Corrupção no MEC: Veja as evidências levantadas pela PF sobre Milton Ribeiro e pastores

24/06/22

Agência O Globo

blogfolhadosertao.com.br

Ao pedir detenção à Justiça, investigadores indicaram pagamentos como evidências de propina a grupo ligado a religiosos

Ao pedir a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, a Polícia Federal apontou a existência de uma “organização criminosa” infiltrada no Ministério da Educação (MEC) para a suposta prática de crimes contra a administração pública.

No requerimento enviado à Justiça Federal, os investigadores citam que Ribeiro cometeu “façanha criminosa” ao agir em conjunto com os pastores lobistas Arilton Moura Gilmar Santos ao “utilizar verbas públicas em contrapartida a benefícios próprios”. A defesa do ex-ministro nega qualquer irregularidade.

A investigação detectou transações financeiras suspeitas da mulher do ex-ministro, Myriam Ribeiro, do ex-assessor do Ministério da Educação Luciano Musse e do genro do pastor Moura, Helder Bartolomeu. Musse e Bartolomeu também foram presos na operação, mas liberados ontem.

A investigação da cita PF três indícios do que seriam pagamentos de propina ao grupo. Um deles foi a venda de um veículo Kia Sportage pela mulher do ex-ministro para a filha de Moura, pelo valor de R$ 60 mil. Outros dois se referem a transferências bancárias de R$ 20 mil a Musse e de R$ 30 mil a Bartolomeu. Segundo a PF, esses pagamentos foram feitos por solicitação de Moura em troca de acesso facilitado ao ministro e a verbas da pasta.

Os pedidos de recursos, segundo a investigação, foram feitos ao empresário José Edvaldo Brito, que preside o partido Avante de Piracicaba (SP). Brito disse ter conseguido uma reunião com o então ministro na sede do MEC depois de encontrar Musse em um hotel de Brasília.

Na reunião, segundo o dirigente partidário, Ribeiro gravou um vídeo para anunciar uma visita ao município paulista de Nova Odessa, cidade de 60 mil habitantes a 40 quilômetros de Piracicaba. Em troca de ter viabilizado o evento, Moura solicitou a emissão de passagens aéreas “para sua comitiva particular, da qual fazia parte Luciano Musse”, além de uma propina de R$ 100 mil “a título de colaboração”, segundo o MPF.

Musse era apontado como interlocutor dos pastores dentro do MEC e foi demitido logo após a saída de Ribeiro do governo.

A cerimônia em Nova Odessa ocorreu em agosto do ano passado e reuniu autoridades de 70 municípios da região. Ao Globo, Brito disse que durante o evento recebeu novo pedido de dinheiro por parte de Moura e relatou a um integrante do MEC. A denúncia foi então comunicada a Ribeiro, que decidiu levar o caso à Controladoria-Geral da União (CGU). O empresário, porém, disse que os pagamentos que já havia feito não se tratavam de propina, mas contribuições para atividades religiosas. Dos R$ 100 mil solicitados, ele afirmou ter tranferido R$ 67 mil a pessoas ligadas ao pastor.

— Somos cristãos e houve um pedido de doação missionária, passaram as contas e fizemos depósito — afirmou ao Globo: — Para mim isso foi um golpe, porque a gente agiu de boa vontade.

Veja as evidências levantadas pela PF

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