Pedido de expulsão do deputado Clodoaldo Magalhães repercute no PSB

Por: Lara Tôrres

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Foto: Rodolfo Barbosa/Divulgação
Um documento assinado pelos deputados federais Felipe Carreras, Danilo Cabral, Tadeu Alencar e Milton Coelho, todos do PSB, pede a expulsão de seu correligionário, o deputado estadual Clodoaldo Magalhães, ao diretório estadual do partido; ao presidente da sigla, Carlos Siqueira; ao prefeito do Recife, João Campos; e ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara. A acusação é de que atitudes do deputado “agridem a boa convivência no âmbito do partido, pelo modo traiçoeiro e desleal com que tem agido na captação de apoios com intuito de consolidar sua candidatura a deputado federal”.
Pedido de afastamento do deputado Clodoaldo Magalhães
Clodoaldo também foi visto, embora na posição de parlamentar, em eventos realizados por partidos da oposição, como um ato do pré-candidato ao governo do Estado, Miguel Coelho (DEM), que também foi visto como ato de infidelidade pelos companheiros de partido, que especularam uma busca de espaço do parlamentar em siglas da oposição. À época, o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, foi duro e declarou que quem não prezar por princípios como a fidelidade e as pautas do  partido “não encontrará ambiente nem respaldo na nossa legenda para disputar como avaliada em 2022 e certamente não terá lugar no PSB”.
De acordo com fontes do próprio PSB que decidiram falar do tema em reserva com esta repórter, Clodoaldo Magalhães chegou a ser advertido a respeito de sua conduta pelo próprio Paulo Câmara, mas não houve mudança de comportamento, o que fere o código de ética do partido e culminou com o pedido de seu desligamento.
O deputado federal Milton Coelho afirmou, em entrevista ao Diario, que o deputado Clodoaldo Magalhães “tem afrontado o código de ética do partido e a convivência com ele se tornou insuportável. Em casos como esse, só há um encaminhamento, o afastamento do filiado”.
Ele também explica que ainda não há prazo determinado para que a situação seja definida, mas que os parlamentares do partido não querem chegar ao mês de janeiro, quando será realizado o congresso estadual do PSB. A decisão, contudo, será aguardada com “serenidade”, segundo Milton, e também pode ir ao comitê de ética nacional do partido.
Outro nome forte do PSB afirmou, também em reserva, que os problemas em relação à postura de Clodoaldo já eram discutidos desde julho, inicialmente de modo informal, mas conforme a situação se agravou, medidas mais sérias se mostraram necessárias “em função de uma conduta desleal depois que ele [Clodoaldo] decidiu ser candidato a deputado federal em cima das bases históricas e orgânicas do PSB”.
A mesma fonte afirma ainda que em nenhum momento o PSB teve “uma disputa que não fosse feita com lealdade dentro de uma harmonia interna da bancada, um ajudando o outro. E ele [Clodoaldo] já se lançou candidato avançando nas bases desse conjunto que hoje representa o PSB no Congresso Nacional (…) cinco parlamentares foram, de certa maneira, afrontados nisso aí”.
Fontes do PSB indicam também que houve a elaboração de um documento informal entregue aos presidentes estadual e nacional do PSB, além de João Campos e Paulo Câmara, alertando sobre a conduta do deputado estadual. No que diz respeito à posição do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, um membro não identificado do PSB afirma ter conversado com o dirigente da sigla informalmente a respeito. “Ele manifestou a mesma preocupação. Ele sabe que os quadros que estão levantando esse questionamento são quadros históricos. Você está falando do líder do partido [Danilo Cabral], você está falando de um cara que foi líder do partido, Tadeu Alencar,  do membro da executiva nacional do partido, que é Milton Coelho, e de Felipe Carreras que foi da juventude do PSB e hoje é presidente da comissão da Câmara dos Deputados”.
Outro importante quadro do partido lembrou que a disputa entre membros é normal, mas que “nem todos têm essa postura que o deputado vem tendo, e de forma contumaz, de forma que não se vê nem na oposição. Na política existe ética de convivência, isso faz parte de quem faz política de forma correta em busca dos seus espaços. Nenhum outro deputado, da situação ou oposição, tem tido esse tipo de comportamento”.
Clodoaldo Magalhães e a Frente Popular
Um quadro do PSB afirmou, durante entrevista em reserva, que “existe um conjunto de inquietações, não somente no PSB, mas dentro da base da Frente Popular causadas pelas movimentações dele”. A declaração acaba sendo confirmada por alguns líderes partidários que compõem o bloco político.
Ao Diario de Pernambuco, o deputado federal e presidente do PP em Pernambuco, Eduardo da Fonte, disse que o movimento dos deputados da Frente Popular “tem o nosso apoio, então não tem como a gente receber para dispor de uma vaga de deputado federal”.
Além disso, embora não se incomode diretamente com as atitudes do deputado estadual, Eduardo alega que a postura adotada pelo PP é uma forma de solidariedade aos parlamentares do PSB e enxerga certa dificuldade de inserção de Clodoaldo em outras siglas do bloco partidário.
Questionado sobre o clima na Frente Popular em relação ao deputado Clodoaldo Magalhães, Wolney Queiroz (PDT), presidente do PDT em Pernambuco,  afirmou que sempre defende o respeito entre colegas, considerando então reprovável a conduta de Clodoaldo Magalhães.
“Essa coisa de roubar bases eleitorais é uma coisa que eu sempre condenei, seja ela feita por quem for. Acho que o ambiente político fica degenerado por esse tipo de prática, não ajuda para um ambiente minimamente saudável. É falta de urbanidade”.
Sem resposta
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação do deputado estadual Clodoaldo Magalhães (PSB) em busca de respostas acerca do pedido de afastamento que ele está sofrendo. No entanto, fomos informados de que o parlamentar não foi oficialmente notificado pelo partido, nem houve decisão acerca de sua situação. Assim sendo, ele não daria declaração alguma sobre o caso por enquanto.
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