Advogado que voou de jatinho com Nunes Marques faturou milhões com decisões do ministro do STF

11/09/22
O Estado de S. Paulo
blogfolhadosertao.com.br

 

Advogado ligado a Kassio Nunes Marques é de associação que atua na ANP e lucrou R$ 300 milhões em honorários. Familiares de integrantes de STF e STJ também estão envolvidos

www.brasil247.com - Kassio Nunes Marques
Kassio Nunes Marques (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)

 O repórter Luiz Vassallo, do jornal O Estado de S.Paulo, divulgou nas redes sociais uma denúncia contra o advogado Vinícius Peixoto e o ministro Kássio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base em reportagem de co-autoria dele próprio.

Peixoto esteve no jatinho com Nunes Marques em viagem à Europa. O jatinho é do advogado, que bancou a viagem do ministro do STF. “O advogado que viajou com o ministro faturou centenas de milhões em honorários a partir de decisões e precedentes de Nunes Marques”, destacou Vassallo.

Segundo o jornalista, Vinícius Peixoto “usa uma associação sem fins lucrativos para atuar em nome de municípios na briga bilionária dos royalties de petróleo”. O advogado é vice-presidente da Associação Núcleo Universitário de Pesquisas, Estudos e Consultoria (Nupec).

Ainda, a denúncia destaca que “Peixoto atua em parceria com o filho de Francisco Falcão [Djaci Falcão Neto], do STJ, e o genro de Luiz Fux [Hercílio Binato de Castro], do STF. A associação funciona como um escritório de advocacia. Na prática, ganha as licitações, e repassa procurações ao trio de advogados e seus escritórios”.

A ideia é ganhar contratos sem licitação com Prefeituras, e processar a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para enquadrar estes municípios na partilha dos royalties. “Com essa prática, decisões obtidas pelo trio com uso da associação movimentaram R$ 1,5 bilhão, e vão render R$ 300 milhões em honorários”, diz o repórter.

Sobre a atuação de Kassio Nunes Marques, o jornalista destaca:

“Quase todos os casos vão parar no TRF-1. Kassio votou a favor do grupo, e também abriu importantes precedentes que ampliaram, em muito, o leque de municípios que poderiam processar a ANP. O tema tem peso, e foi citado por ele na sabatina ao STF no Senado”.

“Uma das decisões foi concedida a um município cujo contrato com a associação ligada a Peixoto é investigado pelo MP [Ministério Público] e foi suspenso pelo TCE [Tribunal de Contas]. Somente esta cidade pagou R$ 33 milhões em honorários. O julgamento é de 2017”, continua.

O jornalista ainda lembrou que Peixoto é alvo da Operação Lava Jato e foi acusado de operar propinas para o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão. “Também foi condenado por atuar de forma semelhante por royalties, com uso de uma empresa chamada Petrobonus”, destacou.

“Mesmo assim, continuou próximo de importantes famílias da política e do Judiciário. Além da parceria com familiares de ministros, ele também é sócio de um conselheiro do TCE do Rio em uma empresa de energia. A corte julga justamente os contratos da associação com as prefeituras”, concluiu.

Confira abaixo a publicação no Twitter e aqui a reportagem do Estado de S.Paulo.

A assessoria de comunicação do STF enviou a seguinte nota:

“É falsa a afirmação de que o ministro Kássio Nunes Marques proferiu, como desembargador do TRF1, decisões monocráticas em processo no qual atuou o advogado Vinicius Gonçalves Peixoto. O voto do relator da ação referente a Búzios (RJ) cita três precedentes, sendo um deles um acórdão unânime da turma que foi relatado pelo então desembargador Kassio Nunes Marques em um caso da cidade de Itapipoca (CE), em 2014. O ministro só conheceu o advogado em 2022.”

Deixe um comentário