22/04/21
Por Machado Freire
O açude público localizado no centro histórico de Salgueiro, conhecido por “Açude Velho” pode ser considerado “objeto de desprezo ” por parte do poder público municipal, a quem cabe buscar uma solução para o manancial que constitui uma reserva ecológica e que no passado “matou” a sede de muitas famílias que não contavam com outras fontes de abastecimento de água potável.
Antes da construção do Açude do Dnocs, nos idos de l960 e da construção da Adutora de Salgueiro, há mais de três décadas, a população se valia do Açude Velho que, quando secava suas reservas, as pessoas tinham como única última alternativa as cacimbas que eram feitas com muita dificuldade no porão do manancial praticamente seco.
Passado mais de meio século, a Prefeitura de Salgueiro não implementou nenhum projeto visando preservar -em condições ecológicamente corretas, aquela reserva que foi tão últil e que hoje constitui um sério problema para o meio ambiente, tendo em vista que o açude continua sendo um “depósito de esgotos” residenciais de mais de um bairro.
O Açude Velho, que hoje é um “Cartão Postal” (invertido) merece integrar (quem sabe ?) um futuro projeto paisagístico para nossa bonita cidade tão bela, com sua imagem física e urbanística tão interessante, dada sua localização, no centro histórico da Salgueiro Grande de Veremundo Soares.
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Por oportuno, lembramos (e republicamos) o protesto do professor, poeta e blogueiro salgueirense Wilson Monteiro de Lima ( de saudosa memória ) em uma poesia datada de 2006, que continua atualíssima:
Wilson Monteiro de Lima
“No centro de Salgueiro
Há lamentos de um velho açude.
Abandonado, ameaçado de extinção
Quem tantas vezes matou
A sede de um povo geme e nos gemidos,
Gritos de dor.
O homem do progresso tem os ouvidos fechados,
Pouco entende o valor da preservação.E o Açude Velho pergunta:
Onde estão os banhistas?
Onde estão os pescadores?
Onde estão os que saciaram a sede e mataram a
fome com os peixes das minhas águas?
Salgueiro segue silencioso…
O mesmo Salgueiro que cala diante de injustiças
Também não levanta a voz contra a poluição.
Dezembro/2006.”