Em reunião ministerial, turma de Bolsonaro faz graves ataques ao Congresso, ao STF, governadores e prefeitos

23/05/20

DP/agências//blogfolhadosertao.com

 

Divulgada nesta sexta-feira (22) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a gravação da reunião ministerial do dia 22 de abril, mostra o presidente Jair Bolsonaro xingando prefeitos e governadores e o ministro da Educação ameaçando às instituições democráticas, em especial o STF

Gravação é considerada peça fundamental para o inquérito que investiga suposta interferência política de Bolsonaro na PF (Foto: Reprodução)
Gravação é considerada peça fundamental para o inquérito que investiga suposta interferência política de Bolsonaro na PF (Foto: Reprodução)
O registro é considerado uma peça-chave no inquérito que apura suposta interferência política de Bolsonaro em investigações da Polícia Federal. A gravação foi citada por Sergio Moro em depoimento à PF, após deixar o cargo de ministro da Justiça e da Segurança Pública dia 24 abril, acusando o presidente da República de fazer trocas na polícia para ter acesso a documentos sigilosos.

Confira os principais pontos da gravação: 
Bolsonaro ataca chefes do executivo estaduais e municipais

Em trecho da gravação, o presidente Jair Bolsonaro aparece se exaltando ao se referir aos governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel e ao prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto. “Os caras querem a nossa hemorroida. Esse bosta do governador de São Paulo, esse estrume do governador do Rio, o bosta de um prefeito de Manaus”, afirmou Bolsonaro.

Os três vêm adotando medidas de isolamento social para a contenção da pandemia do novo coronavírus, contrariamento o posicionamento do presidente da República, que defende a abertura da economia.

Em seguida, o presidente da República disse que iria interferir em seus ministérios, caso os nomes que compõe o primeiro escalão do governo, não estivessem alinhados com os seus ideais. “Quem não aceitar as minhas maneiras, minha família, Deus, Brasil, liberdade de expressão, livre mercado, está no governo errado”, disse Bolsonaro. “Quem não aceitar isso, está no governo errado. Esperem pra 2022, né? O seu Álvaro Dias. Espere o (Geraldo) Alckmin. Espere o (Fernando) Haddad. Ou talvez o Lula, né? E vai ser feliz com eles, pô! No meu governo tá errado!”.
“Eu vou interferir em todos os ministérios, pô”, afirmou o presidente em outro trecho da gravação, ainda em referência ao corpo ministerial. “Perde o ministério quem for elogiado pela Globo, Folha… O antagonista”, continuou.

Bolsonaro faz declarações sobre interferência na PF

Em outro trecho da gravação, Bolsonaro confirma trecho transcrito e já divulgado pela Advocacia-Geral da União (AGU). Esta parte se refere às declarações, citadas por Sergio Moro, em que o presidente estaria demonstrando interesse em interferir na Polícia Federal.”Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança da ponta de linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse o presidente.

Weintraub ameça STF e parlamentares
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, fazendo ameaças aos ministros da Suprema Corte e aos parlamentares do Congresso Nacional, a quem classificou de vagabundos.

“Por mim botava esses vagabundos todos na cadeia, começando pelo STF”, disse o ministro após se referir à Brasília como “um campo de corrupçao e privilégio” e pedir para “acabar” com a capital, centro político brasileiro, onde se concentram os três pilares fundamentais para o exercício do sistema democrático: o poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
“Brasilia é muito pior do que eu podia imaginar. as pessoas aqui perdem a percepção, a empatia, a relação com o povo”, afirmou Weintraub. “(Tem que) acabar com essa porcaria que é Brasília”.
O ministro também atacaou povos povos indígenas e outros grupos étnicos. “Odeio o termo povos indíginas, odeio”, disse. “Tem que acabar com esse negócio de povos e privilégios, só existe um povo, o brasileiro”, concluiu.

Damares pede prisão de prefeitos e governadores

A ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) fez duras críticas à ação de governadores e prefeitos favoráveis à manutenção do distanciamento social e, sem dar detalhes nem informar os demais como faria isso, disse que a sua pasta já estava pedindo a prisão de alguns governadores.
“A pandemia vai passar, mas governadores e prefeitos responderão processos e nós vamos pedir inclusive a prisão de governadores e prefeitos. E nós tamo subindo o tom e discursos tão chegando. Nosso ministério vai começar a pegar pesado com governadores e prefeitos”, afirmou Damares.

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