25/09/22
Estadão
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Artilharia dos candidatos também se voltou contra Lula, que não compareceu ao encontro realizado em parceria com SBT, CNN Brasil, Veja e NovaBrasil FM
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Promovido pelo Estadão e a Rádio Eldorado, em parceria com SBT, CNN Brasil, Veja e NovaBrasil FM, o debate entre candidatos ao Palácio do Planalto foi marcado, na noite deste sábado, por críticas ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, por faltar ao programa, e ao presidente Jair Bolsonaro, que disputa a reeleição pelo PL. O petista foi reiteradamente associado à corrupção, enquanto as contestações mais veementes ao atual chefe do Executivo partiram das duas postulantes mulheres ao cargo – Simone Tebet, do MDB, e Soraya Thronicke, do União Brasil.
Candidato do PDT, Ciro Gomes, que também não poupou Bolsonaro, destinou ataques mais fortes a Lula, de quem é alvo de uma campanha por voto útil para que a eleição se encerre no primeiro turno, marcado para o próximo dia 2.
Nesse cenário, o presidente demonstrou mais segurança, diferentemente de outros evento nos quais foi confrontado nesta eleição. Lula, por sua vez, optou por faltar ao debate, sob alegação de conflito de agendas.
Enquanto o debate era transmitido dos estúdios do SBT, em Osasco, o petista fazia ataques a Bolsonaro, em Itaquera, na zona leste de São Paulo. “Ele vai ser ladrão ou não quando eu tomar posse e acabar com esse sigilo”, disse Lula, em referência aos decretos de cem anos impostos por Bolsonaro a atos do governo.
O petista foi criticado por faltar ao debate antes mesmo do início do programa, que durou cerca de duas horas e contou com quatro blocos — dois deles com embates entre os candidatos e dois com perguntas feitas por jornalistas.
“A ausência do presidiário, do ex-presidiário demonstra que ele não tem compromisso com a população. Em 2018, eu não compareci por causa da facada e fui massacrado pelo PT”, afirmou Bolsonaro. Ele disse que Lula “foi muito mal” no debate realizado pela Band, no início da campanha. Já Ciro afirmou que Lula está de “salto alto”. Soraya, por sua vez, avaliou a ausência de Lula como um “ato de covardia”.
Ao longo do debate, D’Avila criticou o Supremo Tribunal Federal. “Está na hora de enquadrar o Supremo Tribunal Federal. O STF foi responsável por soltar Lula. Chega de Lula, chega desse Barrabás”, disse. Ao comentar, Simone reforçou críticas a Bolsonaro e ao orçamento secreto – esquema revelado pelo Estadão -, que ela classificou como “corrupção do governo federal”.
O clima tenso marcou o debate. Foram dez pedidos de resposta, dos quais sete foram concedidos. Orçamento secreto e casos de corrupção dominaram o encontro.
Os ataques ao governo Bolsonaro foram mais constantes e contundentes por parte das senadoras Simone Tebet e Soraya Thronicke. Logo na primeira pergunta, Tebet acusou Bolsonaro pela falta de merenda em escolas e mencionou o orçamento secreto. “Você é um péssimo exemplo porque, além de tudo, mente em cadeia nacional. Anda de jet ski e moto, não conhece a realidade do Brasil, por isso disse que o Brasil não tem fome”, afirmou.
Soraya Thronicke também entrou em embate com Bolsonaro por causa do orçamento secreto. “Desafio o senhor a mostrar e abrir todas as indicações de emenda de relator dos demais parlamentares”, disse. E acrescentou, pedindo para Bolsonaro “não cutucar onça com a sua vara curta”.
A senadora ainda ironizou o governo Bolsonaro em pergunta para Felipe d’Avila, mencionando diferentes escândalos da atual gestão. “O senhor já brincou de o que é o que é? Vou te perguntar. O que é o que é, não reajusta merenda escolar, mas gasta milhões com leite condensado. Tira remédio da farmácia popular, mas mantém a compra de Viagra. Não compra vacina para covid, mas distribui prótese peniana para seus amigos”, perguntou a candidata.
Bolsonaro acusou Soraya Thronicke de “estelionato eleitoral” e ainda defendeu as compras do Exército de remédios como Viagra e Cialis. “Me acusam de ser corrupto, mas não dizem da onde foi tirado esse dinheiro para corrupção”, disse em um dos pedidos de resposta. “Olhem para o espelho primeiro e depois venham me acusar”, completou.
Ciro Gomes e Simone Tebet ainda fizeram ataques contra voto útil, aposta de Lula para vencer a corrida já no primeiro turno e criticaram a ausência do ex-presidente no encontro.
Dobradinha Bolsonaro Kelmon
Desconhecido de grande parte do público, Padre Kelmon fez dobradinha com Bolsonaro com ataques à esquerda e defendeu pautas ideológicas, principalmente seu posicionamento contra o aborto. O candidato assumiu a cabeça de chapa após a impugnação da candidatura de Roberto Jefferson pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“O ditador da Nicarágua é amigo do pessoal do Foro de São Paulo. Eu não vi em nenhum momento esse pessoal da esquerda reclamar, falar, criticar. Todos em silêncio. São amigos, são mais do mesmo. Quando eles cometem essas atrocidades, ninguém fala nada”, disse Kelmon, ao responder pergunta de Bolsonaro sobre a proximidade de Lula a Daniel Ortega, presidente da Nicarágua.
Bolsonaro questionou, em um segundo momento, se o candidato do PTB aprovava a sua gestão. “A minha opinião é que o senhor tem ajudado muito esse país. E nós estamos vendo aqui um massacre. Eu nunca tinha visto isso na minha vida. Cinco partidos que se juntaram para bater num presidente da república com falácias e mentiras”, afirmou Kelmon. / Gustavo Queiroz, Pedro Venceslau, João Scheller, Giordanna Neves, Eduardo Gayer, Natália Coelho, Thaís Barcellos