). São 1.549 dos 2.555 fuzis, pistolas, revólveres e outras armas eram do CTA Clube de Tiro, maior clube de tiro do Brasil, que fica em Caruaru, no Agreste, e foi fechado durante as investigações de comércio ilegal de armas e munições.
-De acordo com a Polícia Federal, parte das 690 mil munições apreendidas na Operação Zona Cinza também foi doada para uso provisório. O uso deste arsenal pela PM foi autorizado pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região
Um total de 1.549 armas de fogo apreendidas em um clube de tiro localizado em Caruaru, no Agreste pernambucano, durante a Operação Zona Cinza, da Polícia Federal (PF), foi entregue à Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) nesta terça-feira (2). Entre as armas apreendidas no estabelecimento e cedidas pela PF à PM, estão pistolas, fuzis, espingardas, rifles, entre outros equipamentos que serão utilizados pela corporação.
A entrega das armas aconteceu em cerimônia no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, no bairro do Derby, região central do Recife, nesta manhã. O evento contou com a presença do superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Antonio de Pádua Vieira Cavalcanti; da secretária de Defesa Social do Estado, Carla Patrícia Cunha; e do Comandante Geral da PMPE, Tibério César do Santos. Na cerimônia, as autoridades assinaram um termo registrando a doação das armas.
“É um momento significativo da operação Zona Cinza, que identificou criminosos que estavam por trás de um esquema envolvendo autorizações de CACs (Caçadores, atiradores e colecionadores) de forma ilegal. São armas de fogo que devem fazer a proteção da população e têm que estar nas mãos das forças de segurança”, comentou Antônio de Pádua.
Ao todo, a operação Zona Cinza, ocorrida em outubro do ano passado, resultou na apreensão de 2.555 armas, a maior entre as conduzidas pela corporação nos últimos dez anos. De acordo com o superintendente da PF em Pernambuco, as mais de mil armas que, em um primeiro momento, não foram destinadas à segurança pública, devem passar por um processo de avaliação antes de uma nova cessão.
A entrega das armas de forma antecipada, antes do julgamento dos alvos da operação Zona Cinza, foi autorizada pela 37ª Vara da Justiça Federal, atendendo a pedido da Polícia Federal. “As armas cedidas à PM passaram por perícias e a pertinência do uso foi avaliada por nós [da PF] e pela Secretaria de Defesa Social. Esses equipamentos, portanto, serão muito mais bem empregados e utilizados pela segurança pública do Estado”, completou o superintendente Antônio de Pádua.
Segundo a secretária de Defesa Social de Pernambuco, Carla Patrícia Cunha, a doação dos equipamentos faz com que a gestão estadual se aproxime de uma meta: a atribuição de uma arma e um colete a cada policial militar do estado. “Essa cerimônia demonstra a importância de um trabalho integrado. Tivemos a participação irrepreensível da Polícia Federal, que resultou em uma apreensão recorde. Essas armas, que ficariam depositadas, foram disponibilizadas para uso da Polícia Militar; isso só foi possível pela sensibilização do Poder Judiciário, que as liberou”, comentou a titular da pasta.
A Operação Zona Cinza
As investigações conduzidas pela PF durante a Zona Cinza identificaram a existência de um esquema ilegal de comércio de armas de fogo, por meio da “produção de documentos ideologicamente falsos”; segundo a corporação, a organização criminosamente utilizaria esses documentos para “viabilizar e dar aparência de legalidade” à venda e ao porte ilegal desses equipamentos.
O grupo também usava pessoas jurídicas como instrumentos para produzir entrevistas, vídeos e outros conteúdos para difundir publicidades ilegais para a venda, de forma a estimular o uso indiscriminado de armas de fogo e incitando a prática de crimes. Essas pessoas se diziam caçadores, colecionadores ou atiradores desportivos.
“A Secretaria de Defesa Social emitiu uma portaria dizendo que pessoas que compõem o efetivo da SDS e estejam envolvidas em práticas delituosas, sejam presas em flagrante ou investigadas terão os procedimentos priorizados pela corregedoria. A partir do momento que outra instituição – nesse caso, um juiz, em juízo – emitir um parecer sobre o assunto, a secretaria tem a obrigação de acelerar a investigação e, assim, passar, de forma muito clara, que não aceitaremos desvios de conduta”, comentou.
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