22/11/22
Por Folhape
blogfolhadosertao.com.br
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Situação aconteceu enquanto o jornalista Victor Pereira entrevistava voluntárias pernambucanas no Catar
Uma situação absurda, envolvendo a bandeira de Pernambuco, aconteceu no Catar, após o apito final de Arábia Saudita e Argentina, nesta terça-feira (22). Correspondente da Folha na Copa do Mundo, o repórter Victor Pereira conversava com voluntárias pernambucanas próximo ao Lusail Stadium, quando foram surpreendidos com a atitude de alguns policiais locais. A Fifa informou que abrirá investigação sobre o caso.
Eles apreenderam a bandeira do Estado, ao confundi-la com símbolos da causa LGBTQIA+. Além disso, confiscaram o celular de Victor, enquanto ele entrevistava as pernambucanas. O aparelho só foi devolvido, após o repórter apagar as filmagens. A bandeira pernambucana também foi recuperada, depois de provarem não ser algo relacionado ao movimento político e social proibido no país do Oriente Médio.
“Sempre que encontramos brasileiros, sempre perguntamos de onde a pessoa é. Encontramos torcedores do Recife e tirei uma foto da bandeira de Pernambuco. Quando me afastei, vi uma movimentação em cima delas. Um cara pegou a bandeira, jogou no chão e pisou em cima. Comecei a filmar. Eles viram que eu estava gravando e um deles segurou meu punho com uma mão e arrancou o celular com a outra. Disse que só iria devolver se eu apagasse o vídeo que fiz dele pisando na bandeira”, afirmou o jornalista.
“Mostrei minha credencial, disse que eu era jornalista e tinha autorização para estar ali. Ele tinha uma credencial da Fifa, mas não consegui ver o nome dele. Estávamos discutindo, ele ameaçou quebrar meu celular. Um segurança apareceu e disse que eu precisava apagar o vídeo. Falei que não iria, mas ele disse que ‘seria pior para mim’ se eu não fizesse isso. Ele mesmo apagou e devolveu o meu celular”, completou.
“O catari não vai se curvar diante dos modos sociais de vivência do Ocidente, nem tampouco o mundo ocidental deve querer impor seus costumes para o Catar. Quando a FIFA decretou que a Copa seria lá, sabia-se que ia ter essas questões. Tem que ser encontrado o mínimo ponto de equilíbrio pragmático”, completou Thales.
Vetos de protesto
Recentemente, os capitães das seleções de Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Inglaterra, País de Gales e Suíça desistiram de usar a braçadeira de capitão com a mensagem ‘One Love’, com as cores do arco-íris, em defesa à comunidade LGBTQIA+. A decisão foi por conta de ameaças da Fifa, que chegou a prometer punir com cartões amarelos qualquer jogador que usasse o acessório.
Além disso, no jogo entre Estados Unidos e País de Gales, seguranças do estádio solicitaram que torcedores galeses tirassem chapéus da organização The Rainbow Wall (o muro do arco-íris, em inglês), feitos para promover inclusão e igualdade de gênero no esporte.
A perseguição à comunidade LGBTQIA+ é um dos temas mais delicados desta edição da Copa. Isso porque a homossexualidade é ilegal no país muçulmano. Não é permitido, por exemplo, demonstrar afeto em público, seja dar as mãos, se beijar ou mesmo desfilar com a bandeira do arco íris. Cenas de carinho, inclusive entre um casal heterossexual, apesar de raras nas ruas de Doha, não são passíveis das mesmas punições.
“Nossa solidariedade ao jornalista pernambucano Victor Pereira. Victor está cobrindo a Copa do Catar e teve a bandeira de Pernambuco que carregava apreendida pelas autoridades daquele país. Os policiais enxergaram exatamente o que nossa bandeira representa: liberdade, diversidade e união. Valores que temos orgulho de levar aos quatro cantos do mundo”.