Rock pernambucano: Banda Ave Sangria é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife

20/09/23

Emanuel Bento

blogfolhadosertao.com.br

 

Projeto de Lei proposto pela vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) foi aprovado na manhã desta terça-feira (19): ‘Foram absolutamente pioneiros no que seja aquilo que a gente discute hoje como multiculturalismo, como transversalidade de ritmos e diversificação’

A banda Ave Sangria, uma das principais expoentes da música psicodélica pernambucana da década de 1970, agora é um Patrimônio Cultural Imaterial do Recife.

O Projeto de Lei nº 106/23, proposto pela vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), foi aprovado na manhã desta terça-feira (19) e segue para sanção do prefeito João Campos (PSB).

A iniciativa buscou preservar a cultura pernambucana e valorizar o papel da banda na história da música brasileira. O título de “patrimônio cultural imaterial” confere a riqueza cultural expressada por meio de práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que as comunidades, grupos e indivíduos reconhecem como parte integrante de sua cultura.

Psicodelia
HELDER TAVARES/DIVULGAÇÃOCONTINUAM Almir de Oliveira e Marco Polo Guimarães são membros-fundadores da Ave Sangria – HELDER TAVARES/DIVULGAÇÃO

“A banda Ave Sangria é uma banda que se estabelece na década de 70, no Recife, a partir da junção de alguns jovens que moravam na antiga Vila dos Comerciários, que hoje se chama Vila da Tamarineira. Essa juventude se junta para tocar o melhor rock nacional fazendo uma junção importante de ritmos pernambucanos com o rock internacional, o que deu no que nós chamamos de a ‘melhor banda psicodélica do Brasil'”, comenta Cida Pedrosa.

“Uma banda que leva esse rock absolutamente diferenciado Brasil afora e que eles são absolutamente importantes para a construção de uma música e de uma cena pernambucana. Eles foram absolutamente pioneiros no que seja aquilo que a gente discute hoje como multiculturalismo, como transversalidade de ritmos e diversificação”, completa.

 

Ao JC, Marco Polo Guimarães, membro-fundador do grupo, comenta que a aprovação representa um “reconhecimento oficial”. “Nos deu uma satisfação em receber essa homenagem. Agradecems muito à Cida, que já tinha feito antes uma seção colene em homenagem ao Ave Sangria. Accho que ela vem fazendo um trabalho muito bom na área de cultura como vereadora. É muito legal, uma satisfação imensa.”

O vocalista, único membro-fundador vivo ao lado de Almir de Oliveira, antecipa que um documentário sobre a banda começará a ser filmado em breve: “Ave Sangria: Uma Banda que Nunca Acabou”, com participação de Roger de Renor como entrevistador.

Sobre a banda
ACERVO UDIGRUDI Ave Sangria, em registro dos anos 1970, é uma das bandas do rock psicodélico pernambucano – ACERVO

A banda Ave Sangria estreou em 1974, quando lançou seu primeiro álbum (homônimo), que teve grande repercussão, mas também enfrentou a censura e a proibição da ditadura militar. A faixa “Seu Waldir” provocou indignação de setores conservadores por uma letra, cantada por Marco Polo, que narrava uma paixão por um homem mais velho.

Apesar disso, a banda continuou a se apresentar em Recife até o final de 1974, quando suspendeu suas atividades. Após 40 anos do lançamento do álbum de estreia, a banda se reuniu em 2014 para shows comemorativos, o que gerou uma série de apresentações por todo o Brasil.

Redescoberta por novas gerações através do streaming, a banda lançou o álbum “Vendavais” (2019), que contou com três integrantes da formação original e apresentou 11 músicas inéditas compostas ainda nos anos 1970.

Em maio do ano passado, a banda subiu no palco do Teatro do Parque para homenagear todos os membros já falecidos: Paulo Rafael (guitarra), Ivinho (guitarra solo), Agrício “Juliano” Noya (percussão) e Israel Semente (bateria).

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