Especial de Domingo: Bolsonaro seduz camadas médias oferecendo o poder de humilhar os mais fracos

09/10/22

Por  247

blogfolhadosertao.com.br

 

Presidente se mantém combativo por validar estrutura escravocrata, enquanto Lula fala à população subalternizada, afirma cientista política Alessandra Orofino.

 

www.brasil247.com - Alessandra Orofino
Alessandra Orofino (Foto: Leo Lemos/Divulgação)
A  economista, cientista política e ativista Alessandra Orofino afirma que a combatividade demonstrada pelo bolsonarismo nas eleições de domingo está ligada à oportunidade que o presidente dá às camadas médias da população de preservar seu poder de oprimir e humilhar os mais fracos.
Em entrevista ao programa 20 MINUTOS  a diretora do programa Greg News descreveu a força contrária exercida por Luiz Inácio Lula da Silva: “Os absolutamente oprimidos, que não experimentam no cotidiano a oportunidade de humilhar alguém, são as pessoas mais pobres, as pessoas negras e as mulheres pobres e negras. Não é à toa que aí Lula leva de braçada”.
A persistência de relações sociais remonta à herança escravocrata do Brasil, ameaçada durante os governos petistas em momentos como a promulgação, por Dilma Rousseff, da Emenda Constitucional 72, mais conhecida como PEC das Domésticas. “Ao fazer isso, a gente fez a alforria final no Brasil, e desde a primeira alforria esse é o ponto que revolta a classe média e a elite: perder a possibilidade de escravizar alguém”, interpreta.
A figura de Jair Bolsonaro se ajusta perfeitamente a tal levante antipopular, acenando com a continuidade da subalternização dos mais fracos por parte das camadas médias. Essas, por sua vez, experimentam em maior intensidade a dualidade de ter subalternos e também de ser subalternizadas, seja por um patrão ou por outra figura de poder: “É o homem que olha para uma feminista e se ressente de não poder mais bater em sua mulher.
É a patroa que olhou para a PEC das domésticas e achou que não ia mais poder ter três empregadas que dormem em casa. São figuras de autoridade espremidas, e a única coisa que dá a elas a sensação de ascensão social e status é poder oprimir o outro.” Outro exemplo são os empresários bolsonaristas flagrados ameaçando demitir funcionários que não votarem em seu candidato.

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