03/04/24
Blog Folhape
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Os dois líderes políticos estiveram juntos em uma agenda na periferia na Zona Norte da Capital
No texto, segundo Marília Arraes, a escolha do local teve um simbolismo. “Faremos isso na periferia do Recife, que conhece como ninguém os problemas e necessidades de nossa cidade e não em salas fechadas ou escritórios refrigerados”, afirmou. Após tecer diversas críticas a Campos na última eleição municipal, Marília relatou que “reconhecer o que é acerto é essencial para continuar avançado”. Segundo ela, desde 2022, na reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “ninguém ficou parado em cima do muro” e “superamos divergências e avançamos com a melhor opção para o Brasil”.
A condução do PSB feita pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, virou alvo de duras críticas de Marília. Um alvo da disputa entre ambos foi o comando da secretaria estadual da Juventude Socialista em Pernambuco. Na época, a então vereadora do Recife defendia a escolha de um aliado, enquanto aliados de Eduardo defendiam o nome de João Campos. A dirigente também queria disputar a eleição para o cargo de deputado federal, mas Eduardo Campos não teria liberado o projeto. Na época, Marília negou que a recusa da legenda para disputar a vaga tenha sido motivo do rompimento e reforçou suas discordância com os rumos do partido no Estado e no País.
O afastamento ficou ainda mais nítido quando o PSB apoiou Aécio Neves no segundo turno das eleições de 2014 e o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. Os movimentos da legenda foram duramente criticados por Marília.
Sem identificação e espaço no PSB, Marília deixou o partido e se filiou ao PT em 2016 para disputar a reeleição para o cargo de vereadora do Recife. Reeleita, ela endureceu o discurso contra o PSB e passou a percorrer o Estado, movimento que fortaleceu um projeto para disputar o Governo do Estado em 2018. A pré-candidatura de Arraes, contudo, foi motivo de forte embate interno no PT. A legenda acabou retirando a postulação da então petista para apoiar a reeleição de Paulo Câmara. Marília não seguiu a posição da legenda.
Eleição
O auge da rivalidade entre Marília Arraes e o PSB foi a eleição para a Prefeitura do Recife em 2020. Netos do ex-governador Miguel Arraes e primos, João Campos e Marília Arraes se enfrentaram nas urnas e protagonizaram uma disputa dura no segundo turno da corrida às urnas da Capital. Com a vitória de João Campos, a ex-deputada manteve o tom crítico ao PSB e passou a ser cotada para disputar o Governo do Estado.
Com uma nova negociação para aproximar PSB e PT, o nome de Arraes começou a ser cotado para disputar uma vaga no Senado na chapa da Frente Popular liderada por Danilo Cabral, pelo PSB. Em um movimento ousado, Marília deixou o PT e seguiu para o Solidariedade para se lançar na disputa majoritária estadual, mais uma vez, contra o PSB e com duras críticas ao partido.
No segundo turno, no entanto, a reaproximação entre Marília Arraes e seu antigo partido foi concretizada, com a benção do então candidato à Presidência da República, Lula. Na ocasião, o PSB declarou apoio ao projeto de Marília contra a governadora Raquel Lyra (PSDB). Nos bastidores, a avaliação é que a aliança foi firmada com um compromisso de apoio da ex-deputada a Campos na disputa deste ano. Os dois chegaram a cumprir uma agenda de rua juntos ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no centro do Recife. A partir dali, o caminho estava aberto para cicatrizar as feridas do passado e pavimentar um caminho para a aliança que foi concretizada nesta terça-feira (2).
Nota Oficial
Minha vida sempre foi marcada pela luta em defesa da democracia e das causas progressistas. Em 2022, quando reelegemos o presidente Lula para comandar o Brasil, conquistamos uma vitória conjunta, fruto uma frente ampla. De lá para cá, ninguém ficou parado em cima do muro. Superamos divergências e avançamos com a melhor opção para o Brasil.
Hoje, anunciamos o apoio à reeleição do prefeito João Campos e fazemos isso de onde sempre estivemos: ao lado do povo. Faremos isso na periferia do Recife, que conhece como ninguém os problemas e necessidades de nossa cidade e não em salas fechadas ou escritórios refrigerados. Faremos isso ao lado de quem sempre foi nossa prioridade, nossa gente. Foi ouvindo nossa gente, foi vendo muitos dos sonhos que nós defendemos sendo construídos e priorizados que tomamos essa decisão. Reconhecer o que é acerto é essencial para continuar avançado.
Mais do que uma aliança política, esta é uma união pelo Recife e por nossa gente. Pelo trabalho capaz de transformar vidas com a ação que chega na ponta e que dá resultado. Sigo do lado onde sempre estive, do lado certo da história e aqui segurei acompanhada de quem se propões a estar nesta mesma caminhada.
Marília Arraes