Ex-superintendente da PF do Rio contradiz Bolsonaro e confirma que filho dele era investigado

14/05/20

Por Bruna Andrade/blogfolhadosertao.com

Carlos Henrique Oliveira negou, contudo, ter sido questionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o assunto

 

Presidente Jair Bolsonaro

 

 O ex-superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro (RJ) Carlos Henrique Oliveira contradisse o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e confirmou, em depoimento nesta quarta-feira (13), que o filho dele, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), era investigado pela superintendência fluminense. Oliveira, contudo, negou ter sido cobrado por Bolsonaro a respeito do assunto.

“Perguntado se tem conhecimento de investigações sobre familiares do presidente nos anos de 2019 e 2020 na SR/PF/RJ disse que tem conhecimento de uma investigação no âmbito eleitoral cujo inquérito já foi relatado, não tendo havido indiciamento”, afirma o relatório do depoimento do ex-superintendente.

A apuração em questão trata dos possíveis crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral na declaração de bens nas eleições de 2018, 2016 e 2014.

“Perguntado ao depoente se, durante a sua gestão na SR/RJ lhe foi solicitado pelo presidente da República relatórios de inteligência estratégia da Polícia Federal sobre alguma temática específica pertinente ao Estado do Rio de Janeiro, disse que não, assim como não houve pedidos de relatórios de inteligência feitos pelo presidente da República por intermédio do então ministro da Justiça ou do delegado Valeixo”, declarou o ex-superintendente.

Ele foi interrogado no âmbito de inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal (PF), com base em acusações feitas pelo ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. De acordo com Moro, o presidente queria alguém “de sua confiança” comandando a corporação.

Bolsonaro vem argumentando, quando acusado de tentar interferir na PF, especialmente na superintendência do Rio de Janeiro, que não há interesse da sua parte na corporação. Segundo ele, a PF “nunca investigou” ninguém da sua família.

Oliveira também foi questionado acerca de outras investigações ligadas ao presidente, como a apuração do assassinato da vereadora pelo PSol do Rio de Janeiro, Marielle Franco — um porteiro ouvido no âmbito do processo disse que um dos acusados do crime teria ido ao condomínio do presidente na noite do crime e informado na portaria que ia à casa de Bolsonaro.

Sobre o assunto, disse apenas que o inquérito foi aberto antes da sua chegada à PF e que, como é sigiloso, não tem mais detalhes das apurações.

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