Na presssão ! Ministério da Saúde volta a atualizar números de coronavírus no Brasil às 18h; País passa dos 700 mil casos

09/06/20

Por Estadão/folhadosertao.com

Os dados começaram a ser divulgados após as 21h na semana passada

JAILTON JR./JC IMAGEMDesde o início da pandemia, 707.412 pessoas testaram positivo para a doença no Brasil – FOTO: JAILTON JR./JC IMAGEM

O Brasil registrou, nas últimas 24 horas, mais 679 óbitos e 15.654 casos confirmados do novo coronavírus. Os dados foram atualizados às 18h30 desta segunda-feira (8) pelo Ministério da Saúde, que alterou a forma de divulgar o boletim diário da covid-19, ocultando o total de casos e de mortes. Na semana passada, durante quatro dias, os dados foram divulgados após as 21h, mas após críticas (dentro e fora do País), a pasta voltou ao horário antigo. Com os novos casos e óbitos confirmados, o País chegou a 707.412 infectados e 37.134 vítimas fatais.

Também foram confirmadas mais 6.088 recuperações da doença nas últimas 24 horas. O total de pessoas recuperadas não foi divulgado pelo Ministério da Saúde, que está sob o comando do ministro interino Eduardo Pazuello.

Durante a gestão dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, o boletim era divulgado entre 17h e 19h. No período em que Mandetta comandou o Ministério da Saúde coletivas eram realizadas diariamente para atualizar a situação do País. Quando Teich assumiu, as coletivas passaram a ser esporádicas.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a indicar que o Ministério passaria relatar apenas mortes que ocorreram nas últimas 24 horas. Mas a pasta ainda vem mantendo a metodologia de somar registros de mortes do dia às de dias anteriores. Não há previsão de quando esse método irá mudar.

Apesar de uma queda em relação aos dias passados, quando os óbitos superaram 1 mil, á de se fazer a ressalva que os números às segundas-feiras costumam ser menores, assim como do fim de semana. O Ministério já justificou que a diferença ocorre porque alguns sistemas de coletas de dados de estados e municípios não são atualizados nos finais de semanas para serem totalizados.

 Em nota, o Ministério da Saúde esclareceu que, “em adicional às informações divulgadas atualmente, em nova plataforma interativa, deve apresentar também os óbitos em suas datas de ocorrência. Atualmente, são divulgados os resultados laboratoriais notificados diariamente, independente do dia do falecimento do paciente. Há casos de resultados laboratoriais de mortes registradas há semanas, mas que contam para a contabilidade do dia”. A nova plataforma deve estar disponível nesta terça-feira (9).

O MS informou também que, os dados dos Estados que não informarem até as 16h de cada dia, serão contabilizados no boletim do dia seguinte.

Bolsonaro comemora atraso da divulgação

O atraso nos dados chegou a ser comemorado pelo presidente Jair Bolsonaro. “Olha, não interessa de quem partiu (a ordem para o atraso). Acho que é justo sair dez da noite. Sair o dado completamente consolidado”, afirmou na última sexta-feira, 5, em frente ao Palácio da Alvorada. Uma possível interferência do chefe do Executivo na divulgação do boletim foi negada nesta segunda-feira (8) durante a coletiva do Ministério da Saúde.

Bolsonaro também disse que “acabou a matéria no Jornal Nacional” sobre a doença, referindo-se ao telejornal da TV Globo, e cobrou que sejam divulgados apenas os números de pessoas que morreram naquele dia. Isso porque os dados apresentados pelo Ministério da Saúde incluem os óbitos que ocorreram em datas anteriores, mas só tiveram a confirmação de que a causa foi a covid-19 nas últimas 24 horas.

Como o jornal o Estado de S.Paulo revelou, a mudança na forma de divulgação dos dados ocorreu após Bolsonaro determinar que o número de registros ficasse abaixo de mil por dia. A solução encontrada seria divulgar apenas dados de mortes que ocorreram, de fato, durante o dia.

No informe de sexta-feira passada, o ministério ainda omitiu o número total de mortos no País desde fevereiro, quando foram registrados os primeiros casos da doença. O painel da covid-19 no site da Saúde ainda ficou fora do ar até sábado. Segundo Elcio Franco, havia “necessidade de reformulação” da página.

Partidos da oposição e a Defensoria Pública da União (DPU) chegaram a ir à Justiça para reverter o atraso e a omissão de dados sobre o novo coronavírus no País. O Ministério Público Federal abriu procedimento extrajudicial para apurar o caso.

Ministério corrige boletim desse domingo

O Ministério da Saúde informou, nesta segunda-feira (8), que corrigiu as duplicações e atualizou os dados divulgados nesse domingo (7) sobre os casos de covid-19 e mortes em decorrência da doença no Brasil. A correção só ocorreu após 15 horas de confusão nos números desse domingo (7), que contou com dois boletins diferentes.

De acordo com o órgão, o último boletim que deve ser considerado confirmou 18.912 novos casos de coronavírus e 525 pessoas que não resistiram à doença. Agora, o Brasil conta com 691.758 casos da pandemia, que atualmente tem a América Latina como epicentro, com 36.455 óbitos.

Dados divergentes

O Ministério da Saúde tinha divulgado nesse domingo (7) uma atualização sobre o novo coronavírus. O balanço, que foi enviado a imprensa às 20h37, confirmou mais 12.581 novos casos e 1.382 óbitos nas últimas 24h. O problema é que, minutos mais tarde, às 21h50, quando o site oficial foi atualizado, estes números mudaram. O número de óbitos passou a ser 525 e o de casos confirmados 18.912.

Este foi o terceiro dia desde que o Governo Federal passou a adotar um novo sistema de comunicação dos dados relacionados à covid-19, em que oculta o número total de casos confirmados, recuperados e de óbitos, disponibilizando apenas os números das últimas 24 horas. O horário de divulgação também mudou, das 17h para as 22h. A mudança repercutiu negativamente, dentro e fora do Brasil.

Nesta segunda-feira (8), o diretor executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou que a entidade acredita que o Brasil continuará a informar seus números diários sobre a pandemia de coronavírus. Ele também pediu para que “qualquer confusão que exista possa ser resolvida” em relação aos números e que os governos federal e estaduais possam continuar a se comunicar “de modo transparente com seus cidadãos a fim de acabar com essa pandemia o mais rápido possível”.

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