21/05/20
Por Folhapresss/blogfolhadosertao.com
Pesquisa foi feita em pacientes de 16 unidades de saúde da China e não apresentou resultados expressivos, mas Bolsonaro insiste na aplicação do medicamento usado para combater malária

HidroxicloroquinaFoto: Divulgação/MS
Dois novos estudos, publicados na respeitada revista científica britânica The BMJ, novamente não encontraram evidências de que o uso de hidroxicloroquina traga benefícios para pacientes com a Covid-19, inclusive para aqueles com casos leves e moderados. Além disso, também mais uma vez, os pesquisadores encontraram efeitos adversos no uso da droga.
Uma das pesquisas publicadas nesta quinta-feira (14) foi feita na China, com 150 pacientes com a Covid-19 (dos quais somente dois eram casos graves), entre os dias 11 e 29 de fevereiro, em 16 unidades de saúde do país espalhadas pelas províncias de Hubei (ponto inicial da pandemia), Henan e Anhui.
Os autores afirmam que se trata do primeiro estudo randomizado e com grupo controle a analisar o uso de hidroxicloroquina contra a Covid-19. A pesquisa, porém, é aberta – não há grupos “cegos” que não sabem se estão tomando o remédio de fato ou um placebo, para evitar possíveis vieses.
Entre os pacientes, 75 receberam hidroxicloroquina (1.200 mg por três dias e 800 mg diárias por até três semanas, dependendo do caso) mais o tratamento padrão, sintomático. Os outros 75 foram submetidos somente ao tratamento padrão.
Com isso, segundo os cientistas, a probabilidade de em até 28 dias a pessoas ter resultado negativo para o vírus era 85% no grupo que recebeu hidroxicloroquina e 81% no grupo de tratamento padrão, ou seja, um resultado similar.
Segundo os pesquisadores chineses, os resultados não apontaram que a hidroxicloroquina, aliada ao tratamento padrão, traga benefícios na eliminação do vírus do corpo da pessoa. Eles perceberam também mais eventos adversos gastrointestinais nos pacientes que receberam a droga.