05/02/23
——————————————————————————————————————-
——————————————————————————————————————-
05/02/23
Agência Brasil
blogfolhadosertao.com.br
—
“O governo federal está trabalhando em articulação com o governo do estado, aqui de Roraima, para ter esse plano de retirada”, acrescentou a ministra. Vídeo repassado à reportagem da Agência Brasil por Júnior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’Kuana (Codisi-YY), mostra uma fila de garimpeiros se movimentando na mata, no que seria uma suposta retirada dos invasores da Terra Indígena. Segundo a ministra Sonia Guajajara, a movimentação também foi vista por indígenas em sobrevoos na região da área demarcada.
O governo de Roraima também informou ter tido acesso “a fotos e vídeos de pessoas saindo espontaneamente” de garimpo localizado na Terra Indígena Yanomami. “São homens, mulheres e crianças que, tendo conhecimento das operações que deverão ocorrer nos próximos dias, resolveram se antecipar e evitar problemas com a justiça”, informou a assessoria do Executivo estadual, em nota à imprensa.
Uma das preocupações do governo é que essa retirada não signifique invasão posterior de outras áreas, como ocorreu há 30 anos, segundo Lucia Alberta Andrade, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
“Nós, como governo federal, temos que tomar muito cuidado para que não ocorra, neste momento, o que aconteceu em 1992, quando aconteceu a desintrusão da Terra Indígena Yanomami, em que garimpeiros saíram e grande parte deles foram para a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, ou para outros garimpos ilegais que existem na Amazônia. Então, temos que ter estratégias, que não podemos compartilhar com todos vocês, para que isso não ocorra. Temos que ter vigilância maior em todas as terras indígenas”, afirmou Lucia Andrade.
Reforma de pista
Sonia Guajajara afirmou que a base aérea no Surucucu vai ser reestruturada para que possa receber aviões de maior porte. A medida vai possibilitar levar a infraestrutura para montar um hospital de campanha na região. Ela não estipulou prazo para a efetivação dessas medidas.
Ainda segundo a ministra, o governo deve viabilizar a construção de poços artesianos e estrutura de cisterna, para captar água da chuva, além de uma uma estrutura de comunicação para manter contato entre os diferentes polos da Terra Indígena. Ela também mencionou o bloqueio do espaço aéreo sobre o território, como medida efetiva já em vigor.
“Só assim a gente vai conseguir começar a ter, de fato, o resultado. Não se justifica que voos continuem sobrevoando território yanomami, sendo que aqui o estado não há nenhuma autorização para exploração de minérios”, apontou.
Mais cedo, em Boa Vista, Sonia Guajajara visitou a Casa de Saúde Indígena (Casai) e o Hospital de Campanha da Força Aérea Brasileira (FAB), e depois se reuniu com integrantes do Centro de Operações Emergenciais (COE) do governo federal. Representantes de entidades indígenas e de organismos internacionais, como a Organização Panamericana de Saúde (Opas) e os Médicos Sem Fronteiras, também estiveram presentes.
Durante a coletiva, o COE atualizou a situação de saúde dos indígenas no estado. Na Casai, há um total de 601 yanomami, entre pacientes e seus acompanhantes. Além disso, há outros 50 indígenas internados, entre Hospital Geral de Roraima (HGR) e o Hospital da Criança Santo Antonio (HCSA), ambos em Boa Vista.
“Estamos com duas equipes compostas por profissionais da Força Nacional [do SUS], uma em Auaris e outra no Surucucu, onde há uma média de 60 a 70 atendimentos diários”, informou Ernani Santos, coordenador local do COE.
MALHADA DA AREIA (VERDEJANTE) O agricultor João Inácio da Silva, com 103 anos de idade (possivelmente o homem mais velho do município de Verdejante) morreu hoje, vítima de complicações na próstata – depois de internado desde a última terça-feira no Hospital Regional de Salgueiro. O seu sepultamento está sendo realizado neste momento, neste domingo (5), no Cemitério Público que serve às comunidades dos povoados de Grossos e Malhada da Areia.
Apesar de não ter uma compleição física robusta, João Inácio era um homem forte e durante a sua longa vida não passou por muitos problemas de saúde tendo, inclusive, enfrentado a covid-19 quando já contava com mais de cem ano de idade. Ele se queixava das sequelas deixadas pela covid e principalmente de problemas na próstata nos últimos meses,, que contribuíram para “encurtar” a sua existência, disseram seus parentes.
O comerciante Martinho Freire – sobrinho -neto da viúva Luíza Antonia de Jesus (hoje com 102 anos ), disse que o idoso mais longevo de sua família (e provavelmente de Verdejante) enfrentou a covid-19, mas as sequelas causadas pela Chikungunya o deixaram debilitado por muito tempo. ” Veio a doença da próstata para deixá-lo mais fraco ainda”, completou lamentando que o seu tio-avô sempre foi um homem disposto e que enfrentava os problemas com naturalidade.
João Inácio e Luiza tiveram 4 filhos e deixaram 15 netos e 25 bisnetos.
——–
Casal mais idoso de Verdejante, João Inácio e Luiza Antonia,
nasceu depois da guerra e escapou dos ataques de Lampião
MALHADA DA AREIA (Verdejante) – O casal mais idoso de Verdejante (e provavelmente do Sertão Central), João Inácio da Silva e Luíza Antonia de Jesus -com 102 e 100 anos de vida, respectivamente, nasceu quatro anos depois da Primeira Guerra Mundial (1914/1918), tempo em que Virgulino Ferreira, o Lampião contava vinte e dois anos e estava
apenas iniciando o movimento que ficou conhecido como Cangaço e que durou 16 anos. João Inácio e Luiza, que
são primos, nasceram e se criaram no povoado Malhada da Areia (distrito de Verdejante, ex-distrito de Salgueiro) e têm origem nas famílias Freire, Pereira, Barbosa e Gonçalves. Apesar de centenários, ambos estão bem lúcidos depois de enfrentar “uma vida dura” e criaram quatro filhos: Irene, Ailton, José (falecido) e Adelina (falecida).
Irene, que está com 62 anos, mora em Malhada da Areia, enquanto Ailton reside há muito tempo em Bauru (SP).
O casal é uma espécie de “relíquia” viva, por conta da lucidez, que os permite lembrar de fatos ocorridos há mais de 60/80 anos, como os anos difíceis de seca quando famílias perdiam os filhos para a febre amarela e o sarampo e
que por falta de alimentos, era preciso recorrer a cuca de umbu, fubá do cacto Macambira, que precisava ser lavada em sete águas, por causa das toxinas que levam à morte.
“A gente tinha que deixar nossas casas, correr para as caatingas, se esconder debaixo das moitas de quebra-faca com o medo dos cabras de Lampião”, conta Luiza ao lembrar que, mesmo assim, tinha gente de sua família que enfrentava os cangaceiros.
Luiza é filha de José Alexandre Freire, que deixou muitos sucessores, como o filho Miguel Alexandre, que também faleceu. João Inácio, que tinha uma ligação estreita com o fazendeiro Siné Freire, de Carnaubeira da Penha
(morreu com 100 anos), recorda (sem muitos detalhes) de um sequestro feito na região atribuído aos cabras de Lampião. “A vítima foi Uma pessoa da família de Levino Antonio, que só foi libertada depois que foram pagos mais de dez contos de reis, dinheiro que entregue por um comerciante de Salgueiro”.
Vale lembrar que este não foi o primeiro sequestro praticado pelos cangaceiros em Verdejante. O ex-prefeito Antonio Tavares (falecido) tinha no seu arquivo informações sobre o sequestro de Davi Jacinto (um dos ancestrais da família Freire) , cujo resgate se deu com o apoio do coronel Veremundo Soares (amigo da vítima) que repassou dez contos de reis ao grupo bandoleiro.
Imagine que Davi Jacinto foi levado no lombo de um animal de Verdejante para a localidade de Preces, em Carnaubeira da Penha, distante mais de 80 quilômetros, mesma distância para
Salgueiro.