13/01/24
Mareu Araujo
http:///blogfolhadosertao.com.br
Informações foram repassadas pela Polícia Civil, em coletiva, na tarde deste domingo (12); pai e filho estão entre as vítimas

| Foto: Ruan Pablo/DP Foto |
Informações foram repassadas pela Polícia Civil, em coletiva, na tarde deste domingo (12); pai e filho estão entre as vítimas

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13/01/24
13/01/24
Imprensa PE
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Importantes obras como a Via Metropolitana Norte e intervenções de contenção de encostas foram destravadas pela gestão estadual
O Governo de Pernambuco tem avançado em projetos de mobilidade e urbanização em todo o Estado. Por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), importantes obras foram retomadas com fluxo financeiro assegurado para atender a intervenções prioritárias. Entre os destaques estão as obras de contenção de encostas, como as realizadas em Jardim Monte Verde, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), que recebem um investimento de R$ 51,8 milhões e já alcançaram mais de 30% de execução. Outro exemplo é a ampliação do Terminal Integrado de Igarassu, também na RMR, atualmente em fase final, com recursos de R$ 31,1 milhões.
“Nosso objetivo é melhorar a qualidade de vida dos pernambucanos e fazemos isso quando aplicamos investimentos nos nossos municípios. Nos últimos dois anos, realizamos entregas e tiramos obras do papel na Região Metropolitana do Recife. Desta forma, retomamos o círculo virtuoso de crescimento em Pernambuco. E esse trabalho segue em todas as regiões para levar desenvolvimento e resolver problemas que se arrastavam por anos, como estamos fazendo com a contenção de encostas, melhoria nos terminais integrados e a conclusão do Ramal da Arena”, destacou a governadora Raquel Lyra.
“Quem percorre Pernambuco hoje vê obras do Litoral ao Sertão. São obras há muito tempo esperadas pela população e que estão transformando a infraestrutura do nosso Estado, facilitando o deslocamento ou garantindo uma vida mais digna. A obra de Jardim Monte Verde é emblemática e beneficiará diretamente mais de 5 mil pessoas residentes na localidade, além de gerar impacto positivo a mais de 23 mil pessoas nos municípios de Jaboatão dos Guararapes e do Recife”, reforçou a vice-governadora Priscila Krause.
Em parceria com o governo federal, o Estado garantiu R$ 267 milhões para a urbanização das comunidades localizadas à margem do Rio Beberibe, em Olinda, através do Novo PAC – Periferia Viva. O Governo de Pernambuco vai investir R$ 130 milhões para o desassoreamento da área, que inclui a dragagem do rio, ampliação, aprofundamento e contenção da calha e regularização das margens do Rio, além da construção de pontes ao longo do Beberibe.
Além disso, foram aprovados projetos de contenção de encostas pelo Novo PAC, abrangendo municípios como Igarassu, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Cortês e Camaragibe. Essas obras somam R$ 155 milhões, sendo R$ 97 milhões do governo federal e R$ 58 milhões do governo estadual em investimentos no programa de contenção de encostas.
“As obras de contenção de encostas realizadas pela Seduh abrangem a Região Metropolitana do Recife e a Zona da Mata Sul, áreas com alta densidade populacional e histórico de ocupação em regiões de risco. As intervenções são financiadas com recursos próprios do Estado e transferências do governo federal, beneficiando cerca de 31 mil famílias. Este investimento é quatro vezes maior do que o realizado nos anos anteriores, demonstrando um compromisso com a segurança e o bem-estar das comunidades”, detalhou a secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Simone Nunes.
MOBILIDADE – Aguardada por muitos anos, a obra da Via Metropolitana Norte, no município de Olinda, contempla o alargamento e revestimento do Canal do Fragoso. Executada pela Companhia de Habitação e Obras de Pernambuco (Cehab), tem valor total de R$ 472 milhões, sendo R$ 123 milhões de recursos do PAC, R$ 11 milhões do FGTS e R$ 336 milhões do Governo do Estado. Quando for concluída, a via atenderá a um público de aproximadamente 200 mil habitantes, sendo mais uma via de ligação entre os municípios de Paulista, Olinda e Recife, cujo traçado interliga o acesso da PE-15 à ponte do Janga (PE-001).
A primeira etapa do complexo de obras foi concluída em fevereiro de 2020 e executou 2,3 km de canal e oito pontes. A segunda etapa, que envolve a execução da Via Metropolitana Norte II, foi iniciada em 2019 e prevê o alargamento e o revestimento dos 2,2 km finais do canal, alças de acesso a PE-15, quatro pontes e 6,1 km de vias marginais que ligam a rodovia à ponte do Janga. A obra completa tem previsão de ser finalizada em dezembro de 2025.
Importante intervenção para melhorar a mobilidade e a infraestrutura na Região Metropolitana do Recife, o Corredor Norte-Sul foi contemplado com o alargamento de 2,5 quilômetros da Pan Nordestina, entregue em julho do ano passado, com o aporte de R$ 27,8 milhões. Também foi entregue o alargamento da Ponte do Canal da Malária, resultado do investimento de R$ 1,14 milhão e finalizadas os serviços de instalação de pavimento, passeio e sinalização das estações Paulista e Centro de Convenções, com investimento de R$ 3,72 milhões.
Diferentes ações beneficiam mais de 570 mil passageiros que utilizam diariamente o Sistema Estrutural Integrado (SEI) de transportes com o investimento total de R$ 112,8 milhões. Em fase final, a reforma e ampliação do Terminal Integrado de Igarassu, conta com o investimento de R$ 31,1 milhões. Também está em estágio avançado o Túnel da Abolição (R$ 2,8 milhões), que deve ser concluído até o início de fevereiro e o Giro de Quadra da UPA já foi finalizado com o aporte de R$ 5,2 milhões. Somente o Ramal da Arena, recebeu R$ 38,4 milhões e algumas obras já foram concluídas, a exemplo do Eixo 10.000 (R$ 7,01 milhões) e a terra armada do viaduto V2 (R$ 5,88 milhões).
ILUMINA PE – Ainda para garantir a melhoria na urbanização dos municípios pernambucanos, uma parceria entre o Estado e a Neoenergia promove o Ilumina PE. O programa busca substituir lâmpadas de vapor de mercúrio e sódio por tecnologia LED, priorizando áreas que tinham maiores registros de criminalidade. Somente em 2024, já foram substituídos 12,6 mil pontos de iluminação em 25 municípios. A previsão é alcançar 35 mil pontos até o final de 2026. Já foram formalizadas as quatro primeiras etapas do programa. Até 2026 está prevista a troca de 25 mil lâmpadas, com investimento total de R$ 25 milhões.
Janaina Pepeu/Secom | Hesíodo Góes/Secom | Yêdo Leonel/Secom | Rafael Bandeira/Secom
13/01/24
Por Gustavo Ribeiro
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Itamaraty divulgou nota condenando perseguição a opositores de Maduro na Venezuela. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil comunicou neste sábado (11) que acompanha com “grande preocupação” as denúncias de violação de direitos humanos contra opositores do governo do ditador Nicolás Maduro na Venezuela. Ele tomou posse na sexta-feira (10) para um mandato até 2031, obtido após uma eleição marcada por perseguições e prisões de opositores do líder chavista.
“O governo brasileiro deplora os recentes episódios de prisões, de ameaças e de perseguição a opositores políticos”, disse em nota o Itamaraty, que afirmou ser “fundamental que se garantam a líderes da oposição os direitos elementares de ir e vir e de manifestar-se pacificamente com liberdade e com garantias à sua integridade física” para a “plena vigência de um regime democrático.”
Na nota, o Itamaraty pediu que as forças políticas venezuelanas busquem diálogo e entendimento mútuo. Além disso, elogiou os gestos de Maduro para a “liberação de 1.500 detidos nos últimos meses e a reabertura do Escritório do Alto Comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas em Caracas.”
VEJA TAMBÉM:
Em conversa por telefone, Macron e Lula pedem que Maduro retome o “diálogo” com a oposição
A posse de Maduro para mais um mandato desencadeou uma série de manifestações de parlamentares e ministros no Brasil. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), classificou a posse como uma “afronta” ao povo venezuelano. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou ser “lamentável” a posse e disse que “as ditaduras suprimem a liberdade”. Ele lembrou ainda que o governo brasileiro não reconheceu a vitória do ditador nas eleições.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, também condenou o regime de Maduro. “Não é democrático um governo que se vale do aparato militar para perseguir e prender opositores”, opinou. Ministros do governo Lula também se manifestaram. Renan Filho, de Transportes, afirmou que Maduro é um “ditador incansável”. Já o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, falou que a posse é “um ataque aos princípios democráticos.”
O presidente Lula não se manifestou diretamente sobre a posse de Maduro. E, apesar de não reconhecer o resultado da eleição, enviou a embaixadora do Brasil em Caracas, Gilvânia Maria de Oliveira, ao evento de posse.

A imprensa conservadora e a direita brasileira são bastante curiosas em suas avaliações sobre as ameaças à democracia.
Exibem uma compulsiva e pungente preocupação com grandes potências militares, econômicas e geopolíticas, como Cuba e Nicarágua, por exemplo, que, como se sabe, exercem forte e solerte influência em todo o mundo.
Mesmo com o governo brasileiro não tendo reconhecido o resultado das recentes eleições e esfriado muito as relações com Caracas, após o desapontamento com o descumprimento do Acordo de Barbados, a nossa mídia, furiosa com a posse de Maduro, exige condenação enérgica do Brasil, a qual implicaria o rompimento das relações diplomáticas com Caracas e a inviabilização definitiva de quaisquer negociações com o governo “de facto” do nosso estratégico vizinho. Querem que Lula repita o erro crasso de Bolsonaro, que agravou os problemas internos da Venezuela. As draconianas sanções e o isolamento só prejudicam a população mais pobre e frágil da Venezuela.
Mas a questão central aqui é que esses países, curiosamente todos de esquerda, não representam ameaça à democracia brasileira, embora existam muitos atritos atuais entre Manágua e Brasília e Caracas e Brasília. Tampouco representam real perigo para as democracias da nossa região e para o mundo.
Quem acha que Maduro tem condições de intervir em Essequibo, por exemplo, está extremamente mal-informado ou faz “análises fake”.
Mesmo potências reais, como China e Rússia, não representam nenhuma ameaça à nossa região. Só quem teve o cérebro congelado durante a primeira Guerra Fria acredita nos cânones da segunda Guerra Fria.
Se a nossa mídia conservadora procura verdadeiras ameaças à nossa região e às nossas democracias deveria olhar para outras direções. Mais especificamente, deveria mirar para o Norte do continente americano.
Lá, está prestes a tomar posse, na maior potência do planeta, um presidente que, além de não ter compromisso algum com democracia, tanto interna quanto externamente, é escancaradamente intervencionista e expansionista.
Segundo várias organizações estadunidenses comprometidas com a defesa da democracia, como a American Progress e a American Civil Liberties Union (ACLU), Trump, baseado no Projeto 2025, da organização de extrema-direita Heritage Foundation, intentará implantar um “presidencialismo imperial” nos EUA, uma espécie de “autocracia”, à semelhança de países como a Hungria, por exemplo.
Essa agenda antidemocrática está fundamentada na “teoria unitária do Executivo”. Essa filosofia de governo, visa a minar a separação tradicional de poderes e a conferir ao Presidente controle quase completo sobre a burocracia federal, incluindo agências independentes designadas pelo Congresso, ou ainda o DOJ e o FBI.
Nesse sentido, a agenda inclui a constituição de banco de dados de pessoal leal à extrema-direita para potencialmente substituir dezenas de milhares de servidores públicos federais; uma ferramenta educacional privada online para treiná-los; e um manual com planos de transição para cada agência federal. A Heritage Foundation pretende incluir 20.000 pessoas no banco de dados e já está levando seus esforços de recrutamento para todo o país.
A ideia básica é substituir a burocracia profissional por uma burocracia fortemente politizada.
Na realidade, Trump já está dedicado, há meses, a aparelhar toda a máquina do Estado com indivíduos que, por mais desqualificados que sejam, lhe dediquem fidelidade canina. Ele quer, inclusive, que todos os funcionários públicos prestem juramento ao MAGA.
Toda, ou praticamente toda a sua equipe, é composta por gente ligada ao MAGA e às suas propostas de extrema-direita. Quadros republicanos conservadores, porém moderados e racionais, estão sendo excluídos.
Como já escrevi, é uma Armada de Brancaleone de gente desqualificada, mas que terá imenso poder para cumprir as tarefas mais estapafúrdias e de legalidade duvidosa.
Ressalte-se que a maioria de extrema-direita da Suprema Corte dos EUA proferiu, recentemente, uma decisão que abalou a democracia estadunidense e que praticamente coloca o Presidente acima da lei, pela primeira vez na história americana. A Suprema Corte, com efeito, reescreveu a constituição americana ao decidir que o Presidente é amplamente imune a processos criminais e, portanto, não pode ser responsabilizado se violar leis, ao realizar “atos oficiais”.
Faz parte também dessa agenda reacionária procurar restringir ou dificultar o voto para grupos demográficos que tendem a votar nos Democratas. Trump quase que certamente rescindirá a Ordem Executiva 14019 do Presidente Biden sobre a Promoção do Acesso ao Voto. Essa Ordem Executiva inclui medidas destinadas a mitigar barreiras para indivíduos com deficiências e melhorar a educação do eleitor e as oportunidades de registro sob a Lei Nacional de Registro de Eleitores (NVRA). Isso incidiria, majoritariamente, sobre negros, latinos e pobres em geral.
Muito provavelmente, também Trump intentará um processo do que se chama nos EUA de gerrymandering. Trata-se de controverso método de desenhar ou redesenhar os distritos eleitorais, de forma a se obter vantagens para candidatos políticos de determinado perfil. Neste caso, haveria o redesenho dos distritos eleitorais para beneficiar candidatos conservadores.
A ideia de Trump, da Heritage Foundation e do MAGA é, portanto, a de tentar consolidar e eternizar uma opção política de extrema-direita nos EUA e de limitar fortemente o escopo da democracia estadunidense.
Pois bem, nesse diapasão, o controle da informação é fundamental.
Daí a centralidade do esforço em tornar a internet e as redes sociais um território livre, não para quaisquer manifestações, como alegam Musk e Zuckerberg, mas sim para as manifestações da extrema-direita, do discurso de ódio, das fake news etc.
Ao contrário do que se alega, os algoritmos das Big Techs e das redes sociais não são neutros. São manipuláveis e manipulados por grandes interesses econômicos e valores conservadores.
Como bem argumentou Robert McChesney, em sua obra How Capitalism is Turning The Internet Against Democracy (“Como o Capitalismo está Tornando a Internet Um Instrumento contra a Democracia”), o mundo da internet é principalmente dominado pelos interesses de grandes companhias, que efetivamente moldam a rede mundial de computadores. Com efeito, essas grandes companhias, com suas tecnologias proprietárias e seu imenso poder de produzir e controlar informações, transformam a internet numa grande plataforma de afirmação crescente de seus interesses próprios e particulares, em detrimento, muitas vezes, do interesse público.
Esse processo vem se intensificando, nos últimos anos, dado o poder crescente das Big Techs em monetizar, difundir e controlar as informações não somente dos cidadãos dos EUA, mas os de todo o mundo, com algumas exceções, como os da China, por exemplo.
Há de se considerar que, com o surgimento da mal chamada “inteligência artificial”, que não é inteligência e nem artificial, como bem observa o grande neurocientista Miguel Nicolelis, os algoritmos dessas empresas se tornaram bem mais sofisticados e eficazes. Sua capacidade de produzir dissonância cognitiva e de criar realidades paralelas aumentou exponencialmente.
Para se ter uma ideia do poder dessas Big Techs, pode-se mencionar que, em 2026, os “data centers” dessas empresas consumirão 1.000 terawatts de energia elétrica, o equivalente ao consumo de todo o Japão. E, para cada consulta individual média em inteligência artificial, gasta-se cerca de meio litro de água doce, pois a rede monumental de servidores precisa ser resfriada.
Em tal sentido, a aliança de Musk e de Zuckerberg com Trump e sua agenda de extrema-direita e antidemocrática é algo extremamente preocupante. Observe-se que outras Big Techs, como a Google, por exemplo, deverão se somar a esse, assim digamos, “esforço de contrainformação”.
É por isso que Daniel Ziblatt, professor da Universidade Harvard e coautor da obra “How Democracies Die” afirmou recentemente, ao Washington Post, que: “Já estávamos, nos últimos 10 anos, em um processo de decadência democrática, mas esta eleição de Trump só vai acelerar esse declínio.”
Trump e as Big Techs pretendem criar uma espécie de “super-Goebbels” extremamente sofisticado e danoso à democracia.
Note-se que esse não é um empreendimento nacional, algo restrito aos EUA.
É, na realidade, um esforço mundial, que envolve articulação de toda a extrema-direita internacional, inclusive a brasileira.
Haverá, assim, muita pressão sobre nossa região e sobre a democracia do Brasil. Pressão gerada por forças internas, em forte articulação internacional. Uma espécie de 8 de janeiro digital, com o objetivo de atingir nossa democracia e nossa soberania.
A designação de Marco Rubio para Secretário de Estado é um péssimo sinal e já há até um pedido da Subcomissão Global de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados dos EUA à OEA, requerendo informações sobre o suposto fato de o Brasil “desrespeitar a liberdade de expressão e impor censura”. No governo Trump, isso poderá se traduzir em sanções efetivas contra nossas instituições democráticas.
No plano externo, Trump não quer aliados, quer súditos.
Por isso, da próxima vez que Trump falar em tomar a Groenlândia ou o Canal Panamá é bom não rir ou desconsiderar como mero delírio megalomaníaco, pois o verdadeiro plano é bem mais ambicioso: trata-se de tomar de assalto as democracias do mundo.
É ameaça real e ampla que requererá a reação de todos.
13/01/24
Apoiadores do petista avaliam que a desorganização da direita pode levar a uma fragmentação na eleição, além de evidenciar a perda de controle de Bolsonaro sobre o segmento
A indefinição do bolsonarismo para 2026, com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) e a multiplicação de pré-candidaturas, é vista por aliados de Lula (PT) como favorável para o campo governista, enquanto persistem dúvidas sobre a busca de reeleição pelo presidente ou a tentativa de fazer um sucessor.
Apoiadores do petista avaliam que a desorganização da direita pode levar a uma fragmentação na eleição, além de evidenciar a perda de controle de Bolsonaro sobre o segmento. Lula é tratado como o plano A do PT para a disputa, mas a decisão dependerá de fatores como saúde e vontade de concorrer.
A lista de interessados no espólio eleitoral de Bolsonaro, que está impedido de disputar eleições até 2030, ganhou reforços nos últimos dias com os anúncios do influenciador Pablo Marçal (PRTB) e do cantor Gusttavo Lima (sem partido) de que são pré-candidatos à Presidência.
O grupo de cotados já contava com os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) -único que se coloca abertamente como presidenciável-, Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSDB-RS). Há um apelo para que o campo se unifique.
Um ponto que caminha para ser consenso, de acordo com quadros influentes do universo político ouvidos pela Folha de S.Paulo -tanto no governo quanto na oposição-, é que a economia será decisiva para a competitividade de Lula. Mais do que índices oficiais, terá peso a percepção do eleitorado.
As movimentações na direita e centro-direita ocorrem sob a análise de que é remota a possibilidade de Bolsonaro reverter sua situação judicial a tempo da próxima eleição. Ao mesmo tempo, entende-se que ele é um cabo eleitoral importante, por conservar capital político.
Bolsonaro dá indicações de que repetirá a prática de Lula em 2018 de registrar candidatura como cabeça de chapa e, com a recusa da Justiça Eleitoral, ser substituído pelo vice, na época Fernando Haddad (PT). No caso de agora, o nome cotado para vice é o do filho Eduardo, deputado federal pelo PL.
A resistência de Bolsonaro em ungir um sucessor prolonga as incertezas. Tarcísio é tido como opção natural, mas mantém o discurso de que buscará a reeleição no estado, deixando aberta apenas a possibilidade de concorrer ao Planalto em 2030, quando estaria no fim do segundo mandato.
A estratégia jurídica do ex-presidente, que foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito sobre a trama para dar um golpe de Estado no país em 2022, hoje se mistura aos passos eleitorais do clã.
Bolsonaro hesita em indicar um candidato de sua preferência com o intuito de resguardar sua força política, num empenho para mobilizar a opinião pública e se armar para os embates no STF (Supremo Tribunal Federal).
Adversários do ex-mandatário enxergam as articulações de líderes da direita como tentativas de ocupar o vácuo deixado por ele, mas especulam que o número de concorrentes deve se afunilar até o ano que vem.
A eventual entrada de Gusttavo Lima, por exemplo, é vista com ceticismo. A leitura é a de que o cantor busca holofotes para impulsionar uma candidatura ao Senado, mas dificilmente teria aval de um partido relevante para uma aventura mirando o Planalto. O artista tem proximidade com Caiado.
Já as intenções de Marçal são levadas mais a sério, em virtude do potencial que ele demonstrou na eleição para a Prefeitura de São Paulo, atraindo bolsonaristas e quase chegando ao segundo turno. As ações das quais é alvo na Justiça Eleitoral e que podem torná-lo inelegível são, no entanto, um obstáculo.
A estratégia de autopreservação de Bolsonaro tem potencial para desagregar os pré-candidatos e partidos que orbitam seu nome e resultar em um racha. No cenário projetado, aliados hesitariam em embarcar no plano do ex-presidente de forçar sua candidatura, o que poderia se arrastar até perto da eleição.
O calendário dos governadores é diferente, já que, para eles, há a exigência legal de renunciar ao cargo até abril de 2026 para concorrer ao pleito nacional. No caso dos que estão no segundo mandato e não podem tentar a reeleição, esperar uma definição do ex-presidente é algo ainda menos provável.
O governador de Goiás é tido como o mais convicto em relação à candidatura e alguém pouco disposto a recuar. Apesar da aspiração nacional, Caiado é considerado um líder político ainda restrito ao plano local, o que pode ser um empecilho. O mesmo é dito sobre Zema, Ratinho e Leite.
Na seara governista, as alternativas citadas em caso de ausência do presidente nas urnas são os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Camilo Santana (Educação) e Rui Costa (Casa Civil). Também voltaram a circular rumores sobre Flávio Dino, que trocou o governo pelo STF, mas o entorno do ministro descarta a hipótese de que ele renuncie ao cargo para regressar à política partidária.
Falando sob reserva, o presidente de um partido do centrão afirma que a existência de mais candidaturas de direita seria ruim porque resultaria em ataques mútuos e complicaria alianças no segundo turno.
Já o cientista político Antonio Lavareda diz que uma aglutinação na segunda etapa fortaleceria o projeto comum, por somar as bases eleitorais de cada candidato.
“Num primeiro momento, a pulverização associada ao enfraquecimento do líder da direita no país é benéfica para o campo lulista, já que ‘desorganiza’ a ação das forças oposicionistas e torna mais difícil produzir convergências entre esses atores”, afirma ele, acrescentando que a candidatura de Lula em 2026 “depende menos de sua saúde física do que da saúde da economia brasileira”.
13/01/24

Os governos estaduais enfrentam desafios significativos na gestão de pessoas, com discrepâncias salariais e excesso de tabelas remuneratórias, segundo o Anuário de Gestão de Pessoas no Serviço Público, lançado em 2024 pelo Instituto República.org. O estudo revela que carreiras de elite, como auditores fiscais e procuradores, frequentemente recebem salários acima do teto constitucional, enquanto profissionais de menor nível contam com poucos incentivos financeiros.
Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, um auditor fiscal pode ganhar até R$ 49 mil, superando o teto de R$ 44.008,52. Bruno Carazza, professor da Fundação Dom Cabral, questiona os critérios de valorização: “Qual é o critério para se dizer que uma carreira é mais importante do que a outra? Por exemplo, a preservação da natureza no momento em que vivemos deveria ser valorizada pelo Estado, mas um gestor ambiental ganha metade do salário de um auditor fiscal”.
A falta de transparência e mecanismos de controle agrava a situação. Vanessa Campagnac, do Instituto República.org, afirma: “O Estado brasileiro é um enorme produtor de dados, com muita coisa sistematizada, mas ainda existem lacunas importantes em relação a salários. Nem todos os portais de transparência dos estados trazem informações de todas as carreiras”.
Essas desigualdades podem impactar negativamente a motivação dos servidores e o interesse em atuar no setor público. Campagnac ressalta: “A motivação extrínseca é [fazer o servidor se sentir] valorizado, reconhecido e dar ânimo para ele continuar se desenvolvendo. O profissional, por mais que seja vocacionado, vai ter problemas em receber remuneração aquém do desafio que está na mão dele”.
O cenário nos estados é mais grave do que na União. Apesar de os salários elevados de servidores do Executivo federal, é raro ter profissionais recebendo acima do teto, de acordo com especialistas. A maior remuneração é do delegado da Polícia Federal, que ganha R$ 36 mil. (Folha)